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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Pau dos Ferros por volta do final da década de vinte do século passado


Trecho do livro MASSILON do advogado Honório Medeiros- Depoimento de Arnaldo Fernandes de Souza.
 "Madrinha morava ás margens do grande açude público (atual Barragem 25 de Março), no trecho conhecido por Riacho do Meio, a uns dois quilômetros do centro da cidade, numa casa caiada, de piso de tijolo e chão batido, uma porta e uma janela na frente. Embora ampla, a casa não tinha banheiro nem sanitário. Madrinha e Avelino usavam a sentina e o banheiro atrás da casa. Laura utilizava penico e banhava-se numa bacia em seu quarto, como criança. Eu entrava nas moitas, cujas folhas substituíam o papel higiênico e tomava banho no açude, nas sangas e cacimbas da vazante."


   "O quarto de tio Evaldo comunicava com comprido depósito de teto baixo, ocupado com cereais, cangalhas, caçuás, selas, arreios e utensílios agrícolas.
  "Pretas panelas de barro, assentados sobre trempes de pedras, cozinhavam a comida. Gravetos e maravalhas alimentavam o fogo. A picumã tinha enegrecido o teto e as paredes da cozinha, onde uma mesa velha servia de deposito a pratos, panelas alguidares. Num ângulo da cozinha ficava o pilão de café, torrando num preto caco de barro."
     "Os moveis da sala compunham-se da mesa de refeições, encostada a um canto. Cadeiras de couro cru e um comprido banco de madeira no qual tio Avelino passava horas sentado a fungar, a falar sozinho e fumar cachimbo. O sarro e  fumaça do fumo de corda impregnavam a casa de nauseante odor."
     "Com molhos de vassourinha trazida da vazante varriam-se os terreiros. O da frente da casa prolongava-se num extenso pátio, cuja continuação era já a estrada rumo ao centro da cidade."
     "As três principais ruas de Pau dos Ferros eram chamados de Rua de Cima, Rua do Meio e Rua de Baixo. A rua do meretrício, como soube depois, era conhecido como Rabo da Gata."
     "O açude ficava num dos lados da casa, de onde se podia ver uma nesga. E entre ele e a casa passava uma estrada. O açude abastecia a cidade e nele lavava-se roupa. Era intenso o vaivém de pessoas transportando água em latas, cabaças e pequenos potes equilibrados na cabeça, sobre rodilhas. Utilizavam também ancoretas postas no lombo de jumento e pipas de madeira instalados em carroças puxadas por bois e burros. À tarde rebanhos de gado eram trazidos aos bebedouros. Lavadeiras passavam com bojudas trouxas na cabeça." ... Continuaremos amanha

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