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terça-feira, 25 de setembro de 2012

LAMPIÃO EM LUCRÉCIA

O DIA EM QUE “O CÃO DOS INFERNOS” PASSOU
Atualmente é inegável e extremamente louvável o esforço da cidade de Mossoró para que a resistência do seu povo ao bando de Lampião em 1927 jamais seja esquecida.
Em uma das praças principais desta cidade encontramos um local de preservação da memória denominado Memorial da Resistência, que através de uma bela exposição temática se encontram belos e interessantes painéis, onde o visitante conhece o esforço que a comunidade realizou para resistir ao maior cangaceiro do Brasil.
O bando de Lampião em Limoeiro do Norte, Ceará, após a derrota em Mossoró.
Mas ao longo dos últimos anos o resgate e a manutenção da memória do ataque dos cangaceiros a Mossoró é tão intenso e forte, que ao se conversar com as pessoas da cidade, com a intenção de se conhecer mais destes fatos têm-se quase a impressão que Lampião e seus homens chegaram à cidade “voando”. A falta de informação sobre o que ocorreu antes ou depois do bando passar pela cidade é tamanha, que algum incauto pode ficar com a sensação que os cangaceiros “saltaram de paraquedas” na Avenida Alberto Maranhão, para depois combaterem e serem fragorosamente derrotados.
Exageros a parte, mesmo existindo no Memorial da Resistência várias informações sobre o que se passou ao longo do trajeto, percebe-se a desinformação.
Mas a culpa não é dos dirigentes e nem muito menos do povo de Mossoró. De forma alguma. Eles fazem a parte deles, que é lembrar o que os defensores da cidade.
Em 2009, em duas oportunidades, tive o privilégio de conhecer e percorrer todo o trajeto originalmente palmilhado pelos cangaceiros no Rio Grande do Norte. Infelizmente pude comprovar que em relação à memória destes fatos, a maioria dos municípios criados a partir do desmembramento dos seis territórios municipais originalmente percorridos por Lampião e seu bando, pouco ou nada fizeram em relação à preservação da memória dos acontecimentos de junho de 1927.
Algumas autoridades municipais nem sequer tem conhecimento que os cangaceiros passaram pela área dos seus municípios. Em outras cidades encontramos quem realmente gostaria de fazer alguma coisa para preservar a memória destes fatos, mas, ou não recebem apoio, ou nada mais resta para mostrar.
Entretanto existem maravilhosas exceções. Municípios onde abnegados secretários de cultura, ou de turismo, com praticamente quase nenhum recurso vindo dos cofres públicos e com muita criatividade, lutam para manter esta memória viva junto as suas comunidades. São poucos, mas são valorosos exemplos de dedicação à história, que realmente comovem aqueles que se interessam pelos acontecimentos do passado no Rio Grande do Norte.
Um dos municípios que mais me chamou a atenção pelos aspectos extremamente interessantes na preservação desta memória foi a pitoresca Lucrécia.
UMA INTERESSANTE ORIGEM NA SUA DENOMINAÇÃO

Antes que alguém possa imaginar que um pomposo dono de terras da região oeste potiguar decidiu colocar como denominação de sua fazenda o nome de “Lucrécia”, para assim honrar a memória da famosa Lucrécia Bórgia, uma rica italiana que viveu no século XV, que se dedicou a ser uma protetora das artes e que devido a suas relações com parentes sem escrúpulos não lhe faltaram inúmeras acusações de delitos e vícios. Pode esquecer, não é nada disso.
Vista atual da cidade de Lucrécia, a 360 km de Natal.
Segundo os moradores da cidade, a Lucrécia em questão era uma senhora negra, que havia sido escrava, que conseguiu sua libertação e era dona de uma gleba na região.
Ao redor do seu sítio foram edificadas as primeiras habitações, onde a vida seguia a passos lentos até a primeira metade da década de 1930. Neste período, nas terras do antigo sítio de Dona Lucrécia, o extinto IFOCS – Instituto Federal de Obras Contra as Secas decidiu represar o Rio Mineiro e o Riacho Pé de Serra, para assim desenvolver uma barragem de 27 milhões de metros cúbicos de água. Verdadeiro fator de desenvolvimento nesta região tão árida, no auge da obra um contingente de 2.500 trabalhadores se dedicaram a construção da barragem e a comunidade foi se desenvolvendo.
Luís da Câmara Cascudo conta no livro Nomes da Terra (1968), nas páginas 204 e 205, que esteve na região em 1934, que a vila possuía energia elétrica, além de “duzentas casas de tijolo e telha e dois mil moradores, lojas e armazéns”.
Igreja Matriz de São Francisco de Assis, no centro de Lucrécia.
Segundo o amigo Rivanildo Alexandrino da Silva, atual Secretário de Cultura da Prefeitura Municipal da vizinha cidade de Frutuoso Gomes, informa que o grande açude foi inaugurado em 1933, mas só veio a sangrar em 1955 e que as más condições dos alojamentos, além da falta de saneamento no acampamento dos trabalhadores, acarretou em um forte surto de cólera.
A emancipação política só ocorreu no dia 27 de dezembro de 1963, através da Lei 3.040, quando Lucrécia se desmembrou da cidade de Martins.
Não sei se cabe e se é verdade, mas o comentário na região é que esta cidade seria a única no Brasil onde a sua denominação tem origem a partir de uma mulher negra e que foi escrava.
A pequena cidade de Lucrécia. Ao fundo os contrafortes da Serra de Martins.
Mesmo com a história local sendo pontuados de acontecimentos interessantes, para o povo de Lucrécia à passagem de Lampião pela região figura entre um dos momentos mais significativos do município.
O DIA EM QUE “O CÃO DOS INFERNOS” PASSOU

Quem segue pela rodovia estadual RN-117, a partir da cidade de Olho D’água dos Borges em direção a Umarizal, vai encontrar em um determinado ponto a esquerda um entroncamento onde tem início a RN-072. Estrada com pouco ou quase nenhum acostamento e algumas curvas sinuosas, mas que chama a atenção de quem segue por este caminho pela interessante visão dos contrafortes da grande Serra de Martins.
Distante cerca de 360 quilômetros de Natal, a cidade de Lucrécia continua calma e a vida segue tranquila e devagar para seus mais de 3.600 habitantes.
Mas em 1927 a coisa foi bem diferente.
No dia 11 de junho daquele ano algumas pessoas que seguiam do povoado de Boa Esperança, davam conta aos proprietários rurais que um grande bando de cangaceiros, comandados pelo terrível Lampião, estava vindo pela estrada. As informações eram desencontradas e imprecisas, mas não era necessário muito entendimento para saber que o melhor era sair do caminho desta gente e todos diziam que “Lampião vem aí”.
Ao anoitecer daquele sábado, alguns assombrados retirantes informavam que o bando havia atacado Boa Esperança, provocando muitas desgraças e atingindo várias pessoas. Após deixarem a pequena vila, a turba de saqueadores encourados atacou a propriedade denominada Mombaça, do fazendeiro Frutuoso Gomes.
Através de informações do amigo Rivanildo Alexandrino, no período do ataque havia no lugar no máximo quinze residências. O bando de Lampião invade primeiramente a casa de José Gomes. Na residência de Frutuoso eles interrompem uma novena e em um inusitado gesto de boa vontade, procuram distribuir cortes de fazenda a população local, que foram roubados em Boa Esperança. Mesmo assim ocorreram espancamentos e saques.
Aspecto atual da sede da propriedade Cacimba de Vaca, atacada por Lampião e seus homens, encontrava-se vazia e foi depredada.
Seguem depois para outras propriedades, mas Lampião tem a informação que o melhor está cerca de meia légua para frente e é uma fazenda denominada Cacimba de Vaca.
O seu proprietário, Joaquim Dias da Cunha, tido como homem de dinheiro, soube do avanço da tropa de sicários e não perdeu tempo. Pegou seu povo e suas riquezas e tratou de fugir. Esta fuga enraiveceu Lampião e o bando descontou a desdita numa extensa lista de depredações, um incêndio criminoso ao paiol de cereais e de utensílios rurais.
Na atualidade, em relação à residência de Joaquim Dias a mesma foi extensamente reformada, sendo completamente alterada, não deixando, mas nenhuma característica daquele período. Mas até a última reforma era possível, segundo seus atuais moradores, ver as marcas de balas na parte superior da edificação.
No Sítio Cruz, na zona rural de Frutuoso Gomes, encontramos o agricultor Glicério Cruz e sua família. Aos 96 anos, seu Glicério continua altivo e memorioso, onde recordou o medo das pessoas da região quando da passagem de Lampião e seu bando por Lucrécia.
Em setembro de 2009 encontramos ainda altivo e extremamente animado e simpático, o agricultor aposentado Glicério Cruz. Vivendo em um antigo grupo escolar com sua família, Seu Glicério não se deixa abater pela precariedade de suas condições e dialoga animadamente sobre Lampião. Para ele, que tinha quatorze anos na época do ataque, Lampião vinha “como o cão dos infernos”, quebrando e destruindo tudo pela frente. Ele e sua família, ao primeiro alarme da presença do bando na região, trataram de se abrigar no alto da Serra de Martins.
NOVOS ATAQUES
Na atual zona urbana de Lucrécia, as margens da RN-072, encontramos uma antiga casa bem preservada e que em setembro de 2009 havia sido recentemente pintada de branco. É a antiga sede da Fazenda Castelo.
Na noite de 11 de junho os bandidos adentraram casas de moradores, simples choupanas, onde o agricultor Raimundo Alves de Oliveira foi ferido a bala e só não passou desta para melhor porque se fingiu de morto. Infelizmente Raimundo carregaria pelo resto da vida um aleijão no braço atingido, decorrente do disparo.
Atual estado da casa da Fazenda Castelo.
Sobre a invasão da residência mais importante da propriedade não existem maiores informações. Inclusive chegamos a suspeitar que esta casa houvesse sido construída após a passagem do bando. Entretanto, ao buscarmos contato com as pessoas mais idosas na cidade, estas informavam não terem dúvidas sobre a antiguidade do lugar e que a mesma pertencia na época a Elias Leite. Esta informação é corroborada na página 73, do livro “Relação dos Proprietários e dos Estabelecimentos Rurais Recenseados no Estado do Rio Grande do Norte em 1920”, que aponta o mesmo lugar como pertencente a Elias da Silva Leite.
Além de sua localização excepcional, o seu estado de conservação é ímpar, sendo considerado um marco histórico por ser uma das residências mais antigas e precursoras da povoação.
Outra vista do casarão do Castelo.
Assobradada, com muitos cômodos, a residência se apresenta atualmente sem moradores, mas seus atuais proprietários estão mantendo o local em bom estado de conservação e, segundo os moradores mais idosos com quem tivemos oportunidade de conversar, preservando a originalidade.
Capela da fazenda Castelo.
No terreno ao lado da sede da fazenda Castelo se encontra uma bem preservada capelinha dedicada a Nossa Senhora da Guia. Já em relação a este local não foi possível saber se a mesma foi construída como uma promessa por alguma graça alcançada diante dos sicários.
Um último apontamento informa que o local foi utilizado para a fabricação de uma aguardente chamada “Castelo”.
O SOFRIMENTO DE EGIDIO E DONATILA LEITE
Egídio Dias da Cunha
Egídio Dias da Cunha, e sua mulher, Donatila Leite Dias eram os proprietários do próximo alvo, a Fazenda Serrota, ou Serrota dos Leites.
Egídio soube da presença do bando na região, mas desdenhou do fato. Passava das onze da noite quando sua mulher lhe alertou haver escutado alguns tiros em direção à fazenda Castelo. Novamente o fazendeiro não aproveitou os avisos e não saiu da sua propriedade.
Donatila Leite Dias
Logo a desgraça, na forma de um bando de cangaceiros fedorentos, batia a sua porta. Para Lampião foi uma satisfação saber que acabava de encontrar um dos filhos de Joaquim Dias, da fazenda Cacimba de Vaca e que agora poderia arrancar algum dinheiro do abastardo genitor de Egídio. Seu resgate foi avaliado em dez contos de réis.
Placa existente na casa.
Comentários existentes na região afirmam que a violência dos bandidos foi intensa, principalmente contra Donatila Leite. Móveis foram quebrados, baús foram destruídos, seus conteúdos espalhados. Os homens buscaram na cozinha alimentos e um pote de água foi quebrado na sala. Tudo foi revirado, vários objetos roubados e alimentos foram levados.
Casa de Egídio.
Outras duas casas da Serrota, as dos moradores Chagas Manoel e Raimundo de Paula Cosme, foram igualmente invadidas, com surras e saques dos moradores.
UMA PRETENSA RESISTÊNCIA
Com a saída dos cangaceiros do sítio Serrota e a prisão de Egídio, a notícia se espalha entre vários parentes e amigos. Logo um grupo de moradores da região decide com extrema coragem, sair em busca daqueles que pudessem ajudar a levantar a quantia estipulada por Lampião no povoado de Gavião, atual cidade de Umarizal, para soltar o popular Egídio.
Estrada que, segundo os moradores da região, foi à mesma utilizada pelo bando para chegarem a região do Caboré.
O grupo era pequeno, com um número que aparentemente chega a quatorze e só quatro deles, Bartolomeu Dias, Francisco Canela, João “Bolacha” e Sebastião Trajano, eram os únicos que os pesquisadores do assunto apontam como possuindo rifles. O resto da tropa levava armas curtas, espingardas de soca e facões. Este grupo conhecia os caminhos, provavelmente confiavam no fato de ser período de lua cheia e que isto facilitaria o trajeto. A frente destes homens seguia Emídio Dias, irmão do sequestrado.
Enquanto se desenrolava esta situação, na região do sítio Caboré, cansados pelo deslocamento, esgotados pelas ações e pelo alto consumo de cachaça, o bando decidiu descansar, próximo ao casebre de um cidadão conhecido como José Alavanca, que atualmente não existe mais.
Por volta das três da manhã o grupo comandado por Emídio Dias chegou a esta casa humilde em busca de informações. O que eles não sabiam era que um cangaceiro, facilitado pelo luar, vigiava os movimentos do grupo.
No local conhecido como “Serrote da Jurema” foi armada uma emboscada pelo bando de experientes combatentes. Logo abriram fogo contra a incipiente tropa. Como resultado Bartolomeu Dias, Francisco Canela e Sebastião Trajano tombaram e o resto fugiu em franca debandada. A vingança do bando de Lampião nos corpos dos amigos de Egídio foi terrível. No outro dia foram transportados em redes para Martins, feitos os exames cadavéricos e enterrados no cemitério local.
Para melhor entendimento, segue os laudos cadavéricos dos três homens mortos, através de material fornecido pelo pesquisador da cidade de Martins, Junior Marcelino.
Aspecto de Lucrécia na década de 1940.
AUTO DE EXAME CADAVÉRICO 1

Aos doze dias do mês de junho de 1927, nesta cidade do Martins, na Intendência Municipal, às dezessete horas, presente o Delegado de Polícia Tenente Abílio Campos, comigo Antônio Inocêncio de Oliveira, Escrivão do seu cargo, abaixo nomeados os peritos Emídio Fernandes de Carvalho e José Ignácio de Carvalho Sobrinho, à falta de profissionais, e as testemunhas abaixo assinadas, todas residentes nesta cidade. Aquela autoridade tomou dos mesmos peritos o compromisso formal de bem e fielmente desempenharem a sua missão, declarando com verdade o que descobrirem e encontrarem e o que em suas convicções entenderem e encarregou-lhe que procedessem a exame no cadáver de Bartolomeu Costa Dias e que respondessem aos quesitos: 1º se houve morte; 2º qual o meio que a ocasionou; 3º se foi ocasionada por veneno, substância anestésica, incêndio, asfixia ou inundação; 4º se por sua natureza foi causa eficiente da morte; 5º se a constituição ou estado mórbido anterior do ofendido concorreu para tornar essa lesão irremediavelmente mortal; 6º se a morte resultou das condições personalíssimas do ofendido; 7º se a morte resultou não porque o mal fosse mortal e sim por ter o ofendido deixado de observar o regime médico reclamado pelo seu estado. Em consequência passaram os peritos a fazer os exames e investigações ordenadas e as que julgassem necessárias e concluídas as quais declararam: que examinando o cadáver de Bartolomeu Costa Dias, de vinte anos de idade, cor morena, e encontraram sete ferimentos, sendo dois deles na região palpebral direita e esquerda, dois nas regiões inferiores das pernas, todas produzidas por instrumento perfuro-contundente, dois ferimentos profundos nas regiões abdominais e hipocôndrio direito e outro nas regiões parietais direitos produzidos por projétil de arma de fogo em que responderam ao 1º quesito sim, houve morte; ao 2º por instrumento perfuro-cortante e projétil de arma de fogo; ao 3º negativamente; ao 4º, sim; ao quinto, sexto e sétimo ( 5º, 6º e 7º ) não. E são estas as declarações, que debaixo de compromisso prestado têm a fazer. E por nada mais haver, deu-se por concluído o exame, ordenado e de tudo se lavrou o presente auto que vai por mim escrito, assinado e rubricado pela autoridade, assinado pelos peritos e testemunhas, comigo Antônio Inocêncio de Oliveira, Escrivão, o assinei e assino.

Processo-crime contra Virgulino Ferreira e outros instaurado na Comarca de Martins/RN, 1927, fls. 09/11.

Foto do açude Lucrécia vinte anos após a passagem do bando de Lampião pela região.
LAUDO DE EXAME CADAVÉRICO 2

Aos doze dias do mês de junho de 1927, nesta cidade do Martins, na Intendência Municipal, às dezessete horas, presente o Delegado de Polícia Tenente Abílio Campos, comigo Antônio Inocêncio de Oliveira, Escrivão do seu cargo, abaixo nomeados os peritos Emídio Fernandes de Carvalho e José Ignácio de Carvalho Sobrinho, à falta de profissionais, e as testemunhas abaixo assinadas, todas residentes nesta cidade. Aquela autoridade tomou dos mesmos peritos o compromisso formal de bem e fielmente desempenharem a sua missão, declarando com verdade o que descobrirem e encontrarem e o que em suas consciências entenderem e encarregou-lhe que procedessem a exame no cadáver no cadáver de Sebastião Trajano e que respondessem aos quesitos: 1º se houve morte; 2º qual o meio que a ocasionou; 3º se foi ocasionada por veneno, substância anestésica, incêndio, asfixia ou inundação; 4º se por sua natureza  foi causa eficiente da morte; 5º se a constituição ou estado mórbido anterior do ofendido concorreu para tornar essa lesão irremediavelmente mortal; 6º se a morte resultou das condições personalíssimas do ofendido; 7º se a morte resultou não porque o mal fosse mortal e sim por ter o ofendido deixado de observar o regime médico reclamado pelo seu estado. Em conseqüência passaram os peritos a fazer os exames e investigações ordenadas e as que julgassem necessárias e concluídas as quais declararam: que examinando o cadáver de Sebastião Trajano, de trinta anos de idade, de cor morena, encontramos um ferimento na região torácica interna (lado esquerdo) atingindo o coração, produzido por projétil de arma de fogo, e que, portanto, responderam ao 1º quesito sim, houve morte; ao 2º arma de fogo; ao 3º negativamente; ao 4º, sim; ao 5º, 6º e 7º, não. E são estas as declarações, que debaixo de compromisso prestado têm a fazer. E por nada mais haver, deu-se por concluído o exame, ordenado e de tudo se lavrou o presente auto que vai por mim escrito, assinado e rubricado pela autoridade, assinado pelos peritos e testemunhas, comigo Antônio Inocêncio de Oliveira, Escrivão, o assinei e assino.

Processo-crime contra Virgulino Ferreira e outros instaurado na Comarca de Martins/RN, 1927, fls. 11/13.

LAUDO DE EXAME CADAVÉRICO 3

Aos doze dias do mês de junho de 1927, nesta cidade do Martins, na Intendência Municipal, às dezessete horas, presente o Delegado de Polícia Tenente Abílio Campos, comigo Antônio Inocêncio de Oliveira, Escrivão do seu cargo, abaixo nomeados os peritos Emídio Fernandes de Carvalho e José Ignácio de Carvalho Sobrinho, à falta de profissionais, e as testemunhas abaixo assinadas, todas residentes nesta cidade. Aquela autoridade tomou dos mesmos peritos o compromisso formal de bem e fielmente desempenharem a sua missão, declarando com verdade o que descobrirem e encontrarem e o que em suas consciências entenderem e encarregou-lhe que procedessem a exame no cadáver no cadáver de Francisco Canela e que respondessem aos quesitos: 1º se houve morte; 2º qual o meio que a ocasionou; 3º se foi ocasionada por veneno, substância anestésica, incêndio, asfixia ou inundação; 4º se por sua natureza foi causa eficiente da morte; 5º se a constituição ou estado mórbido anterior do ofendido concorreu para tornar essa lesão irremediavelmente mortal; 6º se a morte resultou das condições personalíssimas do ofendido; 7º se a morte resultou não porque o mal fosse mortal e sim por ter o ofendido deixado de observar o regime médico reclamado pelo seu estado. Em consequência passaram os peritos a fazer os exames e investigações ordenadas e as que julgassem necessárias e concluídas as quais declararam: que examinando o cadáver de Francisco Canela, de quarenta anos de idade, cor morena, encontraram três ferimentos, sendo um na região nasal produzido por faca de ponta, dois na região torácica lateral direita e esquerda, produzidas por um projétil de arma de fogo, e que, portanto, responderam ao 1º quesito sim, houve morte; ao 2º por instrumento perfuro-cortante e projétil de arma de fogo; ao 3º negativamente; ao 4º, sim; ao  5º, 6º e 7º, não. E são estas as declarações, que debaixo de compromisso prestado têm a fazer. E por nada mais haver, deu-se por concluído o exame, ordenado e de tudo se lavrou o presente auto que vai por mim escrito, assinado e rubricado pela autoridade, assinado pelos peritos e testemunhas, comigo Antônio Inocêncio de Oliveira, Escrivão, o assinei e assino.

Processo-crime contra Virgulino Ferreira e outros instaurado na Comarca de Martins/RN, 1927, fls. 13/15.
Apesar de todo empenho em buscar ajudar o amigo Egídio, o que o grupo não sabia era que a sua ação era inútil. Algum tempo antes, no bivaque armado pelos bandidos, em meio ao cansaço generalizado da tropa de Lampião, o sequestrado Egídio conseguiu fugir para o meio do mato.
MEMÓRIAS DE UMA NOITE DE TERROR
Seguramente Lucrécia é um dos locais onde a memória da jornada de Lampião pelo Rio Grande do Norte é mais trabalhada.
Especificamente em relação as propriedade Cacimba de Vaca e Castelo, apesar da comprovação da passagem do bando por estes locais, este fato não é muito comentado e nem tão lembrado como é nos sítios Serrota e Caboré.
Segundo os membros da família Leite, que até hoje habitam a tradicional propriedade, a velha casa onde padeceram Egídio e Donatila é sempre visitada por pessoas que desejam conhecer mais da passagem do bando pela região.
Para a família Leite estas visitas ocorrem pelo fato da proximidade da sua região com a cidade turística de Martins. Os guias de turismo apontam a região próxima ao sítio Serrota como um interessante local para visitação. Além dos fatos históricos e a proximidade com Martins, existe outro fator para ocorrer esta situação, a preservada casa de Egídio está distante apenas 300 metros da RN-072 e a família Leite se desdobra em atenção para aqueles que desejam conhecer estes fatos.
A própria comunidade de Lucrécia ofertou a família uma placa onde o dístico é bastante claro sobre a maneira como as pessoas da região definem as figuras de Egídio e Donatila, “heróis”. Inclusive esta foi a palavra mais utilizada pelas pessoas da região ao comentarem sobre o caso. A família Leite apresenta esta placa com extremo orgulho.
Ainda em relação à Donatila Leite, busquei dialogar diretamente com a família, que não fez nenhuma restrição às dúvidas que tinha, em relação a uma informação delicada e negativa.
Donatila e Egídio na Serrota. Tranquilidade junto aos familiares.
Segundo várias pessoas que entrevistei nas cidades de Antônio Martins, Martins e Lucrécia, Donatila teria sido sumariamente violentada por vários membros do bando, inclusive o próprio Lampião.
Tida como uma mulher bonita na sua juventude, este pretenso estupro coletivo ocorreu devido à raiva do chefe cangaceiro diante da fuga do pai de Egídio, o fazendeiro Joaquim Dias da Cunha da sua propriedade Cacimba de Vaca. O ato abominável e covarde teria sido realizado diante do marido, que foi obrigado a ver as cenas terríveis.
Marcas das "bocas" dos fuzis na janela da casa de Egídio.
Existem variadas versões que comprovariam o fato. A mais corrente informa que no outro dia após o ataque, Donatila teria subido a serra transportada em uma rede, seguido para a cidade de Martins para se tratar com o único médico existente na região. O seu estado era deplorável e a mesma ficou em situação delicada por um tempo superior a dez dias.
Para a família é tudo invencionice. Realmente Donatila subiu para Martins em uma rede, mas foi por fatores mais do que lógicos diante de tão terrível situação. Ela foi ficar junto do marido, que seguiu para esta cidade com o intuito de se recuperar da verdadeira “surra” de espinhos que levou ao fugir do bando na madrugada. Certamente que Egídio não poderia deixar de participar do sepultamento dos três amigos que morreram tentando salvar a sua vida, além de prestar esclarecimentos às autoridades. O fato de Donatila subir a serra de Martins em uma rede se devia ao seu abalado estado psicológico, sendo esta prática de transportar enfermos para o alto da serra, uma situação comum no passado.
A família Leite. Orgulho pela memória de Egídio e Donatila.
Para mostrar quanto nada disto era verdade, a própria família Leite me deixou reproduzir a fotografia anterior, onde vemos Egídio e Donatila na década de 1940 ou 1950, em meio a muitos familiares, vivendo na mesma casa do sítio Serrota.
Mesmos para aqueles que afirmaram ter Donatila Leite sido sucessivamente sido violentada por vários cangaceiros, são unânimes em apontar que ela viveu tranquila, sem rancores em relação ao possível fato e era tida como uma ótima pessoa. Para a família esta é mais uma prova que nada relativo ao que se comenta realmente ocorreu. Para eles, se Donatila tivesse sofrido a terrível violência sexual que muitos afirmam, em uma época “onde tudo era atrasado e difícil”, ela não teria sido uma mulher que viveu de forma feliz e tranquila.
A LEMBRANÇA DOS TRÊS HERÓIS
Monumento da “Cruz dos três Heróis”.
Se Donatila Leite conseguiu viver, os três amigos de seu marido não tiveram a mesma sorte. Mas igualmente não foram esquecidos pela comunidade.
Ao realizar o trabalho de pesquisa na região, ficou patente que a morte de Bartolomeu Dias, Francisco Canela e Sebastião Trajano é um dos fatos mais conhecidos e mencionados por pessoas de diversas idades, relativas a passagem do bando de Lampião.
Autores afirmam que o grupo de homens que seguiu do Sítio Serrota, não desejavam o enfrentamento com os cangaceiros e nem resgatar Egídio Dias em um primeiro momento. A intenção deste grupo era o de autoproteção, para assim seguirem até a povoação de Gavião e de lá trazerem o valor do resgate do fazendeiro. Entretanto para todas as pessoas com quem dialoguei, estes são categóricos em afirmar que a intenção destes homens era “salvar Egídio”, ou assim foi como ficou preservada em suas memórias.
Placa alusiva ao episódio.
Das cidades de Antônio Martins a Felipe Guerra, em inúmeros locais, ouvi vários comentários elogiosos a valentia, a intenção destemida e magnânima destes homens em salvar um amigo. Isso tudo diante do bando do maior cangaceiro que o Brasil já viu. Um inimigo experiente, mais forte em número de armas e de combatentes.
Para o povo da região, estes três homens são heróis.
As margens da rodovia estadual RN-072, na comunidade Caboré, se encontra um marco, conhecido como “A cruz dos três heróis”, aonde o povo de Lucrécia e da região vêm àqueles que agora são conhecidos apenas como “Os Canelas”, ou os “Heróis de Caboré”.
Apesar do empenho do povo de Lucrécia em manter viva a memória do sacrifício destes três homens, o local onde a cruz se encontra é perigoso para aqueles que desejam parar algum veículo, com a intenção de fotografar o monumento. Este fato ocorre devido à inexistência de um acostamento as margens da pista de asfalto, ou de uma área apropriada para estacionamentos. Outra dificuldade para o pretenso visitante é a falta de uma placa de sinalização posicionada antes do monumento, nos dois sentidos da estrada. A inexistência desta indicação mostra para muitos motoristas que aquele monumento mais parece destinado a homenagear pessoas que morreram em algum acidente automobilístico e não em um combate contra o bando de Lampião.
Se o visitante não tiver cuidado, é provável que a próxima cruz na beira da estrada seja a dele.
UMA PEÇA DE TEATRO MARCA A MEMÒRIA LOCAL
O autor junto ao grupo de teatro “Tribo da Terra”.
Finalizando encontramos neste município uma das poucas expressões teatrais que trata do tema ligado a passagem de Lampião e seu grupo, encontrada em todo o trajeto percorrido.
Atualmente o sítio Caboré é uma comunidade rural em expansão, neste local atua uma organização denominada Grupo Juventude Unida de Caboré, que surgiu há 17 anos com o intuito de mobilizar os jovens da localidade em torno de atividades sociais diversas. Uma destas atividades é voltada para a participação no desenvolvimento da cultura local, utilizando principalmente o teatro como ferramenta e meio de expressão. Em 2006, com o apoio da Fundação Laura Vicunha, sete integrantes do Grupo Juventude Unida de Caboré participaram de uma oficina teatral ministrada pela Universidade Católica de Brasília e deste aprendizado surgiu o grupo de teatro denominado “Tribo da Terra”.
Esta trupe foca sua atuação em diversas temáticas voltadas na própria realidade da comunidade, dentre estes os fatos que envolveram a sua história. Neste sentido, o grupo desenvolveu uma peça teatral denominada “Na boca do povo e das almas”, onde trata exclusivamente dos trágicos episódios vividos em junho de 1927. A peça é dividida em três atos, onde o público conhece a história da comunidade na época da passagem do bando, as ações dos cangaceiros e a reação da comunidade enaltecendo a ação dos “Heróis de Caboré”.
Não tivemos a oportunidade de assistir esta peça, mas foi possível em um momento de diálogo com este grupo de teatro, liderados pela estudante de pedagogia Adriane Maia Dias conhecer mais desta iniciativa interessante. Os ensaios do grupo ocorrem na ADCRC – Associação de Desenvolvimento Comunitário de Caboré.

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ISRAEL FERREIRA NUNES



Por Licurgo Nunes Quarto

Filho de Sátiro Ferreira Nunes e de Cláudia Cavalcanti Nunes, nasceu em Luiz Gomes a 15 de setembro de 1902.

Primogênito do casal Sátiro/Cláudia, Israel Nunes tinha como irmãos o Desembargador Licurgo Nunes – falecido, ( pai, entre outros, do Dr. Licurgo Nunes Terceiro, Juiz de Direito aposentado e do Engenheiro Licurgo Nunes Quinto, ex-Prefeito do Município de Marcelino Vieira ); do Dr. Raimundo Nunes – falecido, Médico oftalmologista, com atuação em Natal e posteriormente em São Paulo, SP); Francisca Cavalcante Nunes Pinheiro – Francina - ( mãe do Juiz Federal Aposentado Francisco Xavier Pinheiro e do Procurador de Justiça do Estado do Paraná e ex-Prefeito de Loanda, no Paraná, Francisco de Assis Pinheiro ); Erondina Cavalcanti Nunes Dantas ( mãe do Dr. José Fernandes Dantas, Ministro aposentado do Superior Tribunal de Justiça, com sede em Brasília, e do Padre Sátiro Cavalcanti Nunes Dantas, ex-Reitor da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, e Diretor do Colégio Diocesano Santa Luzia, de Mossoró – RN ); Maria Cavalcanti Nunes Fernandes (mãe do Dr. Djalma Nunes Fernandes, Juiz de Direito do Estado da Bahia – falecido, Expedito Nunes Fernandes, Procurador do Estado da Bahia, Dr. Francisco de Assis Nunes Fernandes, médico com atuação em Salvador – BA, Francisco Nunes Fernandes, Auditor Fiscal do Estado do RN e Advogado – falecido); Joana Cavalcanti Nunes Fernandes ( Janú ), e Ana Cavalcanti Nunes Ferreira (Dondom ).
Aprendeu as primeiras letras na sua cidade natal, tendo como Professora a sua avó Mariana Cavalcante – primeira professora formada a atuar na Cidade de Luiz Gomes (a referida cidade prestou uma significativa homenagem à Professora, dando o seu nome a uma escola; “Escola Estadual Professora Mariana Cavalcante”.
Continuou seus estudos em Pau dos Ferros, tendo ido para Natal concluir os cursos preparatórios no Colégio Santo Antonio – Marista.
Em Recife, na Faculdade de Direito, cursou e concluiu a sua formação de Bacharel em Direito, sendo um dos integrantes da famosa “Turma do Centenário dos Cursos Jurídicos do Brasil”, em 1927.
Formado em Direito, foi nomeado Juiz Municipal da Comarca de Areia Branca. Nesta Comarca, era substituto da Comarca de Mossoró, e, nesta condição – de Juiz Substituto de Mossoró – teve a oportunidade histórica de, a 25 de novembro de 1927, deferir o primeiro título para uma eleitora do Brasil, quando ensejou a Professora Celina Guimarães Viana a se tornar a primeira eleitora do Brasil e da América Latina, antevendo, e sendo precursor, com esse ato, da hoje tão propalada e reivindicada igualdade entre os sexos.
Renunciando ao cargo de Juiz, no ano de 1934, voltou a Pau dos Ferros, seio da sua família, onde residiam seus pais e demais familiares, para se dedicar à Advocacia. Foi, então, nomeado Promotor de Justiça da Comarca de Pau dos Ferros, conciliando as funções de Promotor com as atividades de Advogado.
No Ministério Público teve a oportunidade de assumir as funções de Promotor da Comarca de Açu.
Em 1943 pediu demissão do cargo de Promotor e, aceitando convite do Governador General André Fernandes Dantas, assumiu o cargo de Oficial de Gabinete do referido Governador.
Em 1944 foi nomeado Delegado da Ordem Política e Social. Era um período muito difícil e conturbado, pois o Brasil estava em plena Segunda Guerra Mundial. Nesse período assumiu, interinamente, as funções de Chefe de Polícia, função que corresponde hoje a Secretário de Segurança Pública.
Assumiu também o cargo de Diretor do Departamento de Estatística.
Com grande aptidão para a política, pois fazia do exercício da advocacia e do prestígio que desfrutava na política um vetor para ajudar aos correligionários, amigos e familiares, fundou, com outros luminares da política do Estado, como João Câmara, Georgino Avelino, José Varela, Theodorico Bezerra, Lauro Arruda, Aluisio Bezerra e Manoel Avelino, o Partido Social Democrático ( PSD ), partido que tanta história fez neste País, inclusive tendo eleito um Presidente, o saudoso Juscelino Kubitscheck de Oliveira.
Com a redemocratização do País, em 1947, ingressou na política partidária quando da eleição para a Assembléia Estadual Constituinte tendo sido eleito Deputado Estadual pelo PSD.
Foi eleito Deputado Estadual por mais três mandatos, tendo sido, inclusive, o Deputado Estadual mais votado na eleição de 1954.
Pautou sua atuação política no estrito senso da ajuda ao próximo e ao assistencialismo às pessoas mais pobres e necessitadas.
A educação dos jovens era sua meta prioritária, pois apregoava e fazia crer que só através do conhecimento, do aprendizado, era que o jovem seria capaz de superar obstáculos e vencer, ganhando formação profissional, e dessa maneira, adquirir independência financeira e contribuir para com o desenvolvimento do nosso Estado. Tanto que, como Deputado Estadual, teve a oportunidade de apresentar inúmeros projetos de criação de escolas pelos diversos municípios do Estado, principalmente na Zona Oeste do Estado do Rio Grande do Norte.
Um fato curioso e digno de registro é que, quando do seu falecimento, o colégio da Cidade de Luiz Gomes fechou por alguns dias, e teve que se reciclar, pois a grande maioria dos alunos daquele estabelecimento de ensino tinha a mensalidade paga por Israel Nunes.
Foi autor de inúmeros Projetos de Lei criando diversos municípios, tais como: Japí, desmembrado de São José de Campestre, em 1959; Lages Pintada, desmembrado de Santa Cruz, em 1958; Marcelino Vieira, desmembrado de Pau dos Ferros, em 1953; José da Penha, desmembrado de Luiz Gomes, em 1958; Encanto, desmembrado de Pau dos ferros, em 1963; Paraná, desmembrado de Luiz Gomes, em 1963; Rafael Fernandes ( Varzinha ), desmembrado de Pau dos Ferros, em 1963; Água Nova, desmembrado de Riacho de Santana, em 1963.
Casou-se, em 30 de julho de 1928, com Dolores de Souza Luz. Da união, que perdurou por 37 anos, resultou no nascimento dos seguintes filhos:
Cláudia Nunes de Miranda, Farmacêutica e Professora, nasceu a 14 de março de 1929, casada com Walter Fernandes de Miranda, Farmacêutico e Bioquímico, Fiscal de Rendas do Estado do Rio Grande do Norte. Ela faleceu em 17 de junho de 1999.
Natércia Nunes Protásio, Advogada, Procuradora do Município de Natal, nascida a 21 de novembro de 1932, casada com o Odontólogo Clovis Protásio de Lima. Ela faleceu a 16 de maio de 2005 e o Dr. Clovis faleceu a 24 de junho de 2001.
Maria do Socorro Nunes Pinheiro, nascida a 19 de janeiro de 1936, casada com o Advogado, Procurador de Justiça do Estado do Paraná e ex-Prefeito de Loanda – PR Francisco de Assis Nunes Pinheiro ( sobrinho de Israel, pois é filho de Francisca Cavalcanti Nunes Pinheiro, Dona Francina );
José Sátiro de Souza Nunes – único filho homem, Advogado, Procurador de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte, nasceu a 27 de junho de 1939. Casado com a Dra. Judith de Miranda Monte Nunes, Desembargadora e atual Presidenta do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, e ex-Presidenta do Egrégio Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte.
Dona Dolores faleceu em 26 de maio de 1965.
O Dr. Israel Ferreira Nunes faleceu em 21 de janeiro de 1972, no Hospital Matarazzo, São Paulo, para onde tinha ido à procura de melhor tratamento médico. Foi sepultado no Cemitério Parque de Nova Descoberta, em Natal, Rio Grande do Norte.
Quando do seu falecimento, foi homenageado com nome de Rua em Natal, Mossoró, Luiz Gomes e Marcelino Vieira, e, em Pau dos Ferros, foi dado o seu nome a uma praça da cidade.
A Assembléia Legislativa do Estado, em sessão especial, prestou-lhe significativa homenagem póstuma.
Com seu falecimento, grande parte da população pobre de Pau dos Ferros e Região Oeste ficou órfã de um protetor, de alguém que defendesse seus interesses e seus direitos, pois o Dr. Israel Nunes era conhecido como o Advogado dos menos favorecidos, e a todos atendia e representava com a maior presteza e solidariedade.
Homenagens póstumas foram prestadas, também, no transcurso do centenário do seu nascimento, quando as Câmaras Municipais de Pau dos Ferros, Marcelino Vieira e Luiz Gomes realizaram sessões especiais para reverenciar a sua memória.
Foi publicado um livro, em sua homenagem, de autoria do escritor João Bosco Queiroz Fernandes, sob o título “Israel Ferreira Nunes – o Patriarca – Centenário de Nascimento 1902 - 2002”, onde há depoimentos de vários amigos e familiares, bem como toda a descrição de sua trajetória vitoriosa de homem público, do parlamentar eloqüente, incansável, preocupado em representar com dignidade o Poder Legislativo, o povo do Rio Grande do Norte e a Região Oeste do Estado.
“O desalento, o desânimo e a desesperança foram sentimentos que não conheceu. Sabia ser a fé e a esperança elixires do otimismo. Se a primeira, por algum momento, lhe faltava, socorria da outra, que vivifica a fé. Nem sempre podia fazer tudo que desejava. Mas continuava tentando” (Trecho do discurso proferido por Dra. Rebecca Monte Nunes Bezerra, Promotora de Justiça do Estado do Rio Grande do Norte e neta do Dr. Israel Nunes, na sessão especial realizada pela Câmara Municipal da Cidade de Luiz Gomes, RN, quando das comemorações do transcurso do centenário de nascimento do Dr. Israel Nunes).

terça-feira, 18 de setembro de 2012

UMA LUZ NO FIM DO TÚNNEL

  Semana passada, fui entrevistado por uma equipe de jovens do IFRN, interessados na história de Pau dos Ferros. Esses seres raros, estão competindo nas olimpíadas  de história.  Me senti um pouco diferente de outras entrevistas, pelo fato do interesse e surpresa explícito no rosto de cada um deles. Coisas das quais eles nunca tinham ouvido falar sobre a cidade em que nasceram: A eleição das pedras, a hecatombe de 1919, a visita de um presidente da república ao município, entre outras coisas deixava-os fascinados.. Há  uma falta generalizada de pessoas interessadas em perpetuar a história do município, em buscar novas fontes, conservar documentos, documentar, divulgar, e aí eu incluo os professores, os intelectuais. As pesoas se graduam em história e quando vão defender uma tese no final, procuram coisas de outros estados e até de outros países, enquanto fatos interessantíssimos e bem mais próximos podem estar à beira do esquecimento. E já que estamos falando de cultura pau-ferrense, tenho que mencionar o nome de Manoel Cavalcante, estudante de medicina, membro da academia Norteriograndense de Trovas e que é nosso colaborador. O livro dele está quase pronto e o título sugestivo é : Na sombra da Oiticica.
  Se você leitor, tiver algum fato, história, acerca da nossa cidade, entre em contato conosco e seja mais um colaborador.
                                Israel Vianney

PAUFERRENSE CONVIDADO PARA O PROGRAMA DE ANNA HICKMAN

 O sanfoneiro mirim Rafael Lúcio, foi convidado para apresentar-se no programa da Ana Hickman da tv Record. Como isso chegou aos ouvidos da produção não sei, mas ficamos super felizes com  a repercussão. Tomara que agora ele ganhe a tão sonhada sanfona. Veja a entrevista de Rafael à tv Cabugi:
(Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)

Para assistir o video da entrevista acesse o Link abaixo:

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

BEM QUE EU FALEI.!


Assim estava escrito: O vitrine cultural vai ser um sucesso...e foi.Para quem pode assistir às três noites de espetáculo, com certeza notou a qualidade das apresentações, a segurança dos artistas, a ausência de improvisações, emfim, tudo que esperávamos.
  Não posso esquecer a participação marcante dos municípios vizinhos, com uma ressalva especial para Água Nova , que emocionou a todos com uma mistura de teatro e dança e um grupo concentradíssimo que me deu por instantes saudades de dirigir.Outro detalhe que me chamou a atenção foi a caracterização do pessoal do perímetro irrigado, sob a supervisão de Consuelo.SENSACIONAL...Coisa de cinema, sem exagero. A partir do próximo ano, se eu tiver o cabimento de estar na organização do evento, vou sugerir a ampliação para quatro dias, para que possamos receber mais artistas e para que o público possa ir dormir mais cedo. No final das contas, DEZ para nós e ZERO para a equipe do mau agouro.
  Conselho: Queridas bruxas, coloquem mais gasolina em suas vassouras e façam reforço na disciplina quebranto, artista é um bicho sagrado e não é de hoje.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

PAU-FERRENSE MUNDO A FORA

Jovem pau-ferrense Angelo Rocha (Kojado) participou do Mister Brasil Diversidade 2012, representando o estado de Amazonas.





quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Fotos do vitrine cultural

 As fotos do vitrine cultural estão na "cobertura de eventos".

terça-feira, 4 de setembro de 2012

EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE PAU DOS FERROS







Lá por Mil e Oitocentos
Do ano quarenta e um,
Começou a nossa saga
Com o objetivo comum
De emancipar a cidade,
Mas por infelicidade
Não houve êxito nenhum.

Na verdade, sendo claro,
Queriam desligamento
Da serra de Portalegre
E com legal documento,
A Freguesia tranqüila
Fosse elevada à vila
Consolidando o intento.

Mas nesse quarenta e um
O pedido foi negado,
Mesmo com quase quinhentos
Pessoas tendo assinado,
Não gloriou-se a idéia
E ao passar na assembléia
Não houve nada aprovado.

Foram quatrocentos e
Noventa e duas pessoas,
Compondo ao abaixo assinado
E contam mentes à toas
Que analfabetos, sem medo,
Também colocaram o dedo
Por não terem letras boas.

Já em Mil e Oitocentos
E Quarenta e Sete o ano,
Houve nova tentativa,
Houve novo desengano,
Ganhamos um novo veto
De um reformado projeto
Já portando um outro plano.

Deputado João Inácio
De Loiola Barros lá
Defendeu a transferência,
Só da sede para cá,
Porém nossa nata terra
Ficou pertencendo a serra
Desejando a hora H.

Passados longos seis anos
No dia 12 de Abril
O Barão de Assu juntou-se
A outro homem gentil
E se lançaram ao pleito
De serem donos do feito
Perseguido e varonil.

Fizeram novo projeto
Ele com Elias Antônio
Cavalcanti de Albuquerque
E ao queimar cada neurônio
Traçaram o objetivo
Pensando bem positivo
Tendo em mãos um alvo idôneo.

O projeto defendia
A simples elevação
À vila daquela antiga
E próspera povoação
Chamando Vila Cristina,
Porém pra nossa ruína
Não se teve aprovação.

Já em mil e oitocentos
Do ano Cinquenta e Seis,
Ganhamos independência,
Fomos livres de uma vez,
E digo como bem sei,
Sancionaram uma lei
Com grandeza e altivez.

Foi em 4 de Setembro
Uma lei foi sancionada.
E a nossa povoação
À vila foi elevada
Antônio Bernardo Passos,
Assinou, nos pôs nos braços
Da independência almejada.

A lei que foi sancionada
Tem número a se lembrar
Parece até que é bobagem,
Mas devemos registrar
Como peça do teatro:
Tem um 3, um 4 e um 4.
A lei a nos elevar.

Foi Bevenuto Fialho
O grande autor do projeto
Que de tão bem feito não
Temeu receber o veto,
Por este grande legado
Ele deve ser lembrado
Com regozijo completo.

Por Manoel Cavalcante


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

DESRESPEITO COM OS ARTISTAS.



  Primeiro dia de Vitrine Cultural e já querem me tirar de tempo...é sempre assim.Como criador do Projeto_ a modéstia que se dane, fui eu mesmo- fico transtornado quando alguém que se diz conhecedor das artes e da cultura, tenta bagunçar em terreno desconhecido. Algumas pessoas, que adoram holofotes, insistem em transformar o evento a seu bel prazer. São pessoas que desobedecem ao prazo de inscrição e querem ser os primeiros, outros que querem misturar a cultura com política e outros casos não publicáveis. Massssssss... o evento vai ser um sucesso, nâo há "vudu" que impeça os verdadeiros artistas de se manifestar. Tenho dito!
        Israel vianney
        Corrdenador municipal de cultura