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segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

45 ANOS DA CONQUISTA DO TÍTULO DO MATUTÃO PELO CLUBE CENTENÁRIO PAUFERRENSE

     
                Em pé: Toinho de Sula, Varela, Salvino, Aldemir, Manoel do Dnocs e Aldemir
 
                           Agachados: Derval, Edilson, Bobô, Botijinha e Chiquinho.

Título do Matutão

Pra quem não sabe o sentido
Do nosso estádio altaneiro
Ter o nome singular,
Sendo “9 de Janeiro”
É fazendo uma alusão
Ao título do “Matutão”
Por nosso time guerreiro.

Era nosso grande Clube
Centenário Pauferrense,
O famoso CCP
Que a nossa história pertence,
Deixando estabelecido
Que quando se está unido
Qualquer batalha se vence.

Matutão foi um certame,
Um famoso campeonato,
Disputado pelos campos
Nas cidades e no mato
Reunindo as principais
Seleções municipais
Sem bla-bla-bla nem boato.

O Centenário ficou,
Acuado qual tatu,
Num grupo ruim feito leite
De pele de cururu,
Porém não ficou no quase
Deixou na primeira fase
Almino Afonso e Patu.

Contra Patu, dois empates:
Um a um e dois a dois,
Porém contra Almino Afonso,
Nós vencemos sem complôs:
Um a zero e dois a um
Sem querer fazer jejum
Do que viria depois.

Na fase de mata-mata
Confesso de forma franca
Que ainda teve gente
Que pensou em botar banca
E o CCP, sem ser fraco,
Pôs dois a zero no saco
Do time de Areia Branca.

Depois sem muito trabalho,
Nós goleamos sem dó
O timão mais badalado
Das terras do Seridó
E para ser mais sincero
Sapecamos cinco a zero
No lombo de Caicó.

Aí chegou a final
Com grande expectativa.
De Pau dos Ferros saiu
A equipe competitiva
Para o jogão esperado
Almejando o resultado
De maneira positiva.

O time de Macaíba
Era o nosso adversário,
O Juvenal Lamartine
Em Natal foi o cenário
Sem mídia nem entrevista
Da grandiosa conquista
Que tentava o Centenário.

Dia 9 de Janeiro
Do ano de 72
Aconteceu o jogão,
E sem dizer nem apois,
Nosso time CCP,
Ganhou e fez fuzuê
Pela cidade depois.

Foi 72 o ano
Que aconteceu a final,
Mas ela foi referente
Ao torneio estadual
Que houve em 71,
Tenho a certeza incomum
De forma documental.

Salvino foi o goleiro
E na zaga, pra impedir
Os ataques foi Manel
Do Dnoc’s e Aldemir,
E pra fechar a janela
Butijinha com Varela
Jogavam sem se exibir.
  
Toinho de Sula era
Nosso lateral direito
De Assis era o esquerdo
Dando um balanço perfeito,
Pois ambos não se cansavam,
Defendiam e apoiavam
Correndo de todo jeito.

Chiquinho, ponteira esquerda
Na técnica perfeita
Dava show junto a Derval
Que era o ponteira direita
E pelo meio, sem perda,
Bobô era meia esquerda
Deixando a orquestra feita.

De todos os jogadores
Cada qual foi importante,
Mas os ponteiras e o meia
Tinham papel relevante
Pois detinham a função
De só meterem bolão
A Edílson, o centro-avante.

Os reservas começando
Pelo nome do goleiro,
Nós tínhamos pelo banco
O arqueiro José Monteiro
E Chico de Umarizal
Nunca que levava a mal
Ser reserva o tempo inteiro.

Dedé Bobó, Geraldinho,
Chico da Bomba e Bambão,
Também ficavam no banco
Junto a Cosmo, porém não
Viam a necessidade
De cheios de vaidade
Fazerem reclamação.

Jácio, vindo de Natal,
Do time foi treinador
Armando como um xadrez
Cada peça com primor,
Adquirindo o respeito
Tratando do mesmo jeito
Jogador por jogador.

Sobre a história do jogo,
Primeiro o bicho pegou,
Pois chutaram uma bola,
Nosso Salvino espalmou,
Mas chutaram novamente
E Manel, infelizmente,
Com a mão tirou o gol.

O pênalti foi marcado
Pelo juiz num impulso,
Porém Manoel do Dnoc’s
Mesmo com seu ato avulso
Não foi nem penalizado,
Porque isso, no passado,
Não fazia ser expulso.

O cabra só era expulso
Se fosse um grande alvoroço,
Numa falta violenta,
Na quebrada de um pescoço,
Numa voadora rara,
Num tabefe numa cara,
Numa torada de osso.

Mas voltando para o pênalti,
O cabra fez logo o gol,
Bateu fazendo um a zero,
Porém mal comemorou,
Mal se contentou por dentro,
Pois quando bateu o centro
O Centenário empatou.

O empate também foi num
Pênalti sem discutir
Que foi sofrido e batido
Pelo zagueiro Aldemir,
Mas o gol mais desejado,
O momento mais louvado
Estava logo por vir.

Porque com o jogo empatado,
A partida pegou fogo
E eu confesso sem mentir,
Sem querer ser demagogo,
Que sem precisar rodeio
Chiquinho, sem aperreio,
Num instante virou o jogo.

Com a partida em dois a um,
Já perto de seu final,
O Centenário ficou
De maneira imperial
Tocando a bola e pensando
Naquele momento quando
Vinha o apito triunfal.

Quando o juiz apitou
Foi enorme a emoção,
Em Natal mesmo ficaram
Para comemoração,
Pois Paulo Diógenes fez
Um banquete de uma vez
Para o time campeão.

Porém, antes de ir à festa
Feita pelo deputado
O time inteirinho foi
Andando, mesmo cansado,
Para uma igreja sem pressa
Pra pagar uma promessa
Pelo êxito alcançado.

No outro dia saíram
Num ônibus equipado
Em busca de Pau dos Ferros
Sem saber que o povo honrado
Esperava, na verdade,
Já na entrada da cidade
Na fazenda Boi Comprado.

Quando os campões chegaram
Foi um alvoroço incerto...
Desfilaram na cidade
Em festa num carro aberto
E quem diz sem temer sorte
Que aquela foi, do esporte,
A maior a festa, está certo.

Lá no centro da cidade
Tinha um palanque montado
Repleto de autoridades
E o time homenageado
Pela banda marcial
Ali naquele local
Por populares lotado.

Realmente foi um marco
Que ficou na nossa história
Não foi apenas um título
Não apenas uma glória
Foi lição de amor perfeito
Àquele escudo do peito
Dando mais brilho à vitória.

Por Manoel Cavalcante

Trecho do Livro "Pau dos Ferros à sombra da oiticica"