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quarta-feira, 17 de junho de 2020

IGREJA MATRIZ DE NOSSA SENHORA IMACULADA CONCEIÇÃO DE PAU DOS FERROS: sobre as máculas arquitetônicas durante os séculos

Fotografias: Fausto Fernandes, Toinho Dutra e Edna Souza

Acervo: Ponto de Memória Pau-Ferrense

Próximo ao antigo leito do Rio Apodi e cercada por árvores frondosas, como a Oiticica, por exemplo, uma capela foi construída em 1738 por Francisco Marçal. Essa capela, inicialmente, serviu de apoio às devoções e orações de pessoas que viviam em um povoado que crescia no Alto Oeste da província do Rio Grande do Norte.
No ano de 1756, a capela tornou-se matriz, tendo como padroeira Nossa Senhora Imaculada Conceição. Na metade do século XVIII, a então matriz iniciou suas atividades paroquianas e começou a realizar, sempre aos 8 dias de dezembro, missas e procissões em alusão à Senhora Padroeira.
Por estar situada no local de passagem de vaqueiros e viajantes, a Matriz de Nossa Senhora Imaculada Conceição recebia fieis de todas as localidades, tanto de vilas e povoados do RN quanto de outras províncias.
Aos poucos, o povoado foi crescendo e, em virtude de vaqueiros bravios, que esfriavam os ferros quentes que marcavam o gado em árvores às margens do Rio Apodi, o local foi, inicialmente, ficando conhecido por "Pau de Ferro", posteriormente passando a ser chamado de "Vila Cristina" (nome não oficializado) e, por último, "Pau dos Ferros".
Sob forte influência de fazendeiros, religiosos da igreja católica e deputados provinciais, Pau dos Ferros, outrora integrado à Vila de Portalegre (1761), foi elevada à categoria de Vila em 1856.
Com a elevação da Vila de Pau dos Ferros, a Igreja Matriz de Nossa Senhora Imaculada Conceição passou de uma pequena capela a um grande de templo de amor, festa e devoção à Mãe Imaculada, tendo seu estilo arquitetônico modificado durantes as décadas e século seguintes (rococó, barroco, gótico etc.).
Nos anos 2000, a Igreja Matriz, já sem nenhuma característica de sua construção inicial, é modernizada à luz do eu que considero (e acredito que seja) movimento carismático das igrejas católicas brasileiras.
Sob influência desse movimento, o belíssimo e bicentenário altar-mor da igreja foi demolido, dando espaço para uma parede que recebe uma bonita pintura da artista sacra Maria Fonseca. Junto à demolição do altar, também foi demolida a memória material do povo pau-ferrense. Por outro lado, tivemos a construção da segunda torre da igreja, que há muito era requerida pelos fies.
Quero pensar que as influências carismáticas na igreja sejam para seguir os ensinamentos do atual Papa Francisco, que vê na humildade e na prática da caridade de sua igreja o caminho para a salvação.
Eu gostaria que houvesse um tombamento histórico e arquitetônico da igreja de nossa querida cidade Pau dos Ferros, sobretudo para impedir que novos apagamentos arquitetônicos sejam feitos, mas, ao que me parece, não é somente a Senhora que é imaculada, mas também a cúria diocesana, que insiste em seguir um caminho um tanto diferente do que o Francisco (o santo) e o Francisco (o papa, e ainda não santo) nos ensinam.
Victor Rafael do Nascimento Mendes.

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