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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

PERFIL



         José Ubirajara de Morais, Dr. Bira, nasceu em Francisco Dantas em 19/03/1933, filho de Francisco de Assis Morais e Francisca Dantas de Araújo. Desde cedo morou com os avós maternos, Francisco Dantas de Araújo (1º prefeito eleito de Pau dos Ferros em 1930) e Josefa Dantas de Araújo que carinhosamente o adotaram como filho. Assim, passou a residir na Fazenda Sacramento em Francisco Dantas. Na Fazenda iniciou seus estudos e foi alfabetizado pela professora Suzete, para logo em seguida ingressar no grupo escolar Joaquim Correia, concluindo o ensino primário em 1948. Logo após foi residir em Natal para dar continuidade aos estudos; lá estudou no ATHENEU Norterriograndense e cursou também a Faculdade de Farmácia  e Odontologia, chegando à graduação em 1958.
      Terminando a faculdade fixou residência em Pau dos Ferros onde montou um consultório odontológico. Aqui também contraiu núpcias com Maria Cristina Diógenes e dessa união nasceram os filhos Cadidja e Rosseau.
        Um fato curioso em Dr. Bira e que cheguei a presenciar, era o uso de Hipnose em alguns pacientes. Não fazia uso do método corriqueiramente, mas usava de preferência em pacientes nervosos ou alérgicos aos anestésicos bucais.
           Sempre alimentado pela sede do saber e na tentativa de adquirir novos e diversificados conhecimentos, cursou a Faculdade de Direito em Souza na Paraíba. Exercendo assim, a profissão de advogado por bastante tempo. Embora mais como um trabalho filantrópico do que como profissão remunerada.
         O Dr. Bira como todos carinhosamente o chamavam, destacava-se e era admirado pela sua inteligência brilhante, seu cabedal de conhecimentos, sua oratória eloquente, o seu temperamento afável, a sua filosofia de vida, de simplicidade o que o tornou uma pessoa carismática, tendo sido eleito pela vontade do povo, vice prefeito de Pau dos Ferros de 1970 a 1973 e prefeito de Francisco Dantas de 1973 a 1977.
       Faleceu em Natal em Dezembro de  2013 e foi enterrado com honras em Pau dos Ferros, cidade que sempre lhe acolheu. Em 2010, ele foi um dos meus entrevistados para o documentário "Memória Pauferrense". Um grande homem sem dúvida.

                                                                            By: Israel Vianney

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

FINALMENTE ALGUÉM COM CORAGEM PRA DIZER A VERDADE.



A revista Playboy de Dezembro de 2013, traz uma crônica de Mario Prata na página 38 e que me deixou muito feliz, por saber que alguém concorda comigo, em se tratando de um assunto tão sagrado como o famigerado Hino nacional. Lá pelo meio do artigo ele diz:" O hino Nacional virou uma vulgaridade que sinceramente não sei a quem pode interessar. Antes do jogo ficam os caras ali do asa de Arapiraca e do Bragantino, o hino tocando nos alto-falantes e os 20 e dois atletas com aquela cara de ignaros confessos, mexendo os lábios, sem ter a mínima idéia do que significavam plácidas, fúlgidos, penhor, impávido, fulguras ,florão, garrida, lábaro ou mesmo clava. A culpa não é deles gente. e o que esse monte de palavras quer dizer???...Só que a letra do hino nacional, cá entre nós, é um desastre parnasiano...
  Hino, não sei por que, me lembra a ditadura, me lembra Hitler, guerra, idade média..A quem interessa tocar o hino nacional???   Quem puder leia o artigo na íntegra....Eu particularmente  ADOREI!!!!
                      VIANNEY

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Perdas e Danos na Seca


  As maiores secas ocorridas em Pau dos Ferros, e provavelmente nas regiões vizinhas, dos quais temos registro, aconteceram nos anos de 1877, 1915, 1939, 1970, 1982 e 2013. Cada uma delas com suas particularidades. Em 1877, além da seca terrível, Pau dos Ferros foi assolada por uma peste de "Cólera Morbus", e os registros apontam mais de 200 mortes, num lugar onde mal passávamos de 800 pessoas. Para sepultar as vítimas, foram cavadas valas coletivas, num lugar afastado das residências e que, segundo relatos orais, situava-se onde hoje fica a Escola Municipal Prof. Severino Bezerra  e adjacências.
   Na seca de 1915, ouvi muito meu avô Jorge Guedes do Rêgo falar que as pessoas chegavam a comer um cacto conhecido por "Palmatória" para amenizar a fome, mas que acabava causando vômito e diarreias sanguinolentas.
    Em 1970, aconteceu uma enorme migração de nordestinos em busca de melhores condições na região sudeste, apesar de uma intervenção governamental nunca antes vista, empregando temporariamente os "cassacos" na construção de estradas e pequenos açudes . Grande parte dos que migraram nessa época, construíram belos patrimônios, chegando a voltar anos depois na condição de pequenos e médios empresários.
     Apesar de aura trágica, a seca também traz benefícios para um pequeno grupo. Atualmente podemos citar, os donos de carro pipa, os vendedores de água engarrafada, os proprietários de terrenos urbanos em áreas periféricas e, claro, grande parte da classe política, que em troca de voto, prestam pequenos favores inundam os palanques com falsas promessas.
  Tenho um exemplo de ganho durante a seca, muito próximo. Meu pai, Fausto Fernandes, em 1970 era um dos poucos fotógrafos da região. Assim, triplicou seus honorários, fotografando "cassacos" para o cadastramento nas frentes de trabalho. Comprou carro do ano, propriedade rural, e imóveis no centro da cidade. Pra ele uma benção. Foi nesse cenário que eu nasci.
                           Voltamos com o assunto.
                                                                        By Israel Vianney

In Memorian

           Este Blogueiro com Dr. Ubirajara Morais

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Biografia de Marly Marley de Toledo

          Marly Marley nasceu em Três Lagoas (MS) em 5 de abril de 1938, e, ainda pequena, mudou-se para Lins, no estado de São Paulo, cidade que adotou de coração. Formou-se professora e psicóloga. Porém, acabou não exercendo a profissão, vindo a dedicar-se àsartes. Em sua educação musical, aprendeu a tocar os instrumentos acordeão e piano, bem como teve também aulas de canto. Marly é católica.
        O carnaval sempre foi outra paixão de Marly. Ao longo de dez anos participou de gravações de folias carnavalescas pelo Brasil. Toda a experiência conferiu-lhe vários predicados artísticos e culturais. Ultimamente assinava a produção e direção de peças teatrais.
          Produziu e dirigiu peças teatrais, como o O vison voador. Integrou, também, junto com um corpo de veteranos da cultura musical brasileira, o jurado do Programa Raul Gil.
Foi casada por mais de quarenta anos com o humorista Ary Toledo.

                                                             Época do Teatro

      Trabalhou por quinze anos como vedete nos teatros de revista. Depois, participou de operetas com Vicente Celestino. Participou ainda de comédias com Dercy GonçalvesMazzaropi e José Vasconcelos.

                                                      Cinema e Televisão

    Em televisão, Marly passou por várias emissoras como TupiExcelsior, Rede Manchete, BandSBT e Record. No cinema, estrelou três filmes com Mazzaropi, e em duas produções estrangeiras, uma mexicana e outra alemã.
      Em 2008, Marly Marley participou do filme "Chega de Saudade", da cineasta Laís Bodanzky (autor de "Bicho de Sete Cabeças"), com roteiro de Luiz Bolognesi, um longa-metragem que trata do universo e dos personagens dos salões da época de ouro do rádio, teatro e televisão no Brasil. Na história, interpretou a personagem Liana3

                                                               Jurada musical

     Integrou por muitos anos o corpo de jurados do Programa Raul Gil de Raul Gil, trabalhando com o apresentador desde 1987. Com notável cultura, experiência e talento musical, é considerada a primeira dama da crítica musical brasileira.

                                                                                            Fonte: Site wikipedia

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

QUATRO BOCAS: O QUADRILÁTERO DO PECADO E DOS NEGÓCIOS.



Em Pau dos Ferros, num trecho que tem como referência o açougue municipal, na confluência das ruas Francisco Marçal com  Bevenuto Fialho, está localizada "As Quatro bocas", um quadrilátero rico em comércio ambulante, Bares, Feira livre, babados e confusões.... As quatro bocas é um livro aberto esperando ser editado. Ali, aconteceram e acontecem muitas histórias recheadas de Sexo, Farra e comércio dos mais variados. De l958 até meados da década de 2000, haviam muitos bares boêmios, alguns prostíbulos disfarçados e uma Fauna que transitava 24 horas por dia. Prostitutas,Alcóolatras, Policiais, Homens da alta sociedade em suas escapadas, Gays e clientes, se misturavam nesse ambiente fértil para a sociologia moderna. Na linguagem de hoje, posso batizar o bairro como Undereground. Entre os locais mais frequentados e de maior agitação estavam o bar de Dona ETELVINA, o CALDO DE DONA SALETE(Onde terminavam invariavelmente as melhores farras), O Gogó da Ema, O Barzinho de Dona Terezinha de Pedroca e o Randevú de  Dona Zita(ainda viva) mais recentemente o bar do cú.O auge da agitação acontecia entre a sexta feira à noite e o Sábado após a Feira livre, era uma região sem mordaça. As meninas Vendiam sopa (programa) e os "véi" saiam lisos e felizes....Era muita onda. Hoje tudo está mais controlado pela invasão do comércio formal, mas ainda há uma aura de nostalgia no ar.
                     Vianney

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

CARNAVAL EM PAU DOS FERROS


Os primeiros registros da farra momesca em terras pauferrenses datam do inicio da década de 1940, quando os bailes aconteciam no mercado público ou barracão. Eram festas muito animadas, onde tocavam as orquestras da cidade Martins ou de uiraúna (PB) para deleite dos foliões, movidos a bebidas fermentadas com abacaxi e pasmem lança-perfume, ainda liberada. Os rapazes jogavam bolas de cera, recheadas de água perfumada nas pretendentes e tudo corria na mais perfeita harmonia. 

O auge do carnaval em Pau dos Ferros, aconteceu no final da década de 1960 e durante toda a década de 1970. Era o maior carnaval da região oeste, com inúmeros blocos de rua e noitadas inesquecíveis nos clubes CCP e BNB.

         Em meados da década de 1980,algumas pessoas começaram a migrar para cidades litorâneas e em 1988, tivemos nosso ultimo carnaval. O fechamento e destruição do CCP – Clube Centenário Pauferrense, também foi um dos principais motivos para a desanimação do público, já que lá, aconteciam os melhores e maiores bailes. 

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

42 ANOS DO TÍTULO DO MATUTÃO


Pau dos Ferros, hoje, foi matéria no maior jornal impresso de nosso Estado, o Tribuna do Norte. Na coluna esportiva Apito Final, do jornalista Everaldo Lopes, lá estava estampado: 42 anos do primeiro Matutão, que teve como primeiro campeão Pau dos Ferros. SALVINO, TOINHO DE SULA, MANOEL DO DNOCS, ALDEMIR, DE ASSIS, BUTIJINHA, VARELA, CHIQUINHO, BOBÔ, EDÍLSON E DERVAL. Era esta a equipe fantástica do CCP - Clube Centenário Pauferrense - que venceu, no dia 9 de Janeiro de 1972, o torneio que reunia muitas cidades do RN. O interessante é que, um jornal da capital, distante, rememora o feito, mas por nossas plagas, não se tem conhecimento de nenhuma bexiga "assoprada" para comemorar tal data.

Na época, o campeonato estadual era disputado por equipes apenas da capital, e o Matutão, mais democrático, chegou a ser disputado por 80 equipes, uma verdadeira festa do futebol do RN, é tanto que, em 1972, se disputava a final do campeonato de 1971, eram uns 100 hectares de times. Souza, natural de Itajá, que jogou no América de Natal, Corinthians, Flamengo, São Paulo, Atlético-MG e na Seleção Brasileira, foi cria dos campos de terra deste torneio e vários outros que viverem e morreram no esquecimento. Viva nossos campeões! Viva nosso esporte! E que ambos passem a ser mais respeitados.

Por Manoel Cavalcante

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

CONFISSÕES DO OBELISCO



Eu não moro mais na rua
Da calçada de Lisboa,
Lugar que a gente fazia
Uma cachorrada boa,
Jogando conversa fora
Falando de gente atoa...

Na minh’alma inda ecoa
Lembranças daquela rua,
Palco em que brinquei de tica
Sob os olhares da lua;
Já são anos de distância
E a saudade continua...

Nesta fabulosa rua
Eu me criei sendo ruim,
Jogando pedra nas telhas,
Brincando em trave mirim
Apostando um e cinqüenta
Para chupar de din-din...

Eu me criei foi assim
Sem ter sofisticação,
Jogando o pião na terra
Depois botando na mão,
Guiando carro de lata
Amarrado num cordão.

Mas hoje, só tem mansão
Na minha rua querida,
Prédios belos, faraônicos
Em um crescer sem medida,
Nem parece aquele canto
Em que eu fui feliz na vida.

Vejo no tempo, perdida,
A forma tradicional.
Aquelas casas antigas
De teor escultural
Foram todas reformadas
Pelo progresso banal.

Eu até me sinto mal
Ao lembrar dessa mudança,
Me bate uma dor fervente
Queimando minha esperança
De ver de novo o cenário
Que brinquei quando criança.


Mas meu peito não se cansa
Insistindo em recordar
E eu lembrei  de uma história
Que ouvi naquele lugar,
Coisa que vale um tesouro
Difícil de avaliar.

Antes do sol se deitar
E a lua vir como vela,
Bem na cabeça do alto
Debruçada na janela,
Ficava Tita cantando
As canções do tempo dela.

Tita, era moça velha
Que na rua residia,
Gostava de conversar
E cantar a Ave Maria
Mesmo na hora em que a noite
Saudava a morte do dia.

E foi num lendário dia
Que bem na hora da janta
Eu desci para a calçada
De sua mãe, Dona Santa,
Para ouvir Tita Cantar
O que até hoje me encanta.

Numa hora sacrossanta
Tita depois de cantar,
Falou que num certo dia
Tinha ido conversar
Na praça com o Obelisco
E ouvir ele reclamar:

-Amiga, eu vou confessar,
Meu sofrimento é por dez...
Me botaram corretivo
Mijaram muito em meus pés
E eu sempre fiquei calado
Sem oferecer revés.

Dos meus filhos infiéis,
Poucos sabem que eu sou.
Há mais de 50 anos
Plantado aqui eu estou
E ninguém hoje calcula
O que isso representou.

Muito tempo se passou,
Mas poucos lembram do dia
Que eu nasci comemorando
Na mais profunda alegria
100 anos de município,
200 de freguesia.

Hoje eu sou como um vigia,
Pois minha altura, em verdade,
Faz com que eu presencie
Olhando em passividade
O que acontece nos quatro
Cantos de nossa cidade.

Confesso, que à divindade,
Dou muito agradecimento...
Ainda bem que meu Deus
Me fez assim de cimento
Porque com tudo que vejo
Morreria de tormento.

Se eu tivesse sentimento,
Veias, sangue, coração,
Eu já teria morrido
Da dor da decepção
Chorando a realidade
Dos filhos do meu torrão.

De cima eu tenho a visão
De um sofrer que desanima.
Se eu não fosse de concreto,
Do pé até lá em cima
Já teria derretido
Com a sequidão do clima.

Já contemplei sem estima
Aqui mesmo nessa praça,
Diversas bandas tocando
Enaltecendo cachaça,
Farra e prostituição
E o povão achando graça.

Vejo a perdição que abraça
A juventude atual.
Adolescentes de preto
Fumando no madrigal
Comemorando o velório
De uma morte cultural.

Vejo a vaidade imoral
Nos regendo todo dia.
Gente banhada de ouro
Na mais fina regalia
Cheia de roupas de grife,
Mas com a barriga vazia.

Carro zero em garantia
Mansão como monumento,
Tudo dando a impressão
Que está bancando o momento, 
Mas no fim das contas deve
Até promessa a jumento.

Da periferia ao centro,
A droga é como rotina,
Trocada por todo canto,
Vendida por toda esquina
Acabando com as famílias
Da mais ralé a mais fina.

No crack e na cocaína
Tem muita gente perdida
Jogando tudo no lixo
Como em ato suicida,
Ceifando sonhos nas curvas
Da rodovia da vida.

Em cada rua entupida
É feia a situação,
O trânsito está caótico
Carecendo de atenção;
Com acidentes por falta
De uma sinalização.

Além disso, sem razão,
Há uma grande impunidade,
Quem mata por brincadeira
Na irresponsabilidade,
Desfila de cara limpa
Na maior felicidade.

Mas o pior, na cidade,
É a política ao meu ver,
Famílias se abufelando
Pelas tetas do poder
Mamando por muitos anos
Vendo a pobreza crescer.

Brigam, brigam por poder,
Depois se abraçam de novo;
Com esse tipo de coisa
Juro que não me comovo
Porque no final da história
Só quem se lasca é povo.

O mesmo bendito povo
Que no tempo de eleição,
É comprado por remédio
Uma feira e um bujão
E sem opinião própria
Fica arrotando paixão.

Nas ruas, a multidão
Sem ter nada na cachola...
Na favela mil crianças
Vivendo de crime e esmola
Superlotando os barracos
E esvaziando a escola.

Vejo esse sofrer que assola
A cidade em todo plano.
Nos hospitais morre gente
Pelo descaso tirano,
Sendo com toda verdade
Como um matadouro humano.

Envolto no desengano,
Para não correr o risco,
Eu bradei: Tita, se cale!
Não conte mais nenhum trisco
Que já estou agoniado
Com essa história do Obelisco.

Por temer um maior risco
Ela decidiu parar
E me disse:-Só parei
Para não te amedrontar
Porque ele inda tem muita
Coisa pra me confessar.

Mas eu disse: -É bom parar
Que uma dor já me espezinha
E se eu for ficar pensando
Que essa cidade é a minha
Por muitos e muitos dias
Eu não vou dormir nadinha.

Tita ficou lá sozinha,
Eu dei tchau, dei um sorriso...
Ouvi isso tudo dela
E até hoje ainda friso
Que qualquer um me irrita
Se vier dizer que Tita
Era fraca do juízo.

POR MANOEL CAVALCANTE