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terça-feira, 23 de abril de 2013

BIOGRAFIA DE ANTÔNIO SOARES DE HOLANDA




Por Licurgo Nunes Quarto


Nascido a 01 de outubro de 1903, no sítio Dourados, localizado no Município de Portalegre, Região do Alto Oeste Potiguar.
Filho de Amaro Soares de Holanda e de Júlia de Holanda Cavalcante, percebeu, ainda jovem, que a atividade primária – a labuta na lavoura, no campo - onde auxiliava o pai na subsistência da família, não o levaria a uma independência financeira imediata, pois, já àquela época, trabalhar no campo, sem estudo, não dava perspectiva de um futuro melhor.
Foi então que, no ano de 1918, com 15 anos de idade, ainda adolescente, deixa a companhia dos pais e a vida bucólica que levava no sítio Dourados, que ele tanto gostava, onde viu iniciar seus primeiros passos e o fez aprender a amar a terra em que nascera, indo morar na Cidade de Pau dos Ferros, na casa de um amigo da família.
Com o firme propósito de se dedicar aos estudos e trabalhar em outra atividade que não fosse a agricultura, matriculou-se no centenário e lendário “Grupo Escolar Joaquim Correia”, quando se destacou como um aluno dedicado, inteligente e determinado, acima de tudo.
Com tal perfil, e com tantas qualidades, não teve dificuldade em iniciar logo uma atividade que lhe levasse a auferir rendimentos financeiros. Tanto é que foi convidado por Joaquim de Holanda, seu tio e proprietário de uma loja no comércio local, para trabalhar com ele. Passou então, não só a trabalhar, como também a morar na residência dele.
Concomitante ao trabalho na loja do tio, montou uma carpintaria e passou a fabricar móveis, aumentando os seus rendimentos. Da referida fábrica saíram, inclusive, os móveis que viriam, mais tarde, a mobiliar a sua própria casa, quando do seu casamento. Vale salientar que alguns desses móveis ainda hoje existem, resistindo ao tempo, segundo depoimento de um de seus familiares.
Com tamanha disposição para o trabalho, e com inegável tino comercial, progrediu, chegando a ponto de comprar a loja do tio, passando a gerir seu próprio negócio. Considerado um grande comerciante, sendo um dos mais prósperos e conceituados da cidade, foi proprietário de um estabelecimento comercial nos ramos de tecidos, estivas e miudezas.
Diversificando as suas atividades, enveredou para o comércio de compra de algodão em caroço, tendo, inclusive, montado uma fábrica de beneficiamento de algodão, que o transformava em pluma e exportava para o sul do País. Agregou valores ao algodão, quando fabricava óleo comestível, bem como fabricava “torta” de algodão e o “piolho”, que era a casca do caroço deste produto. Estas duas últimas mercadorias citadas serviam para a ração de ovinos, caprinos, muares e bovinos, pois são de grande palatabilidade para os animais, bem como possuem grandes valores nutrientes.
Tornou-se, então, um próspero empresário, contribuindo para com o progresso da cidade, bem como minorando o desemprego – eterno problema social que assola as cidades brasileiras – dando oportunidade de trabalho a muitas pessoas.
No serviço público foi tesoureiro da Prefeitura Municipal, na gestão de Francisco Dantas, primeiro Prefeito de Pau dos Ferros.
Agro-pecuarista, proprietário rural de uma grande gleba localizada à margem esquerda do rio apodi, a jusante da barragem de Pau dos Ferros, quase zona urbana, produzia, em seu engenho de cana de açúcar, rapadura, rapadura batida, mel e alfenim, iguarias nordestinas, e da melhor qualidade, sem falar no “caldo de cana” – garapa – de sabor inigualável e inesquecível.
Candidato a vice-Prefeito numa chapa encabeçada por José Fernandes de Melo, não obteve êxito, sendo derrotado.
Foi eleito Vereador da Câmara Municipal de Pau dos Ferros, com expressiva votação, tendo feito parte da mesa diretora na condição de Secretário.
Casou-se, no dia 24 de junho de 1926, aos 23 anos de idade, com Dona Maria de Souza Rego, que se tornou Maria do Rego Holanda. Ela com apenas 16 anos de idade. Conhecida por toda a Cidade como Dona Mariêta, era filha de Francisco de Souza Rego e de Tassiana Masiosina de Souza Rego, e nascida a 29 de julho de 1910.
Dona Mariêta faleceu a 06 de outubro de 1983, com 73 anos de idade.
Do casamento houve sete filhos, a saber:
José Edmilson de Holanda, casado com Terezinha Gondim Reginaldo de Holanda. Médico, formado pela Faculdade de Medicina do Recife – PE, no ano de 1954, nasceu em Pau dos Ferros a 18 de abril de 1927. O Dr. José Edmilson de Holanda, pauferrense dos mais ilustres, com inúmeros benefícios prestados à sua terra e ao seu povo, não somente na área médica, na assistência aos mais necessitados (haja vista que neste setor atuou por mais de três décadas) mas, e principalmente, na condição de administrador público, uma vez que exerceu as honrosas funções de Prefeito de Pau dos Ferros, em duas gestões ( a primeira de 31/01/1970 a 31/01/1973 e a segunda de 31/01/1977 a 31/01/1983), quando teve a oportunidade de trabalhar e ficar para a história da nossa Cidade como um dos Prefeitos mais honestos e operantes. Construiu incontáveis obras físicas, principalmente nas áreas de saúde e educação.
Zélia de Holanda, viúva de Mauri Lira de Andrade, ex-Vereador da Câmara Municipal de Pau dos Ferros por várias legislaturas.
Maria Zilmar de Holanda, foi casada com Raimundo Pereira da Silva.
Jeová de Holanda, comerciante, casado com Zuleide Lopes de Holanda.
Raimundo (Mundinho) Holanda do Rego, empresário do setor de transporte rodoviário, casado com Terezinha de Oliveira de Holanda.
José Tadeu de Holanda, solteiro e;
Maria Zuila de Holanda, solteira.

Amante da música e instrumentista nato, tocava trompa e “fole” (espécie de acordeão pequeno). Foi integrante, quando jovem, da banda de música municipal.
Gostava de dançar o “xote”, (dança de salão, de origem alemã com passos semelhantes aos da polca, difundida na Europa e no Brasil, onde é executada nos bailes ao som de sanfona). Em toda festa dançante em que participava, quer no barracão do mercado público, e depois com o advento do clube CCP (Clube Centenário Pauferrense), não era raro - e era quase sempre sistemático - a orquestra parar de tocar as músicas do repertório previamente elaborado e ensaiado, e ter que executar um xote para que Antonio Holanda dançasse a referida música, com todos os seus passos, evoluções e coreografias. Geralmente tinha como cavalheira a sua nora Zuleide Lopes de Holanda que, com ele, davam um verdadeiro show de dança.
Filantropo por natureza, participou, durante as décadas de 50 e 60, de todas as campanhas que visavam ajudar ao próximo, bem como trouxessem benefícios para Pau dos Ferros e seu povo. Tanto é que, com outros pauferrenses, batalhou para a construção do Patronato Alfredo Fernandes; construção da torre da Igreja Matriz; construção da Capela de São Benedito.
Fundador e 1º tesoureiro do Círculo Operário Pauferrense, que era uma entidade sem fins lucrativos e que prestava assistência ao homem do campo nas áreas de técnicas agrícolas, saúde e educação.
Sempre disposto a ajudar a igreja nas suas obras, estava solidário, quando solicitado, ao auxílio financeiro, principalmente na festa da Padroeira Nossa Senhora da Conceição.
Faleceu a 14 de junho de 1998, com 95 anos de idade.
Quando do seu falecimento, a Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte, bem como a Câmara Municipal de Pau dos Ferros, à unanimidade, consignaram votos de profundo pesar.
Eis, pois, caros conterrâneos, a biografia de mais um pauferrense que não deverá ser olvidado, pois em muito contribuiu para com o desenvolvimento e o bem estar de nossa terra e de nossa gente.

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