É fato conhecido, inclusive comentado neste blog, que as pesquisas anteriormente realizadas na cidade de Patu pela SEPARN – Sociedade para Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental do Rio Grande do Norte, na gruta que serviu de esconderijo ao famoso cangaceiro Jesuíno Brilhante, trouxeram ao conhecimento geral vários aspectos representativos sobre a utilização desta cavidade localizada na Fazenda Cajueiro.
Os resultados deste trabalho foram apresentados no 27º Congresso Brasileiro de Espeleologia, ocorrido na cidade mineira de Januária e promovido pela SBE – Sociedade Brasileira de Espeleologia. (Ver http://tokdehistoria.wordpress.com/2011/05/19/a-gruta-do-cangaceiro-jesuino-brilhante-patu-rn/ e http://www.sbe.com.br/anais27cbe/J1-03.pdf).
Este projeto, que contou com o apoio da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, sob a presidência de Kidelmyr Dantas, da Prefeitura Municipal de Patu, nas pessoas dos Senhores Ricardo Veriano (Secretário de Cultura de Patu) e Fanny Carlos (Secretário de Turismo de Patu) e teve como coordenador o pesquisador Epitácio Andrade Filho.
Entre as novas atribuições da SEPARN na época estavam a pesquisa sobre a área de atuação deste cangaceiro na região específica do grande maciço da Serra de Patu e região, a demarcação de trilhas históricas percorridas pelos cangaceiros, a análise da existência de novas grutas que eventualmente serviram para abrigo deste bando e apoiar outros pesquisadores. A equipe da SEPARN era composta pelo autor deste artigo (Espeleólogo inscrito na SBE Nº. 1528), por Natalia Edith Petersen (Biomédica e Espeleóloga inscrita na SBE sob o Nº. 1374) e o Jeová Costa França (Espeleólogo da SEPARN).
Contando com um perfeito apoio da comunidade local, foram mapeadas quatro trilhas no alto da serra e foi possível fazer o reconhecimento preliminar de uma cavidade conhecida como Furna dos Porcos, que a tradição oral aponta como outro refúgio do cangaceiro Jesuíno Brilhante.
O Caminho até o Mirante 47
Acompanhados dos guias locais Manoel, Zé Pequeno e o famoso “Zé Doido”, a equipe da SEPARN seguiu para a região da Serra de Patu, passando pela área do Santuário do Lima e seguindo para o Sítio Canto. Nesta localidade foram demarcadas as trilhas para o conhecido Mirante 47 e a Furna dos Porcos.
Estas duas trilhas podem ser utilizadas de forma conjunta ou percorridas separadamente. A trilha do Mirante 47 tem início na estrada carroçável diante da residência principal do Sítio Canto e prolonga-se até este mirante. A trilha da Furna dos Porcos tem início a partir de uma bifurcação da primeira trilha.
Na propriedade rural denominada Sítio Canto, encontramos a Sra. Maria Zuíla, que além de nos receber da melhor maneira, ainda comentou que entre seus antepassados havia a referência que a Furna dos Porcos há muito tempo é conhecida dos moradores do alto da serra, que os “antigos” informaram ter sido este local um ponto de abrigo dos cangaceiros do bando de Jesuíno Brilhante e, mais recentemente, de caçadores da região que em algumas ocasiões capturavam Porcos do Mato, ou Caititu (Tayassu tajacu), na atualidade praticamente extintos na região.
Da casa do Sítio Canto iniciamos nossa marcha em direção a cavidade natural, sempre acompanhados por uma bela paisagem serrana da região e passando por pequeno trecho de mata. Nesta área de mata, onde o altímetro do GPS apontava a altitude de 691 metros, encontra-se uma rocha próxima a um umbuzeiro, logo depois, a direita existe uma bifurcação, que será o início da Trilha da Furna dos Porcos. A partir deste último, tem-se uma caminhada em descendente para o chamado Mirante 47.
Com altitude de 670 metros, este belo mirante é um ponto da Serra de Patu sem vegetação, com mais de 100 m² de área, com vista panorâmica da região do Médio Oeste Potiguar. Possui uma fantástica beleza, de fácil acesso, onde na trilha podem-se visualizar os dois lados da serra. Sempre com clima agradável. A questão do nome Mirante 47 não ficou esclarecida, sendo desconhecida dos nossos guias.
Trilha em Meio a Mata
Passamos a seguir em descendente, por trilha pouco utilizada, em mata fechada, com vegetação bem conservada, possuindo um grau de dificuldade quanto ao deslocamento considerado difícil pela equipe.
Em um determinado ponto existe um pequeno lajedo com blocos de granito, onde foram vistos restos da alimentação de Macacos Prego (Cebus apela). Aqui foi possível escutar sons característicos de bandos de primatas, contudo, não foi possível visualizá-los.
Deste ponto voltamos à mata por trilha muito mais fechada, com muito mais dificuldades, avançando lentamente em meio à cerrada vegetação. Em compensação a beleza da região é estonteante, com mirantes de fantástica visualização.
Depois de quatro horas de caminhada no alto da serra, onde foram percorridos poucos quilômetros, estávamos próximos a Furna dos Porcos.
Na Furna dos Porcos
Até a visita da SEPARN a região, esta cavidade natural não havia sido incluída no Cadastro Nacional de Cavernas (CNC), da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), talvez por suas dimensões limitadas e a sua gênese ser extremamente simples no contexto espeleológico.
Independente desta questão a cavidade é basicamente uma grande laje de granito que devido ao provável deslocamento natural provocado pelo intemperismo, ocasionou o depósito desta laje sobre outros blocos menores, formando o abrigo. Suas dimensões são 22,75 metros de área frontal e uma profundidade que varia de 3 a 8,20 metros. Possui um desnível de 45° (estimado visualmente). Sua área interna é pequena, passível de utilização como abrigo de forma limitada. Não encontramos nenhum registro rupestre que pudesse apontar uma utilização muito mais antiga.
Percebemos que entre os atributos mais importantes da Furna dos Porcos para um grupo de cangaceiros que desejasse utilizá-la, estavam a sua dificuldade de acesso, localização privilegiada com ampla visão da região e poderia ser uma alternativa de abrigo por tempo limitado.
Sobre sua fauna podemos comentar que não foram vistos quirópteros, existindo uma quantidade considerável de vespas e marimbondos e foi visualizada uma cobra Jibóia (Boa constrictor), uma espécie essencialmente arborícola que se alimenta de pequenos vertebrados e ovos, mede cerca de 2,5 metros de comprimento, é grande predadora de ninhos e roedores, não é venenosa e mata suas presas por constrição. Este abrigo está localizado diante de um belo mirante (que praticamente se sucedem em toda a extensão da trilha), criando um interessante cenário paisagístico.
Apesar dos poucos atributos espeleológicos, a decisão da equipe da SEPARN de cadastrar esta cavidade no CNC, deveu-se ao fato da mesma estar inserida dentro de uma trilha com perfeitas condições de utilização dentro do conceito de turismo ecológico (ao qual a municipalidade na época pleiteava seu desenvolvimento).
Outra característica especial da Furna dos Porcos foi apontado pelo altímetro do GPS. O local está a 637 metros de altitude, possuindo assim a maior altitude aferida para cavidades naturais no Rio Grande do Norte, cadastradas no CNC da SBE. As outras cavidades potiguares localizadas em altitude são a Furna das Andorinhas (Cadastrada no CNC com a numeração RN-131, localizada na serra do Bico da Arara, na cidade de Acari, com 632 metros de altitude) e a Gruta das Pinturas Rupestres (RN 136, localizada na Serra Verde, cidade de Cerro Corá, com 608 metros de altitude).
Fundamentos para Acreditar que a Furna dos Porcos foi Esconderijo do Cangaceiro Jesuíno Brilhante
Visitar a Furna dos Porcos foi uma experiência fantástica, mas existia a dúvida se o local havia sido realmente utilizado pelo cangaceiro Jesuíno Brilhante e seu bando. Não poderíamos apenas creditar a oralidade popular que esta informação era correta e dar a situação como encerrada. Teríamos que percorrer de GPS na mão as trilhas existentes na região, para encontrar o fundamento desta afirmação.
Soubemos que no alto da serra, desde os primeiros tempos que os brancos vieram para a região, trilhas foram abertas nas altitudes mais elevadas da Serra de Patu. A razão está na possibilidade de encontrar um micro clima mais ameno, bastante diferenciado em relação às altitudes mais baixas, onde a lavoura poderia ser melhor trabalhada, principalmente nos períodos de longa estiagem.
Percorremos então quatro trilhas que são relatadas pelas pessoas mais idosas e que vivem no alto da Serra de Patu como as mais antigas, as quais foram denominadas de “Trilhas Históricas”.
Foi neste dia que nos deparamos com um pequeno grupo de primatas, identificados por um membro da equipe como sendo da espécie Macaco Prego. São necessários maiores estudos por especialistas para identificação correta desta espécie e sua importância para o ecossistema da região.
Estas trilhas ainda são esparsamente utilizadas pela população local, sem maiores obstáculos, onde se caminha de forma fácil e ordenada, sempre com uma temperatura extremamente agradável (vale ressaltar que no dito dia, estava um clima aberto e com muito sol). Em uma delas existe a margem do caminho um antigo e desativado cacimbão de água, feito de tijolos grandes, mas sem nenhuma casa, ou restos de moradias nas proximidades. Segundo nossos guias, esse cacimbão era utilizado para dar águas aos animais das tropas de burros que percorriam a região em demanda da Paraíba.
Especificamente uma destas trilhas alcança, com bastante dificuldade, a Caverna de Jesuíno Brilhante e a Fazenda Cajueiro. A trilha possui bifurcações que alcançam as antigas fazendas Fortuna, Escondido, Corredor e Trapiá, sendo estas três últimas propriedades localizadas próximas à fronteira com a Paraíba, ou já inseridas no vizinho território estadual. Se levarmos em consideração que o período do cangaço de Jesuíno Brilhante ocorreu a mais de 140 anos, é provável que a utilização continuada desta trilha pelos moradores da região possa superar os 200 anos.
Conclusão
Evidente que diante da falta de documentação comprobatória, gerada pela autoridade policial da época, não se terá uma confirmação total em relação a esta questão.
De concreto podemos afirmar que é totalmente possível que durante a atuação do grupo de cangaceiros chefiados por Jesuíno Brilhante na região, eles tenham feito uso de outras cavidades naturais localizadas na área de altitude do grande maciço granítico que forma a Serra de Patu. Isso fica patente diante da acessibilidade comprovadamente existente entre a Gruta de Jesuíno Brilhante (na Fazenda Cajueiro) e a Furna dos Porcos (no Sítio Canto). Aliado a isso temos a tradição oral dos moradores do alto da serra.
E parece que a utilização de grutas e cavidades na região por cangaceiros era ainda mais ampla.
Após mapearmos estas trilhas, em contato com moradores da região (alguns de idade avançada) ficamos sabendo que na parte da Serra do Cajueiro, com a face voltada para o Sítio Escondido, há ainda mais três a quatro abrigos sobre rocha. Em um deles, segundo os moradores, ainda existem estacas de árvores da região, que poderiam apontar a sua utilização para armar redes de dormir, e fuligem no teto destes abrigos.
Este dado poderia indicar um novo abrigo do antigo grupo de cangaceiros de Jesuíno Brilhante. Esta informação é muito importante para os que estudam o fenômeno de banditismo social do cangaço e a atuação deste grupo de cangaceiros, além da existência de novas cavidades na região.
Devido ao encerramento do projeto, em razão da falta de apoio material a este trabalho, estas outras cavidades não puderam ser visitadas.
comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.
Os resultados deste trabalho foram apresentados no 27º Congresso Brasileiro de Espeleologia, ocorrido na cidade mineira de Januária e promovido pela SBE – Sociedade Brasileira de Espeleologia. (Ver http://tokdehistoria.wordpress.com/2011/05/19/a-gruta-do-cangaceiro-jesuino-brilhante-patu-rn/ e http://www.sbe.com.br/anais27cbe/J1-03.pdf).
Este projeto, que contou com o apoio da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, sob a presidência de Kidelmyr Dantas, da Prefeitura Municipal de Patu, nas pessoas dos Senhores Ricardo Veriano (Secretário de Cultura de Patu) e Fanny Carlos (Secretário de Turismo de Patu) e teve como coordenador o pesquisador Epitácio Andrade Filho.
Entre as novas atribuições da SEPARN na época estavam a pesquisa sobre a área de atuação deste cangaceiro na região específica do grande maciço da Serra de Patu e região, a demarcação de trilhas históricas percorridas pelos cangaceiros, a análise da existência de novas grutas que eventualmente serviram para abrigo deste bando e apoiar outros pesquisadores. A equipe da SEPARN era composta pelo autor deste artigo (Espeleólogo inscrito na SBE Nº. 1528), por Natalia Edith Petersen (Biomédica e Espeleóloga inscrita na SBE sob o Nº. 1374) e o Jeová Costa França (Espeleólogo da SEPARN).
Contando com um perfeito apoio da comunidade local, foram mapeadas quatro trilhas no alto da serra e foi possível fazer o reconhecimento preliminar de uma cavidade conhecida como Furna dos Porcos, que a tradição oral aponta como outro refúgio do cangaceiro Jesuíno Brilhante.
O Caminho até o Mirante 47
Acompanhados dos guias locais Manoel, Zé Pequeno e o famoso “Zé Doido”, a equipe da SEPARN seguiu para a região da Serra de Patu, passando pela área do Santuário do Lima e seguindo para o Sítio Canto. Nesta localidade foram demarcadas as trilhas para o conhecido Mirante 47 e a Furna dos Porcos.
Estas duas trilhas podem ser utilizadas de forma conjunta ou percorridas separadamente. A trilha do Mirante 47 tem início na estrada carroçável diante da residência principal do Sítio Canto e prolonga-se até este mirante. A trilha da Furna dos Porcos tem início a partir de uma bifurcação da primeira trilha.
Na propriedade rural denominada Sítio Canto, encontramos a Sra. Maria Zuíla, que além de nos receber da melhor maneira, ainda comentou que entre seus antepassados havia a referência que a Furna dos Porcos há muito tempo é conhecida dos moradores do alto da serra, que os “antigos” informaram ter sido este local um ponto de abrigo dos cangaceiros do bando de Jesuíno Brilhante e, mais recentemente, de caçadores da região que em algumas ocasiões capturavam Porcos do Mato, ou Caititu (Tayassu tajacu), na atualidade praticamente extintos na região.
Da casa do Sítio Canto iniciamos nossa marcha em direção a cavidade natural, sempre acompanhados por uma bela paisagem serrana da região e passando por pequeno trecho de mata. Nesta área de mata, onde o altímetro do GPS apontava a altitude de 691 metros, encontra-se uma rocha próxima a um umbuzeiro, logo depois, a direita existe uma bifurcação, que será o início da Trilha da Furna dos Porcos. A partir deste último, tem-se uma caminhada em descendente para o chamado Mirante 47.
Com altitude de 670 metros, este belo mirante é um ponto da Serra de Patu sem vegetação, com mais de 100 m² de área, com vista panorâmica da região do Médio Oeste Potiguar. Possui uma fantástica beleza, de fácil acesso, onde na trilha podem-se visualizar os dois lados da serra. Sempre com clima agradável. A questão do nome Mirante 47 não ficou esclarecida, sendo desconhecida dos nossos guias.
Trilha em Meio a Mata
Passamos a seguir em descendente, por trilha pouco utilizada, em mata fechada, com vegetação bem conservada, possuindo um grau de dificuldade quanto ao deslocamento considerado difícil pela equipe.
Em um determinado ponto existe um pequeno lajedo com blocos de granito, onde foram vistos restos da alimentação de Macacos Prego (Cebus apela). Aqui foi possível escutar sons característicos de bandos de primatas, contudo, não foi possível visualizá-los.
Deste ponto voltamos à mata por trilha muito mais fechada, com muito mais dificuldades, avançando lentamente em meio à cerrada vegetação. Em compensação a beleza da região é estonteante, com mirantes de fantástica visualização.
Depois de quatro horas de caminhada no alto da serra, onde foram percorridos poucos quilômetros, estávamos próximos a Furna dos Porcos.
Na Furna dos Porcos
Até a visita da SEPARN a região, esta cavidade natural não havia sido incluída no Cadastro Nacional de Cavernas (CNC), da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), talvez por suas dimensões limitadas e a sua gênese ser extremamente simples no contexto espeleológico.
Independente desta questão a cavidade é basicamente uma grande laje de granito que devido ao provável deslocamento natural provocado pelo intemperismo, ocasionou o depósito desta laje sobre outros blocos menores, formando o abrigo. Suas dimensões são 22,75 metros de área frontal e uma profundidade que varia de 3 a 8,20 metros. Possui um desnível de 45° (estimado visualmente). Sua área interna é pequena, passível de utilização como abrigo de forma limitada. Não encontramos nenhum registro rupestre que pudesse apontar uma utilização muito mais antiga.
Percebemos que entre os atributos mais importantes da Furna dos Porcos para um grupo de cangaceiros que desejasse utilizá-la, estavam a sua dificuldade de acesso, localização privilegiada com ampla visão da região e poderia ser uma alternativa de abrigo por tempo limitado.
Sobre sua fauna podemos comentar que não foram vistos quirópteros, existindo uma quantidade considerável de vespas e marimbondos e foi visualizada uma cobra Jibóia (Boa constrictor), uma espécie essencialmente arborícola que se alimenta de pequenos vertebrados e ovos, mede cerca de 2,5 metros de comprimento, é grande predadora de ninhos e roedores, não é venenosa e mata suas presas por constrição. Este abrigo está localizado diante de um belo mirante (que praticamente se sucedem em toda a extensão da trilha), criando um interessante cenário paisagístico.
Apesar dos poucos atributos espeleológicos, a decisão da equipe da SEPARN de cadastrar esta cavidade no CNC, deveu-se ao fato da mesma estar inserida dentro de uma trilha com perfeitas condições de utilização dentro do conceito de turismo ecológico (ao qual a municipalidade na época pleiteava seu desenvolvimento).
Outra característica especial da Furna dos Porcos foi apontado pelo altímetro do GPS. O local está a 637 metros de altitude, possuindo assim a maior altitude aferida para cavidades naturais no Rio Grande do Norte, cadastradas no CNC da SBE. As outras cavidades potiguares localizadas em altitude são a Furna das Andorinhas (Cadastrada no CNC com a numeração RN-131, localizada na serra do Bico da Arara, na cidade de Acari, com 632 metros de altitude) e a Gruta das Pinturas Rupestres (RN 136, localizada na Serra Verde, cidade de Cerro Corá, com 608 metros de altitude).
Fundamentos para Acreditar que a Furna dos Porcos foi Esconderijo do Cangaceiro Jesuíno Brilhante
Visitar a Furna dos Porcos foi uma experiência fantástica, mas existia a dúvida se o local havia sido realmente utilizado pelo cangaceiro Jesuíno Brilhante e seu bando. Não poderíamos apenas creditar a oralidade popular que esta informação era correta e dar a situação como encerrada. Teríamos que percorrer de GPS na mão as trilhas existentes na região, para encontrar o fundamento desta afirmação.
Soubemos que no alto da serra, desde os primeiros tempos que os brancos vieram para a região, trilhas foram abertas nas altitudes mais elevadas da Serra de Patu. A razão está na possibilidade de encontrar um micro clima mais ameno, bastante diferenciado em relação às altitudes mais baixas, onde a lavoura poderia ser melhor trabalhada, principalmente nos períodos de longa estiagem.
Percorremos então quatro trilhas que são relatadas pelas pessoas mais idosas e que vivem no alto da Serra de Patu como as mais antigas, as quais foram denominadas de “Trilhas Históricas”.
Foi neste dia que nos deparamos com um pequeno grupo de primatas, identificados por um membro da equipe como sendo da espécie Macaco Prego. São necessários maiores estudos por especialistas para identificação correta desta espécie e sua importância para o ecossistema da região.
Estas trilhas ainda são esparsamente utilizadas pela população local, sem maiores obstáculos, onde se caminha de forma fácil e ordenada, sempre com uma temperatura extremamente agradável (vale ressaltar que no dito dia, estava um clima aberto e com muito sol). Em uma delas existe a margem do caminho um antigo e desativado cacimbão de água, feito de tijolos grandes, mas sem nenhuma casa, ou restos de moradias nas proximidades. Segundo nossos guias, esse cacimbão era utilizado para dar águas aos animais das tropas de burros que percorriam a região em demanda da Paraíba.
Especificamente uma destas trilhas alcança, com bastante dificuldade, a Caverna de Jesuíno Brilhante e a Fazenda Cajueiro. A trilha possui bifurcações que alcançam as antigas fazendas Fortuna, Escondido, Corredor e Trapiá, sendo estas três últimas propriedades localizadas próximas à fronteira com a Paraíba, ou já inseridas no vizinho território estadual. Se levarmos em consideração que o período do cangaço de Jesuíno Brilhante ocorreu a mais de 140 anos, é provável que a utilização continuada desta trilha pelos moradores da região possa superar os 200 anos.
Conclusão
Evidente que diante da falta de documentação comprobatória, gerada pela autoridade policial da época, não se terá uma confirmação total em relação a esta questão.
De concreto podemos afirmar que é totalmente possível que durante a atuação do grupo de cangaceiros chefiados por Jesuíno Brilhante na região, eles tenham feito uso de outras cavidades naturais localizadas na área de altitude do grande maciço granítico que forma a Serra de Patu. Isso fica patente diante da acessibilidade comprovadamente existente entre a Gruta de Jesuíno Brilhante (na Fazenda Cajueiro) e a Furna dos Porcos (no Sítio Canto). Aliado a isso temos a tradição oral dos moradores do alto da serra.
E parece que a utilização de grutas e cavidades na região por cangaceiros era ainda mais ampla.
Após mapearmos estas trilhas, em contato com moradores da região (alguns de idade avançada) ficamos sabendo que na parte da Serra do Cajueiro, com a face voltada para o Sítio Escondido, há ainda mais três a quatro abrigos sobre rocha. Em um deles, segundo os moradores, ainda existem estacas de árvores da região, que poderiam apontar a sua utilização para armar redes de dormir, e fuligem no teto destes abrigos.
Este dado poderia indicar um novo abrigo do antigo grupo de cangaceiros de Jesuíno Brilhante. Esta informação é muito importante para os que estudam o fenômeno de banditismo social do cangaço e a atuação deste grupo de cangaceiros, além da existência de novas cavidades na região.
Devido ao encerramento do projeto, em razão da falta de apoio material a este trabalho, estas outras cavidades não puderam ser visitadas.
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Parabéns pela belíssima informação, pois na verdade deveria haver mais empenho de nossa parte em conhecer de perto as belezas do nosso Nordeste e principalmente quando são históricas.
ResponderExcluirTenho uma viagem programada a Patu e tentarei conhecer essa maravilha.
Conheça melhor esta região acessando
ResponderExcluirhttp://www.panoramio.com/user/1197123