Calma gente!
Não estou aqui incentivando o consumo do pó, nem muito menos
afirmando que em Caicó a poderosa droga conhecida como cocaína está
deitando e rolando.
Apenas trago uma centenária propaganda, publicada em um extinto
jornal seridoense, de um produto certamente a base de xarope de cocaína e
produzido por uma farmácia da principal cidade do Seridó Potiguar.
Como se sabe a cocaína é extraído das folhas da planta de coca
(Erythroxylon coca), historicamente produzida pelos indígenas dos
altiplanos andinos da América do Sul a milênios. Na sua forma extraída e
purificada, é um dos mais potentes estimulantes de origem natural.
Por milhares de anos, os nativos da região andina têm mastigado
folhas de coca para aliviar a fadiga. Assim como o chá e o café são
fervidos, os nativos andinos criaram um chá a base de folhas de
coca. Além disso, grupos andinos, historicamente, queimavam ou fumavam
várias partes da planta da coca como parte de suas práticas religiosas e
medicinais. No entanto, nenhuma destas outras utilizações teve o mesmo
impacto na forma de cloridrato de cocaína purificada.
O químico alemão Albert Niemann reconheceu as propriedades
estimulantes da planta cocaína e em meados de 1800 extraiu quimicamente o
cloridrato de cocaína.
No início dos anos 1880, as propriedades anestésicas da droga foram
descobertas, e logo foram utilizados em cirurgias oculares, de nariz e
garganta. Em pouco tempo os médicos tomaram conhecimento das
propriedades psicoativas da cocaína e esta foi amplamente distribuída
para controle da ansiedade e depressão.
Afirmações extravagantes de seus poderes curativos aumentaram da popularidade da cocaína no início dos anos 1900.
Era o principal ingrediente ativo em uma ampla gama de patentes de
medicamentos, tônicos, elixires, e extratos de fluidos. Acredita-se que a
fórmula original da Coca-Cola, desenvolvido em 1886 pelo farmacêutico
John Pemberton, continha aproximadamente 2,5 mg de cocaína por 100 ml de
fluido. Esta fórmula foi vendida como uma cura para a dor de cabeça e
um estimulante. Outro farmacêutico comprou os direitos e fundou a
Coca-Cola Company em 1892.
Após 1900 foram se tornando frequentes os problemas médicos,
psíquicos e sociais associados ao uso excessivo de cocaína e nos Estados
Unidos e seu uso foi severamente restringido em 1914.
Desta época até a década de 1960, pelo menos nos Estados Unidos, o
consumo de cocaína foi geralmente limitado a pequenos grupos sociais. À
medida que as manifestações culturais incentivaram o uso de drogas para
fins recreativos, a cocaína entrou novamente em evidência.
Proibições legais e o suprimento da droga foram severamente
restringidos. Mas o cultivo das plantas de coca continuou nos países
sul-americanos – Bolívia, Peru, Colômbia e Equador.
O seu uso cresceu juntamente com o uso de muitas outras substâncias
psicoativas. A maioria dos experimentadores eram consumidores
ocasionais. Eles experimentaram a euforia da cocaína e, geralmente,
voltavam para suas vidas “normais”. Devido a isso, ao uso casual, surgiu
uma noção fictícia de que a cocaína era inofensiva e estimulava os
caminhos da mente. As drogas abriam as “Portas da Percepção”, como
afirmou o escritor inglês Aldous Huxley (no caso deste escritor,
principalmente com o uso de mescalina e LSD).
Apesar dos graves problemas clínicos ligados com o uso de
alucinógenos, barbitúricos e as anfetaminas, foi dada pouca atenção para
os problemas associados ao uso de cocaína, porque eles eram raramente
vistos. Em finais dos anos 1970, muitos especialistas e autoridades de
saúde pública nos Estados Unidos acreditavam que a cocaína era uma
substância relativamente benigna e principalmente uma droga
“recreativa”.
Em resumo, a cocaína é um estimulante do sistema nervoso central, que
provoca euforia, bem estar, sociabilidade. Nem sempre as pessoas
conseguem ter tais sensações naturalmente, e de forma intensa, uma
pessoa que se permite utilizar esta substância tende a querer usar
novamente, e mais uma vez, e assim sucessivamente. Atualmente a via
preferida de administração é a intranasal em dosagens relativamente
pequenas, ou intravenosas em altas doses.
Como a cocaína tende a perder sua eficácia ao longo do tempo de uso,
fato este denominado tolerância à droga, o usuário tende a utilizar
progressivamente doses mais altas buscando obter, de forma incessante e
cada vez mais inconsequente, os mesmos efeitos agradáveis que conseguia
no início de seu uso. Dosagens muito frequentes e excessivas provocam
alucinações táteis, visuais e auditivas; ansiedade, delírios,
agressividade, paranoia.
Este ciclo torna-o também cada vez mais dependente, fazendo de tudo
para conseguir a droga, resultando em problemas sérios não só no que
tange à sua saúde, mas também em suas relações interpessoais.
Afastamento da família e amigos, e até mesmo comportamentos condenáveis,
como participação de furtos ou assaltos para obter a droga são comuns.
Ou seja! Saia de perto que é problema na certa.
Em relação a “Caicoina” do início do século XX, nenhuma outra informação consegui sobre o produto.
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