A VERGONHOSA AÇÃO DE OBRIGAR MILHARES DE MULHERES DE REGIÕES OCUPADAS A ATENDER SEXUALMENTE OS MILITARES JAPONESES
Um dos pontos altos da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial ocorreu quando os soldados da nossa FEB cercaram e aprisionaram a 148º Divisão de Infantaria Alemã, inclusive o seu comandante, o general Otto Freter Pico e todo o seu oficialato, além de remanescentes da Divisão Bersalhieri Italiana e o seu comandante, o general Mario Carloni.
Passado um tempo depois da captura dos militares das forças nazifascistas, em meio ao fim das hostilidades, dizem que rolou uma peladinha entre brasileiros e alemães.
Não sei quem ganhou, ou quem perdeu, se o fato se deu com a anuência dos oficiais e nem mesmo possuo confirmação que isso tenha realmente ocorrido. Mas não duvido que a pelota rolou. Enfim somos loucos por bola, muito pouco belicistas e no final das contas a maioria dos brasileiros são avessos a guerras.
Mas a vida dos prisioneiros de guerra não era nada fácil para aqueles que caiam nas mãos das forças do Eixo, ou de militares de regimes totalitários (como os da extinta União Soviética).
Em relação a este tema, o que venho lendo sobre o maior conflito da história da humanidade me aponta que talvez os mais terríveis captores tenham sido os japoneses. É incrível a quantidade de horrores que os filhos do Império do Sol Nascente praticaram contra seus prisioneiros e isso marcou para sempre a história japonesa.
Me chama atenção estes fatos, quando lembro que este é o mesmo povo pelo qual a maioria dos brasileiros possui um enorme respeito, onde admiramos a sua honra, seu fervor pelas tradições, na sua capacidade para desenvolver sua nação. Não podemos esquecer que uma parcela considerável de nossos compatriotas é descendente de pessoas que vieram deste milenar império.
SADISMO
Recentemente li o livro “Invencível – Uma História Real de Coragem, Sobrevivência e Redenção”, de autoria da jornalista americana Laura Hillenbrand, que narra a vida de Louis Zamperini.
Este era um filho de imigrantes italianos nascido no estado de Nova York, que depois de uma infância irrequieta, vai em 1936 integrar a equipe dos Estados Unidos que participou da Olimpíada de Berlim. Zamperini dá um show na disputa dos 5.000 metros, que lhe vale um chamado para receber os cumprimentos de Hitler. Durante a Segunda Guerra Mundial, sua última missão acaba em tragédia. O seu avião bombardeiro B-24 sofre uma pane e cai no mar, matando quase toda a tripulação. Louie e mais dois colegas sobrevivem. Sem água ou comida, ficam por quase um mês à deriva no oceano, à beira da morte por inanição, até que são encontrados pelos japoneses e viram prisioneiros.
A partir deste ponto, cada dia é de tortura, humilhação e sofrimento, fato este comum e normal para todos os prisioneiros Aliados nas mãos dos nipônicos. Mas o ex-corredor chega vivo ao final da guerra; a libertação só vem depois dos lançamentos das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki.
Pois bem, em grande parte desta obra a autora trata de Zamperini como um cativo dos japoneses. Em meio ao relato do sofrimento do ex-atleta, ela trás muitas informações sobre o sistema de encarceramento militar japonês na época. Entre os dados ela aponta que do total de prisioneiros americanos capturados pelos alemães, apenas 1% morreram. Mas este número salta para 15% de mortos no caso dos americanos aprisionados pelos japoneses. E vale ressaltar que o número de prisioneiros americanos junto aos japoneses foi bem menor que o número de americanos capturados pelos alemães.
O livro de Laura Hillenbrand trás uma grande quantidade de detalhes sobre as surras, humilhações, a dor que Louis Zamperini passou e as consequências destes episódios.
Com o fim da guerra uma grande quantidade de guardas e comandantes de campos de prisioneiros foi detida, muitos destes foram condenados a morte pelos seus abusos e alguns executados.
Mas logo as situações geopolíticas mudaram. A União Soviética e a China Comunista eram os grandes inimigos do Mundo Livre e capitalista. Na Coreia ocorria uma guerra fratricida e a posição geográfica do Japão, sua força de trabalho e a capacidade do seu povo, apontavam que o antigo inimigo era agora um aliado de primeira linha.
Logo as penas de morte foram alteradas para prisão perpetua e, depois de um tempo, estes antigos sádicos eram soltos. Os ex-prisioneiros americanos, ingleses, holandeses, australianos e de outros países Aliados estavam longe, ninguém no Japão queria saber de suas dores e o mundo tinha mudado.
Mas incrível mesmo é que o livro de Laura Hillenbrand trás a informação que, passado algum tempo, os japoneses começaram a erguer e criar monumentos em honra aos antigos comandantes e guardas de campos de prisioneiros que foram executados. Muitos deles eram homenageados como “Heróis da pátria”, uma situação que na então Alemanha Ocidental seria impensável.
Mas em minha opinião, a pior situação perpetrada pelos japoneses foi a vergonhosa, triste e terrível prática de forçarem milhares de mulheres a se prostituirem a força e assim satisfazerem sexualmente seus militares durante a Segunda Guerra Mundial.
COVARDIA
Elas eram chamadas “mulheres de conforto”, “escravas militares do sexo”, “mulheres de conforto militar” e, em japonês, “jugun ianfu”.
Os puteiros oficiais em que elas eram estupradas, eram chamados eufemisticamente de “casas de conforto” e os primeiros foram criados em 1932, durante a batalha de Xangai. Após a Segunda Guerra Sino-Japonesa de 1937, estas casas foram instaladas geralmente em terras ocupadas. Estima-se que antes e durante a Segunda Guerra Mundial, entre 100.000 a 200.000 mulheres foram forçadas a oferecer serviços sexuais aos soldados japoneses e havia cerca de 2.000 destes locais verdadeiramente demoníacos.
Este programa foi aprovado pela Conferência Imperial, que era composta pelo imperador, representantes das Forças Armadas e os principais ministros. A conferência foi formada depois que o Japão invadiu a Manchúria em 1937.
Aproximadamente 80 a 90% das “mulheres de conforto” eram oriundas da China e da Coréia, mas também havia mulheres das Filipinas, da Indonésia e até mesmo holandeses oriundas de países que o Japão tinha invadido.
Em fevereiro de 1944, dez mulheres holandesas foram levadas à força de campos de prisioneiros em Java para se tornarem escravas sexuais. Eles foram sistematicamente espancadas e estupradas dia e noite.
Em 1990, Jan Ruff-O’Herne testemunhou na condição de vítima a um comitê de Representantes da Câmara dos Estados Unidos : “Muitas histórias foram contadas sobre os horrores, brutalidades, o sofrimento e a fome das mulheres holandesas em campos de prisioneiros japoneses. Mas uma história nunca foi contada, a história mais vergonhosa das piores violações dos direitos humanos cometidas pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial: A história das “mulheres de conforto” e como essas mulheres foram forçadas a prestar serviços sexuais para o Exército Imperial Japonês. No chamado “fraldário” eu era sistematicamente espancada e estuprada dia e noite. Mesmo o médico japonês me estuprava cada vez que visitava o bordel para examinar-nos no combate a doenças venéreas”.
Em sua primeira manhã no bordel, fotografias de Jan Ruff-O’Herne e de outras mulheres foram levadas e colocadas na varanda, usada como uma área de recepção para os japoneses escolherem com calma as suas escravas sexuais. Quem ficava grávida era forçada a abortar. Após algum tempo as meninas foram transferidas para um acampamento em Bogor, Java Ocidental, onde foram reunidas as suas famílias. Os militares japoneses alertaram as detidas que se alguém comentasse o que havia acontecido, elas e seus familiares seriam mortos. Vários meses depois, os O’Hernes foram transferidos para um acampamento na Batavia, que foi libertado em 15 de agosto de 1945.
Aproximadamente três quartos das mulheres de conforto morreram, e a maioria das sobreviventes ficou com terríveis traumas sexuais ou permanentes marcas de doenças sexualmente transmissíveis.
Havia rumores sobre esta forma de escravatura depois da guerra. Mas somente em 1991 a situação veio a tona, quando uma mulher sul-coreana chamada Kim Hak, tornou-se a primeira pessoa a falar publicamente sobre a existência da prostituição forçada nas áreas ocupadas pelo Japão. Desde então o assunto tornou-se de conhecimento público, com outras sobreviventes vindo a público para exigir justiça.
Muitas mulheres de conforto morreram sem ouvir um pedido de desculpas oficial do Governo do Japão ou receber uma compensação por seu sofrimento.
CANALHICE
Apesar das evidências irrefutáveis de que o Japão desencadeou uma guerra agressiva através da Ásia e da região do Pacífico Ocidental entre 1937 e 1945, esta nunca foi francamente reconhecida pelo dominante Partido Liberal Democrático do Japão (LDP), que governou o país por quase 50 anos.
Após o fim da ocupação aliada, em 1952, os tradicionalistas japoneses reafirmaram seu controle sobre a educação. Em 1956, o Partido Democrático Liberal denunciou escolas que transmitiam a seus alunos a verdade sobre a guerra e os crimes praticados pelos japoneses. Pouco tempo depois, as novas Forças de Defesa do Japão publicaram uma versão da história da Guerra do Pacífico, que exonerava totalmente o Japão militar imperial de qualquer culpa por eventuais crimes de guerra.
Logo livros de história para crianças em idade escolar eram censurados para evitar que estas aprendessem a verdade sobre a agressão militar do Japão.
Às vezes, as falsificações e distorções da história em livros escolares japoneses tornaram-se suficientemente chocantes para produzir uma onda de protestos internacionais. Em 1985, por ocasião do quadragésimo aniversário da rendição do Japão em 1945, um novo livro de história foi lançado para as escolas, onde estava escrito que os exércitos do Japão entraram na China, Filipinas, Indochina francesa, Península Malaia e Índias Orientais Holandesas, não como invasores, mas para “libertar” seus irmãos asiáticos da opressão colonial ocidental.
O debate sobre o conteúdo dos livros de história das escolas continua e os políticos japoneses só parecem recuar apenas quando o nível de protesto dos vizinhos asiáticos e de liberais japoneses causa constrangimento para o país internacionalmente.
A SITUAÇÃO CONTINUA
Recentemente o atual prefeito de Osaka, no Japão, causou polêmica ao dizer que o sistema que forçou milhares de mulheres de outros países a se prostituirem durante a Segunda Guerra Mundial foi “necessário”.
Toru Hashimoto disse que as “mulheres de conforto”, deram aos soldados japoneses uma “chance para relaxar”. O prefeito disse que naquelas circunstâncias, “em que balas voavam como chuva e vento, os soldados corriam o risco de perder suas vidas. Para que eles descansassem, um esquema de mulheres de conforto era necessário. Qualquer um pode entender isso”.
Os militares japoneses podiam entender, mas as mulheres que eram estupradas certamente que não!
Hashimoto é um dos fundadores do partido nacionalista japonês Restauração, que tem poucos assentos no parlamento japonês e não faz parte do governo.
Ele foi o governador mais jovem da história do Japão antes de se tornar prefeito de Osaka. No ano passado, ele já havia causado polêmica quando disse que o Japão precisava de uma “ditadura”
Hashimoto reconheceu que as mulheres eram forçadas a serem escravas sexuais contra sua vontade. Mas ele lembrou que o Japão não foi o único país a usar o sistema, apesar de ser “responsável por suas ações”.
TENSÃO REGIONAL
A forma como o governo do Japão interpreta sua participação do país na Segunda Guerra sempre foi fonte de tensão com os vizinhos e, após o pronunciamento de Hashimoto, uma autoridade sul-coreana expressou sua “profunda decepção”.
“Há um reconhecimento internacional de que a questão das mulheres de conforto remonta a casos de estupro cometidos pelo Japão durante seu passado imperial, em uma série de violações de direitos humanos”, disse um porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Coréia do Sul à agência de notícias AFP.
Depois de muita pressão, em 1993, o Japão emitiu um pedido de desculpas pela “dor imensurável e o sofrimento causado às mulheres de conforto”. Em 1995, o país também se desculpou por suas agressões durante a guerra.
Mas apesar destas iniciativas positivas, as cicatrizes ainda eram muito evidentes.
Em 2012 o governo coreano voltou a exigir que o Japão assuma plenamente sua responsabilidade na exploração das mulheres sul-coreanas durante a Segunda Guerra Mundial. Na Coreia do Sul, no dia 15 de agosto é celebrado o “Dia da Libertação”, que lembra o fim da colonização japonesa (1910-1945) e coincide com a derrota do Japão.
Durante uma cerimônia em memória do fim da Segunda Guerra Mundial, o presidente sul-coreano Lee Myung-bak declarou que “A questão da mobilização das mulheres de conforto pelo exército imperial japonês vai além das simples relações entre a Coreia do Sul e o Japão”, em agosto de 2012, trata-se de uma violação dos direitos das mulheres cometidos em tempos de guerra. Incentivo o governo japonês a agir com responsabilidade neste tema”, disse o politico sul-coreano.
Ele continuou acrescentando que “O Japão é um vizinho próximo, um amigo com o qual compartilhamos valores fundamentais e um sócio importante com o qual devemos trabalhar pelo futuro. Mas temos que deixar claro que os obstáculos na história das relações entre Coreia do Sul e Japão dificultam a marcha comum em direção a um futuro melhor no nordeste da Ásia e os intercâmbios bilaterais”.
Em Taiwan, que também foi ocupado pelo Japão, ocorreu manifestações na qual foram exigidas desculpas de Tóquio pela exploração sexual de mulheres durante a guerra.
Ainda em 2012 o primeiro-ministro nipônico Shinzo Abe, fez uma nova declaração sobre a Segunda Guerra Mundial, onde anunciou que concorda com os seus antecessores, onde o Japão “causou grandes danos e sofrimentos a muitos países”.
A prontidão como a Alemanha Ocidental do pós-guerra expressou seu remorso e tomou medidas para tentar resolver os erros dos nazistas, tem sido uma parte vital da evolução de uma Alemanha unida, democrática, confiável e respeitada em todo o mundo.
Até hoje a relutância do Japão de pós-guerra em fazer a mesma coisa resultou em uma situação exatamente oposta, manchado sua reputação na comunidade internacional.
Ah! Acabando de ler uma reportagem dessas, fico até sem respirar direito. Quanta crueldade!
ResponderExcluirMeu Deus!
O que é pior é que o Japão já mudou o livro de história para ensinar as crianças nas escolas com conteúdo diferente. A Coréia está tentando ensinar na escola a história de verdade sobre este fato com atitude errada do Japão atual. Este é o pior caso que massacre dos coreanos inocentes. E os jovens japoneses estão pensando que os coreanos são locos, devido a invenção da história. É mole?
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