03

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A seca de 2015


Deve ser um segredo guardado a sete chaves pelos centenários sertanejos que ainda habitam naquela região, mas muitos comentam ao pé do ouvido que há, com certeza, uma profecia sertaneja preconizando que a cada cem anos uma devastadora estiagem irá assolar todas as redondezas. A seca viria destruindo e secando tudo, tangendo da vida animais e plantas, amedrontando o homem mais destemido e demonstrando todas as fragilidades dos viventes diante das forças revoltosas da natureza. Isto estava escrito num pedaço de umburana, guardado dentro de um alforje carcomido e escondido numa gruta nas proximidades da divisa entre Canindé e Poço Redondo. Conto assim porque assim me contaram.

Pois bem. Outro dia dois velhos amigos iam conversando por uma estrada e começaram a prosear sobre o assunto, e foi quando um deles parou subitamente e disse espantado: “Danou-se cumpade, pois se dizem que uma das maiores secas foi a de 1915, a quem vem aí vai ser em 2015, que é quando completa cem anos. Pelas conta, daqui a uns cinco anos ou coisinha mais”. E seguiram caminho acima, visivelmente preocupados, sem trocar mais nenhum pé de palavra.

Com efeito, a seca de 1915 foi uma das mais terríveis que já se espalhou pela região nordestina. Foi a inclemência da devastação de tudo acima e abaixo da terra, do desespero do homem e da dizimação dos rebanhos, da fome e da sede alastradas em progressão alarmante, das muitas e muitas levas de retirantes abandonando seus lugarejos já quase mortos como o próprio homem. Foi nessa estiagem que, para impedir que os retirantes se dirigissem à capital, o governo cearense criou campos de concentração nos arredores das grandes cidades, nos quais recolhia os flagelados. A varíola fez centenas de mortos no Campo do Alagadiço, próximo a Fortaleza, onde se espremiam mais de 8 mil pessoas; a falta de condições sanitárias e de comida completou o trágico quadro. O sofrimento das famílias durante essa estiagem é retratado por Rachel de Queiroz no seu romance “O quinze”, um drama instigante impondo situações dolorosas em meio à desolação provocada pela seca.

Nos dias atuais, a catastrófica previsão estava novamente prestes a acontecer no semi-árido. “De cem em cem anos virá um sol diferente dos outros, mais quente, mais abrasador e mais duradouro, e tudo o que estiver abaixo dele, seja homem, seja animal ou planta, se curvará em piedade e aflição, pois não haverá sequer uma gota d’água caindo dos céus para aliviar o sofrimento da estiagem, e tudo será seco e feio”, eis a profecia.

Em 2014 começaram a aparecer os primeiros sinais. Nesse ano, a chuva tão esperada no dia 19 de março não veio, muito menos avistava-se qualquer aparência de nuvens carregadas no horizonte.O sertanejo acredita que se chover nesse dia – dia de São José – é sinal de que haverá um bom inverno. Com os dias passando e as chuvas sumindo, o matuto começou logo a desconfiar de que o pior certamente viria.

Já perto do fim do ano, lá pelas vizinhanças do natal, Pedro, pai de cinco filhos pequenos, enfileirados na idade, dono de quatro vaquinhas num terreno de beira de estrada, madrugou com uma tristeza de dar dó e, após mirar o céu iluminado, decidiu buscar uma esperança numa prática muito antiga dos velhos sertanejos: procurou um ninho de rolinha pelas árvores, mas nada; só encontrou um escondido no chão. Então veio a certeza: “A rolinha sempre faz o ninho atrepado, mas como ela sabe que não vem chuva, ela faz no chão. É certeza de estiagem prolongada”.

Dito e certo, pois quando entrou o ano de 2015 a seca já começou a mostrar sua feição assustadora. A cada dia que passava as esperanças iam esvaindo-se, os tanques e cacimbas começaram a enlamear, os pastos ficaram cinzentos, os animais emagreciam e deixavam suas carcaças pelos barrancos, veio a fome, a sede, o medo. Era a seca em toda sua plenitude. João e Maria venderam tudo o que restava e foram embora desnorteados; encontraram Belarmino caído, morto, por cima da carcaça da única vaquinha que tinha; de tanto ouvir seus filhos reclamar que tinham fome, Pedro enlouqueceu e invadiu uma prefeitura, sendo preso e judiado; as ruas das cidades encheram-se de pedintes esfarrapados; ninguém mais falava de rico e de pobre. Era a socialização da miséria.

O governo federal logo criou um fundo especial de emergência para combater os problemas causados pela devastação nordestina; mais uma vez foram surgindo frentes emergenciais de trabalho para dar algum ganho ao homem carente de tudo; programas de bolsa disso e bolsa daquilo foram criados ou ampliados para atender às demandas das famílias empobrecidas; da capital, caminhões e mais caminhões chegavam com as esmolas oficiais, com o mesmo fubá de milho, feijão turbinado de veneno, arroz de quinta categoria, mortadela e alguns itens mais para enganar a fome, e principalmente o próprio homem. Políticos não arredavam o pé do lugar, pois dizem que o homem fragilizado é mais fácil de ser enganado.

Porém, diante desse quadro dantesco surgiu, enfim, uma coisa boa, uma solução para resolver dali por diante, e de uma vez por todas, as constantes ocorrências daqueles mesmos problemas: o governo federal, em parceria com os governos estaduais, já tinha um projeto pronto, de confiável eficácia, para dar um basta nas conseqüências maléficas das estiagens. Já tinha até nome: Qualidade de Vida no Convívio com a Seca. Nome bonito, assinado com caneta de ouro. No início do próximo ano, com a máxima certeza, passaria a ser desenvolvido na região.

Alguém já ouviu falar dessa mesma história? Pois é, ainda no período do Brasil Império, o Imperador Pedro II prometeu que venderia até as jóias da Coroa para resolver o problema das secas. Nem vendeu nem o problema jamais foi resolvido, mas não por falta de promessas, pois a cada nova estiagem os políticos e governantes vêm com a mesma ladainha, com a mesma conversinha de que dali em diante o sertanejo vai conviver com a seca de forma digna e proveitosa. Tudo conversa pra boi dormir, ou fechar os olhos de morte nos pastos sertanejos.

É sempre a mesma história. E assim sempre será daqui a mais cem, duzentos, trezentos anos, pois a profecias não mentem, mas os homens sim.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

RETRATOS DE FAMÍLIA I

 Uma sequência de fotos de nosso acervo  familiar, preferi escolher as em Preto e Branco pelo ar de nostalgia. Nelas estão  esse que vos fala, meus pais , irmãos e conhecidos, o desafio é: Descubra quem são, não colocarei legenda. Como eu sou mau.
 Israel Vianney Fernandes













 Hoje resolvi abrir meus arquivos pessoais com fotos em preto e branco para dar um ar mais nostálgico. São fotos minhas, de meus pais e amigos que fizeram e fazem parte de nossa vida. Curtam!    
          Israel Vianney





Acima: No sangradouro da Barragem com meus pais e uma amiga da família, Na cadeira: Eu e Betinha fernandes, no velocípede Fausta Patricia mina irmã do meio ( In memorian)
 Adicionar legenda

Casamento dos meus pais em 1962, acima, a família quando reunida,  Meus avós paternos Jose fernandes e Raimunda no meu aniversário de 01 ano, Eu sorrindo com os resentes de aniversário de 01 ano, Misturados ao eoal de uma farinhada no sítio de Vovô Jorge guedes.
Adicionar legenda

 Em sentindo relógio: Mamãe maravilhosa com Flavio meu irmão em seu aniversário e eu me metendo na foto. Papai(Fausto fernandes bancando o galã) Minha Primeira comunhão com Irmã Diva e irmã Imaculada.  Eu de calça de veludo com Maria Holanda, secretária do meu pai.
Adicionar legenda

 Papai em diversas poses, numa dessas fotos eu estou de perna linheiras..rsrsrsrs










terça-feira, 27 de janeiro de 2015

AINDA DO ALTO DO AÇUDE II

A primeira matéria sobre o bairro Alto do Açude causou uma repercussão muito positiva e um afago à toda equipe, porém muitos lembretes nos foram feitos através de e mails, telefonemas e nos encontros casuais. Realmente fomos muito limitados, massssssssssssss....aqui estamos para abordar outros ângulos do tema em questão.
 Até meados da década de 1980 o açude 25 de março era a nossa "Copacabana" nos meses em que sangrava. Era o programa predileto do Pauferrense, tomar banho no açude, se arriscar no sangradouro, flutuar sobre bóias improvisadas de câmaras de ar de pneus, cavaletes feitos de caule de bananeiras e as famosas "Cabaças"(fruto do cabaceiro). Cheguei até a  "Gazear" aula para me misturar à multidão que afluía ao 25. Quando a sangria extrapolava Hum metro de altura, o acesso ficava proibido, pois correríamos o risco de parar no mar, além do mais morto. Aconteceram vários casos de afogamento, lembro-me inclusive de um caso que envolveu dois irmãos ainda crianças que morreram juntos.  Mas desceram também vacas, ovelhas, grandes ilhas de capim, nos chamados remansos.
 O Dr: Licurgo Nunes Quarto me enviou uma foto via Facebook, possivelmente da década de 1950,maravilhosa, em que ele e alguns irmãos e amigos estão bem acomodados na parede do referido açude. Pena que não consegui transferir para ilustrar esse artigo (ainda vou tentar outras vezes). Recebi também relatos bem ilustrativos do Querido Dr: João Escolástico Filho que me motivaram  a publicação de mais uma matéria.
 Quanto aos personagens conhecidos,quero lembrar das "Alfredas", que vendiam chupetas de mel queimado com um sabor inconfundível, as "Colher de pau"(solteironas que quando insultadas jogavam excrementos pela janela: fezes, urinas e o que tivesse mais próximo). Dona Augusta sorridente que vendia deliciosos lanches à frente do patronato durante o intervalo(Principalmente as tapiocas com côco, bem úmidas) Seu Silvestre e Dona Chiquinha que chegaram aos cem anos de idade, Dona Lindalva e seu Adalto Fernandes (casal respeitadíssimo e muito religioso e conciliador, ambos falecidos), Odete de Manoel de Mocinha que vendia Alfinins e cocadas no patronato e também pelo bairro e também "Das dores" de numerosa família ,mas sempre alegre e festeira(faleceu recentemente).
 As vazantes são um capítulo à parte, pois além de riquíssimas em variedade de frutas e hortaliças, também havia capim para o gado, azeitonas pretas deliciosas, cajus, Mangas em abundância, Batata-doce, pitombas e ervas medicinais. Hoje as construções invadiram seu espaço e resta talvez  Dois por cento do que havia nos anos anteriores à década de 1990. 
 O açude , além de aterrado, recebe esgotos não tratados e tudo aquilo que era mágico, virou um filme de terror.
               Israel vianney

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

TERCINA FERREIRA DA SILVA - 100 ANOS

DSCN1200DSCN1216

Poucos são os que tem o privilégio de completar 100 anos de vida, ainda mais morando no interior do nordeste e com todas as dificuldades que são peculiares na região.
 Tercina Ferreira da silva nasceu em 03 de janeiro de 1915, no sítio saco do frade em São Miguel. Na infância, raramente brincava, era necessario trabalhar na roça. Além disso desenvolveu a arte de fazer panelas de barro (Louceira) e também tecia redes. Sua adolescência foi mais proveitosa, pois além de trabalhar muito, ia aos forrós nos sitios da redondeza, onde apreciava umas doses de cachaça e também vinho. Segundo ela era a diversão daqueles tempos.
 Casou-se na cidade de Encanto no dia 20 de janeiro de 1938 com o sr Acelino Severino da costa. Teve 17 gestações, mas dessas sobreviveram apenas 5 filhos, devido à falta de Pré-natal e de doenças corriqueiras como febres, verminoses e outras que abatiam as crianças nos primeiros meses de vida.
 Dona Tercina ficou viúva aos 82 anos e mesmo aos cem anos, com um pouco de deficiência auditiva, é completamente lúcida, lembra de fatos , pessoas , lugares que me impressionou bastante.
 A sua árvore genealógica é composta de 5 filhos, 26 netos, 42 bisnetos e 11 tataranetos.
 Por tudo isso PARABÉNS QUERIDA TERCINA! TUDO QUE VIER É SALDO.
 Israel Vianney

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

CONSIDERAÇÕES SOBRE O "ALTO DO AÇUDE" - PAU DOS FERROS




 O bairro Alto do açude em Pau dos ferros, tem uma longa história.  O nome vem  devido a existência do açude" 25 de março". O nome que antecedia não consegui encontrar, pois a atual denominação já vem desde o final do século XIX. Estranhou?.. Pois bem, o açude 25 de março foi construido em 1897, com a capacidade de 9.740,704 metros cúbicos. De lá para cá passou por alguns benefícios como  o reforço dos sangradouros, o calçamento da parede, entre outros.  foi inaugurado após a sua primeira enchente na qual recebeu o  nome de batismo " Açude 25 de março". 
  O açude abastecia a cidade e nele lavava-se roupa. Era intenso o vai e vem de pessoas transportando água em latas, cabaças e pequenos potes equilibrados na cabeça, sobre rodilhas. Utilizavam também ancoretas postas no lombo de jumentos e pipas de madeira instaladas em carroças puxadas por bois e burros. à tarde rebanhos de gado eram trazidos aos bebedouros. Lavadeiras passavam com bojudas trouxas na cabeça. 
 Naturalmente ao seu redor iniciou-se o surgimento do bairro, considerado zona rural até a década de 1960, porém sempre bem habitado.: Pela facilidade do acesso à água, pela prosperidade das vazantes  e também pela tranquilidade. Lembro-me que quando comecei a estudar o colégio mais próximo chamava-se "Grupo Rural Tarcísio maia".
 Outro fator que contribuiu para a valorização da área foi a construção do Patronato Alfredo Fernandes, inaugurado em 27 de novembro de 1953. Idealizado pelo Padre Manoel Caminha freire e com a ajuda financeira  do Sr Alfredo fernandes e outros ilustres, entre eles Monsenhor Walfredo gurgel. Começou a funcionar com a chegada das irmãs de caridade da ordem de são vicente de Paula. A superior Irmã Barreira e suas auxiliares desenvolviam trabalhos voltados para a formação religiosa, vocacional e profisional.Havia o regime de internato e externato. Hoje a instiuição passa por constantes crises financeiras. As freiras são pouqíssimas e desligadas da relidade do bairro.
  Minha família chegou ao bairro há 46 anos  e era um lugar distante do centro, formado por pequenas chácaras, por volta  da década de 1970  as construções pipocaram e realmente pudemos contar com uma vizinhança constante. 
 Atualmente o bairro é bem prestigiado com serviços dos mais diversos: Maternidade, Clinicas de Exames de alta complexidade, supermercados, salões de beleza, emfim o conforto.
Pessoas inesquecíveis: Baíca, Gentila, Sr Otávio barbeiro, Sr Elesbão Maia,  Elesbão Queiroz(fiscal do açude), Antônio de Lucas (Galã), Bernaldo pesoa de Queiroz e Terezinha Queiroz, Seu Mizael, Dona Maria Taveira, Fausto fernandes, Adélia Rêgo, Sr Antônio de Chicó, Sr Valdemar Bezerra, Dona Zefinha da Budega, Seu Manel Gago, Seu Chico Pescador, Sr Chico Nunes, Sr Antônio Barros, Seu Acrísio da Padaria, Evanda Luzia Lopes ,Vera Lucia freire, Dona Maria Florêncio e seu Pedro Florêncio, Sr Pedro do Brabo, Seu Chico Elias, Seu barnabé,  Manoel Flor,Maria nobre, Seu Euclides, Dona Amélia (Moça Velha) e muitos, muitos outros que especificarei mais à frente.
 Essa é uma das minhas homenagens momentãneas  sobre o bairro onde nasci e me criei.
         Israel Vianney



quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Consulta do Presidente da Câmara ao Tribunal de Contas do Estado poderá deixar Secretária Marta Pontes sem receber salário.


O Presidente da Câmara Municipal de Pau dos Ferros, José Gilson Rêgo Gonçalves, resolveu encaminhar ao Presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte alguns questionamentos a respeito de qual órgão seria o responsável por remunerar o vereador licenciado que, ocupando o cargo de secretário do município,optou por receber os vencimentos do seu mandato parlamentar.

Segundo as argumentações apresentadas pelo Presidente do Legislativo pau-ferrense, apesar da Lei Orgânica do Município prever que cabe ao vereador optar pela remuneração a ser percebida, a legislação é omissa quanto a quem deve arcar com o ônus de remunerar o parlamentar licenciado.

Confira abaixo os questionamentos encaminhados ao TCE-RN, via ofício:

Caso o vereador licenciado opte por receber os proventos atribuídos ao cargo de vereador, a quem cabe o ônus de remunerá-lo? A Câmara Municipal ou o Município?

Podemos dizer que além de polêmica (desnecessária?), a consulta feita pelo Presidente Gilson Rêgo ao TCE-RN deverá acarretar alguns transtornos na esfera administrativa municipal tendo em vista que a Secretária de Cultura e Turismo, Marta Pontes (vereadora licenciada), optou por ficar recebendo o seu salário de parlamentar dos cofres da Câmara de Vereadores, mas que, segundo informações, já teria sido comunicada informalmente da suspensão dos seus vencimentos, pelo menos até que haja um posicionamento oficial do órgão estadual a respeito da consulta formalizada.

Resta-nos saber se a referida secretária questionará o ato administrativo do Presidente do Legislativo no âmbito judicial ou se aguardará pela resposta do TCE, algo que poderá ocorrer tanto brevemente quanto demoradamente, dependendo dos "trâmites internos".

Pelo visto, 2015 será o ano das polêmicas no Poder Legislativo pau-ferrense.

Salve-se quem puder! 

Clique nas imagens para visualizar em tamanho maior.

ALERTA !!!

Janeiro deste ano é o mais quente desde 1917


Pela primeira vez, climatologistas admitem que mudanças climáticas globais podem estar por trás dos recordes de calor e da falta de chuva, no janeiro mais hostil para muitas regiões desde o início das medições, em 1917.

Até agora, o índice médio é de 36,8 graus Celsius, superando o recorde anterior: 36,2 graus, em 2010. Segundo o Climatempo, fevereiro deverá ser ainda mais quente, devido à pouca nebulosidade e ao aumento da exposição ao sol.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Metade dos reservatórios do Dnocs no RN estão em volume morto; situação do Açude de Pau dos Ferros é crítica 14 JAN Postado por MC

Dos 36 reservatórios do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs) no Rio Grande do Norte, 18 estão em volume morto, reserva técnica que fica abaixo do nível das comportas. Dos 10 estados em que o Dnocs mantém reservatórios, o RN só não tem mais açudes nesta situação do que o Ceará, com 25 locais com nível de água abaixo das comportas.

O Rio Grande do Norte possui atualmente a disponibilidade de 28% da capacidade de volume dos reservatórios. O quadro só é melhor do que o registrado em Minas Gerais (23%), Ceará (22%), Paraíba (18%) e Pernambuco (13%).

Os reservatórios potiguares que se encontram utilizando o volume morto são os seguintes: Açude Pau dos Ferros, Açude Mundo Novo, Açude Zangarelhas, Açude Caldeirão Parelhas, Açude Currais Novos, Açude Dourado, Açude Marechal Dutra (Gargalheiras), Açude Sossego, Açude Vinte e Cinco de Março, Açude Pilões, Açude Santana (Gangorra), Açude Umarizal, Açude Malhada Vermelha, Açude Bonito II, Açude Lucrécia, Açude Santa Cruz, Açude Santo Antônio de Caraúbas e Açude Alecrim.

Estado

Além dos açudes mantidos pelo Dnocs, de acordo com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, 15 dos 46 reservatórios estaduais estão em volume morto.

O baixo volume dos reservatórios tem agravado a situação nos municípios potiguares. Em oito cidades do estado, o quadro é de racionamento de água. A Companhia de Águas e Esgotos (Caern) informou que em todos os casos há incapacidade de fornecer água e o abastecimento tem que acontecer com carros-pipa e outras medidas emergenciais.

As cidades com colapso no abastecimento são: Luís Gomes, São Francisco do Oeste, Tenente Ananias, São Miguel, João Dias, Carnaúba dos Dantas, Paraná e Antônio Martins.

Açude de Pau dos Ferros está com menos de 2% de sua capacidade (Foto: Toinho Dutra)

PRECISAMOS DE VOSSA COLABORAÇÃO...SÉRIO!!!!!!!!!!



 O blog culturapauferrense já está no ar há quatro anos e nesse período, com pouquísimos colaboradores,conseguimos resgatar muitos fatos obscuros da história de nosso município. Considero isso apenas a ponta de um iceberg que ainda nos guarda muitas surpresas.  Nunca dispomos de verba nenhuma para deslocamento, pesquisa em arquivos,filmar documentários e agora precisamos de você leitor. Não se trata de valores monetários, mas de fatos curiosos, fotos antigas, árvores genealógicas e crõnicas do cotidiano pauferrense. NOSSA HISTÓRIA ESTÁ SEMI SEPULTADA E NOSSAS FONTES ORAIS ESTÃO PARTINDO DESSA PRA MELHOR. a HORA É ESSA. NÃO NOS APROPRIAREMOS DE PESQUISA ALHEIA, POIS OS CRÉDITOS SEMPRE FORAM E SERÃO DADOS. 
 AJUDEM-NOS!!
Contatos: israelvianney@yahoo.com.br ou pelos fones (84) 8729 7789 OU (84) 9620 8192
                              GRADECEMOS DEMAIS!!!

AGRADECENDO.

Recebi do médico e artista ETELÂNIO FIGUEREDO, 02 exemplares da revista FELC. Produzida pela Fundação Educacional Lica Claudino na cidade de Uiraúna- PB. Um ótimo exemplo de preservação da arte e cultura Local, além dos grandes nomes uiraunenses que colaboram com artigos, caso de Luiza Erundina (ex prefeita de São paulo), José Nêumane Pinto (comentarista do jornal do SBT), entre outros.  Parabéns à fundação  e muito grato querido Etelânio.
                          Israel Vianney

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

'Profetas da chuva' estão otimistas e preveem fim da estiagem no Nordeste

Colunista 

A seca que aflige o Nordeste há três anos deve se encerrar em 2015, ano de muita chuva. Essa é a previsão dos chamados “profetas da chuva”, grupo de sertanejos cearenses que fazem prognóstico do tempo com base em interpretação de elementos da natureza. Cada um dos “profetas” tem um método próprio; eles analisam formigas, cupins, abelhas, a casa do joão-de-barro ou a floração do juazeiro.

Eles se reúnem todos os anos em Quixadá, no interior do Ceará, próximo à Pedra da Galinha Choca, ponto turístico da cidade. A profecia para 2015 repete a dos anos anteriores: bom volume de chuva. Apesar de terem errado – a região Nordeste sofre estiagem há três anos –, eles se dizem otimistas com relação às chuvas e a “natureza tem dado todos os sinais com bastante clareza”, como diz João Soares.


João Soares prevê boas chuvas com base na colmeia
do moribondo de chapéu. (Foto: André Teixeira)

Tradição na natureza

João Soares afirma que vai chover muito na região com base na atividade do maribondo de chapéu, que tem esse nome porque desenvolve sua colmeia em forma de chapéu. “A casa dele está completa, um chapéu completo. Ele faz isso para se proteger da chuva, um sinal claro de que vai chover forte em breve. Nos anos anteriores a casa dele estava toda incompleta.”

O Josimar da Silva prefere observar a floração do juazeiro. Neste ano, conta ele, a floração ocorreu de forma irregular pelos galhos da árvore. “A natureza quer nos dizer que teremos meses ruins e meses bons. Não teremos um tempo direto de chuva. O bom sinal é que a floração foi grande em muitas regiões onde tem o juazeiro”, relata.

Os agricultores, principais interessados nas chuvas no sertão nordestino, formam a plateia do encontro dos profetas. José Erimatéia, plantador de feijão, teve prejuízo nos últimos anos, período de pouca chuva. Ele se diz otimista e prefere acreditar nos visionários que preveem “fartura d’água”. “Já é muito tempo de seca, quero escutar profecia boa porque seca ninguém aguenta mais.”

Profetas com esperança

O encontro dos profetas das chuvas de 2015 ocorre nos dias 9, 10 e 11 de janeiro, em Quixadá. A manhã de sábado é reservada para a parte principal do evento, quando os videntes da natureza explicam, um a um, a interpretação que tiveram das plantas e animais. Nesta edição dos 32 profetas que participam do evento, 29 afirmam que o Nordeste terá precipitações acima da média.

Em 2015, na 19ª edição do evento, os organizadores tentam tombar o encontro dos profetas como patrimônio da cultura brasileira. “Já conversamos com deputados e vereadores da região que dizem que vão dar entrada no processo de tombamento. Nós precisamos conseguir apoio. O evento custa em média R$ 12 mil e sai tudo por conta dos agricultores”, disse.

Para Élder dos Santos, um dos organizadores do evento, o maior valor do encontro dos profetas é a valorização cultural da “sabedoria popular”. “Em todas as cidades do Ceará nós temos profetas, o que fizemos foi reunir esses profetas, que são os personagens principais do evento, e valorizar as profecias deles”, diz.

A boa notícia deste ano é que a Câmara de Quixadá aprovou o segundo sábado do ano como o Dia do Profeta.

Visão científica

A previsão da chuva feita pelos "profetas" não tem respaldo científico de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). O órgão estadual deve divulgar em 23 de fevereiro o prognóstico oficial das chuvas no Ceará no ano de 2013.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015


CASARÃO JOÃO BATISTA - MARCELINO VIEIRA-RN







Em meio a paisagem natural, em plena zona rural do município de Marcelino Vieira, distante 10 quilômetros da cidade, encontra-se um imóvel que se destaca pela sua grandeza e pela sua história. Trata-se do casarão da antiga fazenda JOÃO GOMES e atual fazenda JOÃO BATISTA, construída em 1856 pelo coronel EPIFÂNIO JOSÉ FERNANDES DE QUEIROZ, natural de Pau dos Ferros, nascido a 27 de NOVEMBRO de 1799, filho de Antonio Fernandes da Silveira e de Joana Gomes do Amorim. Edificada a base de argila, com tijolos de sete quilos, cal e madeira, sem nenhuma grama de fero. Com uma altura de 52 palmos, equivalente a 11,44 metros de altura; 110 palmos de comprimento, ou seja, 24,2 metros; e 75 palmos de largura, equivalente a 16,5 metros. Com 12 repartimentos, sendo seis quartos, uma grande sala de visita, dois corredores, uma imensa cozinha, um sotão e uma capela, onde o padre BERNARDINO JOSÉ DE QUEIROZ E SÁ (20/08/1829 – 07/10/1884). Irmão do Coronel Epifânio, celebravam suas missas, cuja padroeira desse templo religioso é NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO. Esse casarão foi erguido com trabalho de 70 escravos. Na época existia uma senzala (ainda hoje se encontra um carretel (guilhotina) que servia para enfocar os escravos quando desobedeciam ao seu senhor. Ainda hoje existe um pote (foto) feito de barro, cabendo uma tonelada de legumes

BOTIJAS ENCANTADAS



botijas


A história de um povo também é feita através de seus mitos, lendas, tradições e folclore. Carira não está fora deste mundo imaginário de caiporas, lobisomens, luzernas, assombrações, botijas encantadas etc.


O mérito deste artigo não é comentar sobre a veracidade ou não desses “causos”, pois, o que interessa aqui é o saber passado de geração em geração, parte do nosso rico universo cultural.


Tenho em mente alguns desses “causos” de nossa tradição oral. Relatarei aqui dois, um contado por meu pai e outro por minha mãe, visto que é principalmente no ambiente familiar que esses contos são perpetuados.


Falarei sobre botijas, “tesouros” enterrados numa época onde o sistema bancário era deficiente quando não inexistente. Mas não é apenas do fato de serem riquezas guardadas debaixo do chão que as lendas se originaram. Uma atmosfera mágica envolve os contos sobre botijas. Há quem diga que só pessoas designadas pelo dono em vida ou “em morte” podem desencavá-las, pessoas desautorizadas podem sofrer os piores revezes na tentativa. Vale ressaltar que, como quase todos os contos de domínio público, há variações na lenda, de um lugar para outro.


O primeiro “causo” que venho relatar foi contado por meu pai, sobre um tio dele em segundo grau, conhecido como “Zé Latão”, que viveu seus últimos dias na Lagoa Verde, caminho da Genoveva. Foi “uma alma” que deu uma botija a ele no final da década de 1930, no Engenho da Jacoca, Macambira/SE. Ele foi cavoucar para tirar o dinheiro, quando estava já na terra fofa, então chegou aquele “negócio”, um redemoinho medonho com dois olhos de fogo no centro, que jogou uma baraúna em cima dele, que o fez correr, caindo mais na frente. Com tempo, “a visagem” veio de novo, e lá se vai ele novamente… Mas o tesouro desapareceu. Desencantou a botija. Da pancada da baraúna e da queda, ele acabou ficando aleijando de “um quarto”.





A outra história foi contada por minha mãe, de uma botija que uma senhora chamada Jovença havia dado à minha avó materna, que atendia pelo apelido de Dona Dodó, dos Olhos d’Água. Dona Jovença era muito amiga dela e quando de seu falecimento, no final da década de 1950, com poucos dias veio em sonho pedir-lhe para ir a sua casa, no Carira Velho (Rua de Baixo), tirar uma botija que tinha deixado debaixo de uma pedra de piso de terra batida, nos pés da cama. Dodó perguntou assim: “Como é que eu entro na sua casa?”. “Peça a chave às meninas, você vá na missa assim um dia de domingo e você dorme na casa. Aí à noite você tira o dinheiro, tá fácil.” “Eu vou pensar.” Ela pensou e teve medo de ir. A falecida apareceu novamente, e a mesma conversa se repetiu. E como segundo algumas tradições, botija dada por alma não se conta a ninguém, Dona Dodó disse ao marido, desencantando o tesouro e a visagem.


Esses são apenas alguns exemplos de nosso precioso arquivo humano, que através destas linhas pretendo não deixar que se apague por completo..


Aqui em Pau dos ferros comenta-se que um comerciante que ficou milionário do dia pra noite, deu-se pelo fato do mesmo ter encontrado uma botija..o mistério fica no ar.