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sábado, 12 de novembro de 2016

PAU DOS FERROS NAS PÁGINAS DOS LIVROS


Pesquisar. Escrever. Editar. Publicar. São quatros elementos árduos que nem todo mundo quer enfrentar, no entanto, todos precisam e, com razão, querem e têm o direito de usufruir... Tudo evoluiu, exceto os olhos do poder público e das entidades públicas e privadas para essas atividades que podem e devem, de verdade, marcar e ser preponderante na formação da identidade e da cultura de um povo. Fazendo com que até se vote melhor... eita! 

Deixando a peixeira de lado, vamos ao ano de 1956... Tempos de muita festa em Pau dos Ferros... Era o centenário de nossa cidade e o bi-centenário de nossa paróquia, a construção do Obelisco... Muita coisa. Nesse ano, parece que a cidade se emancipou literariamente, tornou-se a cidade dos livros. Foi o período em que mais se produziu literatura em Pau dos Ferros, isso mesmo, há 60 anos... Foram 4 produções em um ano só... A imagem acima é do livro "Pau dos Ferros Centenário - Sinopse -" do autor Alberto Mendes de Freitas, Editora Comercial, com prefácio do então promotor de justiça da comarca da cidade, José Fernandes Dantas, o Ministro Zé Dantas, que foi ministro do STF (Superior Tribunal Federal). O autor, Alberto Mendes, é natural de Governador Dix-Sept Rosado, mas residiu em nossa cidade, era funcionário do IBGE, à epoca, funcionário da estatística como se dizia. Depois, fora transferido para São João do Sabugi, onde lançara um livro semelhante, uma sinopse histórica, da cidade de São João do Sabugi.

                                                              Homenagem do autor

No 56 festivo, também fora lançado a "Revista Comemorativa do Bi-Centenário da Paróquia e Centenário do Município". Foram vários os organizadores e colaboradores: Cônego Manoel Caminha Freire (que depois se tornaria monsenhor), Padre Raimundo Caramuru, Dr. José Fernandes Dantas, professor Manoel Jácome de Lima, e José Guedes do Rêgo. A revista trata da história religiosa e eclesiástica da paróquia e dos 100 anos da história da cidade. 


Mais recentemente, no ano de 2015, a editora Sebo Vermelho, de Natal-RN, republicou uma edição robusta e exuberante de nossa revista, fato de grande importância, que só ganharam conhecimento aqueles pauferrenses mais atentos e os mais apaixonados, os que valorizam o babado. Obrigado, Sebo Vermelho, valeu, Abimael!


Outra produção importante, em âmbito acadêmico, foi a monografia de Manoel Jácome de Lima, O alexandriense que marcou história em nossa terra, o Professor Duba, como era conhecido.... Seu trabalho, inclusive, foi usado como fonte bibliográfica para municiar as outras produções.


Dando um pulo histórico de vários anos, no ano de 1987, José Jácome Barreto lançava "Pau dos Ferros", um livro mais completo, com uma perícia apurada, com dados e traços históricos laboriosos. José Jácome era filho do Professor Duba, herdou a missão e a sapiência do pai, seguiu no caminho das letras, lançou também um livro semelhante com um apanhado histórico para cidade de Canguaretama e outro da cidade de Portalegre.


Onze anos depois, em 1998, dois sonhadores apaixonados entraram na empreitada de pesquisar e editar algo sobre nossa cidade... "Pau dos Ferros: Enfim uma cidade", um livro leve, diferente, cheio de peculiaridades, curiosidades das mais inocentes possíveis, recheado de dados históricos, geográficos, econômicos, esportivos, culturais, uma obra que merecia muito mais atenção... Os autores são: Francisco Edivan Silva, hoje escritor renomado na área do empreendedorismo e da motivação, e o Professor José Geraldo da Silva, o professor Geraldo, que uma hora dessas deve estar mexendo nas suas pilhas de papel para organizar e atualizar seus dados sobre nossa cidade. Quer saber algo sobre nossa cidade? Conheça o mestre Geraldo. Ambos serão motivo de outros artigos, assim como todos os autores aqui citados. A obra teve como prefaciante, o grande professor Leontino Filho.


Passando para o ano de 2011 e saindo da área de pesquisa, nos debruçamos sobre duas obras saudosas que deram um tom maior no memorialismo da cidade, escritas pelo autor ocular e presencial, o ex-prefeito de Pau dos Ferros por dois mandatos, José Edmilson de Holanda. "Pau dos Ferros: Crônicas, Fatos e Pessoas", já traz em seu nome o conteúdo dessas duas obras escritas em dois volumes. Nelas, personalidades, tipos folclóricos da cidade, uma Pau dos Ferros arcaica e saudosa em seus fatos e costumes, são proseados pelo grande "Dotô Zé Dimilson", ambas foram editadas com apoio da prefeitura municipal, como deve ser, né não?!



Por fim, deste artigo, não dos livros publicados, porque ainda virão muitos, com fé na energia maior... Nasce em 2013 o "Pau dos Ferros à sombra da oiticica" uma odisseia em versos de cordel. Síntese em septilhas, de versos heptassílabos, com fotos antigas e uma longa pesquisa realizada pelo autor, o poeta Manoel Cavalcante. O livro, numa edição independente, com ilustração da capa feito pelo artista pauferrense Alcivan Marcelo, saiu pela Editora Offset, de Natal, e conta a história da cidade resgatando fatos de 1717 a 2012, usando, obviamente, todo o aparato literário anterior, além de entrevistas e depoimentos orais de grandes conhecedores de nossa história. A obra teve como prefaciante, o mestre Israel Vianey (in memorian), outro grande ícone de nossa terra.


Chegamos a 2016 quase 2017, com esse panorama literário, com um acervo faminto e escasso e com a boa vontade de algumas pessoas em preservar nossa memória. Onde estão esses livros? Nas escolas da cidade? Nas bibliotecas municipais? Os alunos, os munícipes em geral têm acesso a sua própria história? São perguntas intrigantes que todos devem fazer... Ainda existem outros que direta e indiretamente falam, com detalhes ou não, de nossa terra, ei-los: "Massilon", de Honório de Medeiros; "Quem matou Odilon Peixoto?", de José Sávio Lopes; "O Guerreiro do Yaco", de Calazans Fernandes; "Luiz Gonzaga e o Rio Grande do Norte", de Kydelmir Dantas e muitos e muitos outros, como o romance Cangaceiros, do grande José Lins do Rêgo, motivo de matéria pretérita aqui.

No mais, é isto.. "E melhor do que isto, só Jesus Cristo, que não entendia de finanças nem constava ter biblioteca".

Por Manoel Cavalcante