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quarta-feira, 17 de junho de 2020

FREI DAMIÃO EM PAU DOS FERROS DURANTE A DÉCADA DE 70

[Com contribuições de Manoel Cavalcante e Evanda Lopes]
Fotografias: Fausto Fernandes (conforme Manoel Cavalcante)
Acervo: Ponto de Memória Pau-Ferrense
É inegável que há um misticismo e uma devoção popular ao Frade Capuchinho Frei Damião. Ele nasceu em Bozzano, Itália, no ano de 1898. Sua ordenação presbiteral ocorreu no ano de 1923. Em 1931, Frei Damião chega ao Brasil e inicia as Santas Missões Populares.
Não diferente de hoje, o solo sertanejo era castigado pela seca e pela ausência de políticas públicas, mas a presença de Frei Damião levou ao povo bênçãos, discursos católicos de fé (alguns muito conservadores, mas compreensíveis em virtude da época) e crendices populares.
Em Pau dos Ferros, a sua passagem ocorreu na década de 70 (se houve outros momentos, por favor, alguém acrescente), deixando diversas histórias que fazem parte da memória do povo pau-ferrense.
Nas duas fotografias que hoje apresento, podemos perceber, na primeira foto, a passagem de Frei Damião na Rua Lafaiete Diógenes em peregrinação com a imagem de Nossa Senhora Imaculada Conceição (De acordo com
Evanda Luzia Lopes
, não se trata de Pau dos Ferros, mas de Rafael Fernandes). A segunda fotografia registra momento de diálogo entre Frei Damião e Monsenhor Caminha Freire, em Pau dos Ferros (Evanda Lopes diz que as crianças da fotografia são: da esquerda pra direita - Chico (já é falecido, era filho de João Tomaz); Paulo Rêgo (irmão de Dr. Elpídio. Mora em Natal); e Raimundo de Ezilda (irmão de Assis da Tabacaria. Mora em Natal)).
Há muitas crenças na memória popular sobre a passagem de Frei Damião por Pau dos Ferros. Disserto sobre duas, uma coletiva e outra individual:



1. Coletiva: Frei Damião estava a celebrar uma missa na Igreja Matriz. No mesmo momento, havia uma festa com som muito alto no Pavilhão. Incomodado com o som que atrapalhava o sermão, Frei Damião tirou as sandálias dos pés, bateu a poeira e disse: "Pavilhão, tu não passarás mais do que a poeira que bato em minhas sandálias". Acreditemos, ou não, não houve mais progresso em boa parte dos comerciantes que tentaram abrir um bar no Pavilhão. Hoje, ano de 2020, o Pavilhão está fechado, sem nenhuma atividade, e não serve mais que um depósito (segundo Manoel Cavalcante, há atividades culturais no Pavilhão em determinados dias de cada mês, mas que a estrutura física carece de reparos e revitalização);
2. Individual: Minha mãe conta que, em momento de passagem de Frei Damião pela rua onde ela residia, ela levou o primeiro filho dela para ser abençoado, que na época não tinha mais que 1 ano de idade. Frei Damião olhou para criança, abençoou e disse a minha mãe: "Minha filha, esse menino não é seu, ele é de Deus". Meses depois, meu irmão faleceu.
A mística por trás dessas histórias nos leva a crer o quanto significativo foi e é Frei Damião, por diversos motivos: pelo folclore popular, busca de acalento ao sofrimento do povo sertanejo, divulgação dos preceitos religiosos etc. Não tenho dúvidas da representatividade de Frei Damião na cultura religiosa e popular do nordestino, sobretudo o pau-ferrense, mas tenho opiniões singulares sobre o que acredito.
Ficam os registros aqui da memória materializada na fotografia e no discurso.
Victor Rafael do Nascimento Mendes.

Observação: Não tenho certeza da veracidade dos fatos nas fotografias, visto que não há referências nas fontes onde encontramos.
Sugestão de leitura - Frei Damião: trajetórias de vida, missões, carisma e poderes (AGUIAR & SILVA, 2015). Disponível em: http://www.unicap.br/ojs/index.php/paralellus/article/view/659

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