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quarta-feira, 17 de junho de 2020

PAU DOS FERROS EM 04 DE SETEMBRO DE 1956

[Antigos casarões em evidência]
Fotografias: Fausto Fernandes e
Edna Souza
/ Recortes: Victor Mendes
Acervo: Ponto de Memória Pau-Ferrense
Pau dos Ferros é o que tenho de melhor em minha memória. Cidade onde cresci e aprendi a (sobre)viver. Sinto saudades das conversas de calçada e dos diálogos repletos de crenças populares, como os da coruja "rasga-mortalha"; de pedir a benção aos mais velhos, por quem devíamos ter maior respeito; de ver Irmã Geralda andando pelas ruas em busca de carona; de tomar água na "casa do padre"; e de observar, de longe, as três Marias da Barragem passando pela rua.
Na parede da memória de hoje, apresento o evento do ano de 1956, ano do Bicentenário da Paróquia de Nossa Senhora Imaculada Conceição e do Centenário de Emancipação Política. Nesse evento, ocorreu a inauguração do Obelisco (marco identitário da cultura pau-ferrense). A título de informação, o obelisco foi construído em memória à árvore oiticica que, frondosa e com copa avantajada, dava descanso aos vaqueiros e servia de material para esfriar o ferro quente que marcava o gado (daí vem o nome Pau dos Ferros).
Os recortes que fiz dão ênfase aos antigos casarões do centro da cidade (da Praça da Matriz), hoje demolidos ou descaracterizados. Uma pena! Dói na alma e aperta o coração. Eram verdadeiras obras de arte da arquitetura do século XIX e XX.
Lembro que quando eu era criança costumava ir à missa aos domingos com a minha mãe. Para chegar à igreja, passávamos pela calçada dos bonitos casarões... Eu, na época com menos de 10 anos, parava, ficava olhando, e dizia a minha mãe: "Mãe, quando eu crescer, eu quero uma casa desse jeito". Ela sorria (talvez imaginando que nós, pobres, não teríamos essa condição), e dizia: "Se Deus quiser, meu filho".
O centro de Pau dos Ferros já foi palco de ricas atividades culturais populares, do embalo do repentista; das cantigas de roda do pastoril; dos cordelistas que vendiam sua valiosa poesia ao preço de R$ 1,00; e das figuras folclóricas que estavam sempre pelo centro da cidade. Tudo isso era mágica, e o cenário contribuía para a magia da narrativa.
Os casarões que evidenciei através dos recortes já não existem mais, e como nos bem disse Belchior: "Na parede da memória, essa lembrança é o quadro que dói mais".
Victor Rafael do Nascimento Mendes.







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