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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O BAIRRO ALTO DO AÇUDE

            Nasci e me criei no bairro Alto do Açude, agora N.Sra das graças. Hoje, num daqueles meus ataques de saudosismo quero me lembrar de alguns aspectos desse meu bairro querido, de pessoas e lugares que marcaram minha vida para sempre.
              Não sei porque,mas a primeira coisa que veio na mente foi a "bodega" de D. Zefinha. D. Zefinha era um personagem amável e ao mesmo tempo estranho. Usava vestidos de diversas cores, mas todos do mesmo modelo. Mastigava ou ruminava constantemente como se tivesse bruxismo, apesar de usar "chapa". Falavam que ela teve filhos gêmeos em dias diferentes (tú acha??), diziam também que ela era uma espécie de " alcoviteira" de namoros proibidos. Sei que sempre havia um cliente especial em seu "reservado". Boa de contas que só vendo, tirava a prova dos nove quase cantada.
          Havia também a bodega de Valdemar Bezerra, que era, digamos, mais elitista. D.Zefinha ganhava em popularidade.
         Continuo logo logo.
        Vianney

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

1830 – O REGISTRO DE BATISMO DE ANTÔNIO CONSELHEIRO

O PRIMEIRO DOCUMENTO OFICIAL DE UM GAROTO
CEARENSE QUE MUDOU A HISTÓRIA DO BRASIL

      O documento que vou apresentar no nosso Tok de História é como está documentado o batismo de Antônio Vicente Mendes Maciel, que ficaria conhecido na história do Brasil como Antônio Conselheiro.
Esta é a íntegra do texto;
        “Aos vinte e dois de maio de mil oitocentos e trinta batizei e pus os Santos Óleos nesta Matriz de Quixeramobim ao párvulo Antônio, pardo, nascido aos treze de março do mesmo ano supra, filho natural de Maria Joaquina. Foram padrinhos, Gonçalo Nunes Leitão e Maria Francisca de Paula. Do que, para constar, fiz este termo, em que me assinei.
O Vigário, Domingos Álvaro Vieira”
- Livro de Assentamentos de Batizados da Paróquia de Quixeramobim, Livro 11, fl. 221 v.
O registro de batismo de Antônio Conselheiro


       Este documento já a muito havia sido pesquisado pelo cearense Ismael Pordeus, que inclusive já havia publicado na íntegra, no periódico cearense “O Nordeste”, na edição de quinta feira, 6 de julho de 1949.
     Mas lendo com calma o que está escrito no Livro de Assentamentos algumas equenas e interessantes informações surgem.
Visão que a imprensa conservadora do final do séc. XIX tinha de Antônio Conselheiro


        Primeiramente temos que registrar que Antônio Vicente Mendes Maciel nasceu em Quixeramobim, Ceará, em 13 de março de 1830, uma quinta feira, em um ano considerado seco.
Casa onde nasceu Atônio Conselheiro, ainda preservada na rua Cônego Aureliano Mota, nº 210, próximo à Praça Dias Ferreira, Quixeramobim, Ceará - Fonte - Magno Lima

      Era filho do comerciante Vicente Mendes Maciel e de Maria Joaquina de Jesus. Para outros o nome da sua mãe era Maria Joaquina do Nascimento, tinha o apelido de Maria Chana e ainda Maria Maciel (In Benício, Manuel. O Rei dos Jagunços, Rio de Janeiro, Editora Fundação Getúlio Vargas, 1997, Págs. 8 e 9, 2ª Ed. / Levine, Robert. O sertão prometido-O massacre de canudos, São Paulo, EDUSP, 1995, Págs.181 a 183, 1ª Ed.).
      Dois meses depois do nascimento do jovem Antônio Maciel, no dia 22 de maio de 1830, um sábado, ele foi batizado na Matriz de Quixeramobim, uma majestosa igreja construída em 1755, cujo padroeiro é Santo Antônio, sendo considerado o primeiro templo religioso da região do Sertão Central do Ceará.
Matriz de Quixeramobim - Fonte - Walter Leite

         Coincidentemente, o dia em que o jovem Antônio Maciel foi batizado é dedicado pela Igreja católica a devoção da monja agostiniana batizada como Rita, que morreu na cidade de Cássia, no ano de 1457, na província de Umbria, Itália. Mas não existe nenhuma indicação que a mãe de Antônio Maciel, Dona Maria Joaquina, fosse devota desta santa e decidiu batizar seu filho neste dia.
    Certo é que ao lemos o Livro de Assentamentos de Batizados da Paróquia de Quixeramobim, Livro 11, fl. 221 v., atualmente pertencente à Diocese da cidade cearense de  Quixadá, vemos que somente o jovem Antônio foi batizado naquele sábado.
Capa do livro de Assentamentos, onde está o registro de Antônio Conselheiro


      Primeiramente chama atenção na foto do registro, logo abaixo do nome “Antônio”, a designação de sua cor como sendo “Pardo”, o que aponta o alcance das designações raciais no Nordeste do Brasil daquela época.
Percebemos a ausência do pai no registro e, provavelmente, na própria cerimônia.
     Para aqueles que estudam a vida do Conselheiro, a ausência documentada de Vicente Maciel naquele livro de registro e a possível ausência na cerimônia de batismo de seu único filho varão não é nenhuma novidade.
      Vicente era tido como um homem direito, trabalhador, mas muito complicado, como se diz atualmente. Estava no segundo casamento, era parcialmente surdo, considerado taciturno, que ocasionalmente realizava péssimos negócios que geravam dívidas e era alcoólatra. Em uma ocasião, quando bêbado, havia espancado a primeira mulher quase até a morte.
    Analisando as folhas de batismo dos meses anteriores e posteriores ao batizado de Antônio Maciel, o seu registro é o único que não consta o nome do pai.
Teria havido problemas com o vigário local?
Ou alguma alteração séria teria ocorrido na época, a ponto de indispôr Vicente com o meio social do seu lugar e comprometer sua participação no evento?
Ou estaria vergado de cachaça, sem condições físicas para participar da cerimônia?
A razão não se sabe. Mas seu nome não consta do documento.
Igualmente nada sabemos dos padrinhos Gonçalo Nunes Leitão e Maria Francisca de Paula.
Outra situação interessante diz respeito ao nome do vigário. Para muitos o nome do representante da igreja em Quixeramobim que batizou Antônio Maciel seria Antônio Álvaro Vieira. Mas analisando a sua assinatura, o nome que surge é Antônio Alvares Vieira. Na foto da assinatura do vigário é possível distinguir nitidamente o “S” de Alvares.
Assinatura do vigário Antônio Alvares Vieira


      Sendo este o nome correto do vigário, encontramos a figura de Domingos Alvares Vieira, um religioso católico nascido na cidade pernambucana de Goiana e batizado em 22 de outubro de 1795. Era filho de José Alvares Vieira e de Francisca Lourenço. Ordenou-se em Olinda e depois foi vigário no Ceará (Em Quixeramobim?).
   Depois tornou-se lente do Liceu da Paraíba. Teve participação política, onde foi Deputado Provincial da Paraíba, na 1.ª Legislatura, cuja sessão de instalação ocorreu no dia 7 de abril de 1835. Foi Deputado à Assembleia Geral, pela Paraíba, na 3.ª Legislatura, de 3 de maio de 1834 a 15 de outubro de 1837.
         Após esta experiência política, o sacerdote Vieira voltou a Goiana de onde foi vigário durante muitos anos. Foi Conselheiro do Governo de Manuel de Carvalho e ainda vivia em 1849. (In Pio, Fernando. Apontamentos Biográficos do Clero Pernambucano (1535 – 1935). Recife, Arquivo Público, 1994, 2 volumes).
    Seria o religioso Vieira, que foi Deputado Provincial, o mesmo que anos antes batizou uma criança que se tornaria Antônio Conselheiro?
O registro do jovem Antônio Maciel é o primeiro da folha esquerda

         Infelizmente é outro questionamento sem uma resposta.
Sobre o local de nascimento de Antônio, segundo material contido no site http://meltingpot.fortunecity.com/hornsey/372/evolucao.htm, informa que Quixeramobim primeiramente surgiu a partir de uma propriedade denominada Santo Antônio. Depois o lugarejo foi paulatinamente evoluindo pra a pequena povoação denominada Santo Antônio do Boqueirão, ou Santo Antônio de Quixeramobim.
   Consta que oficialmente o lugarejo  pertenceu primeiramente à Vila de São José de Ribamar do Aquiraz até a sua elevação a vila, o que se confirma mais uma vez com asa transcrições que se seguem: Ao ouvidor Manuel de Magalhães Pinto de Avelar de Barbedo “coube-lhe instalar a Vila de Campo Maior de Quixeramobim, até então pertencente a Aquiraz, a 13 de junho de 1789″.
      O site ainda aponta que os sertões de Quixeramobim eram constituídos de vastos campos que se estendiam pelas planícies adjacentes. Porém, sobre o nome Campo Maior a verdade histórica aponta que por orientação do marquês de Pombal, primeiro ministro de D. José I, foi expedida uma Carta Régia, datada de 6 de maio de 1758, determinando que toda vila a serem criada no Brasil-Colônia, teriam que receber nomes de localidades existentes em Portugal. Essa medida perdurou até metade do ano de 1803, quando deixou de ser cumprida.
Quixeramobim atualmente - Fonte - Magno Lima


       Ao ser elevada a categoria de vila, o lugarejo teve seu nome mudado para Vila de Campo Maior, devido à determinação contida na lei acima. O nome de Vila de Campo Maior não foi bem aceito pela população, que continuou a fazer uso do termo Quixeramobim, isto é, Vila de Quixeramobim e, raramente, Vila de Campo Maior de Quixeramobim.
Outra visão do texto original


      Na época do nascimento de Antônio Vicente Mendes Maciel, a comunidade já era conhecida apenas como Quixeramobim e assim está descrito nos autos do batismo.
O resto da história de Antônio Conselheiro é bem conhecido e todos sabem o seu desfecho.
P.S. – Um agradecimento todo especial aos membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, sede de Natal,  pelo apoio na realização deste artigo. (http://www.lds.org.br)
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                                                                                                                  By Rostand Medeiros

terça-feira, 18 de outubro de 2011

DESCULPAS

Peço desculpas aos nossos queridos leitores pelo atraso nas postagens.Estou com minha mãe infartada e precisando de cuidados extremos.Se Deus quiser logo voltarei com muitas matérias interessantes.
        Beijos e torçam por nós!
             Vianney

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

CIA DANÇARTE: LUXO E PERFEIÇÃO

  
            A Cia Dançarte nasceu há 5 anos do empenho da Secretária de Ação Social Emília Suzana e a determinação de um grupo de jovens ligados aos programas sociais do município. De humildes nunca tiveram nada, sempre foram ousados desde o princípio. Com coreografias de Raul de Castro, o grupo é sempre um colírio para os nossos olhos. A Produção que Emília cria não deixa nada a dever  aos melhores grupos de São Paulo, deixando-os em condição de se apresentar em qualquer grande palco do Brasil ( E olhe que eu tenho a língua afiada...!)
              O último espetáculo, apresentado no Vitrine Cultural, "o circo", foi " de torar a alça do corpete". como diz uma amiga próxima.
            PARABÉNS!!!!!!!!!!!!!!!!!
             Ainda estou de queixo caído.
           Sucesso!!!!!!!!!!!!!!!