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quinta-feira, 24 de maio de 2012

A luta contra o problema secular



Seca, fome e saques são partes inseparáveis da história do Nordeste há praticamente três séculos. Em 1724, o capitão-mor da Província da Paraíba, João de Abreu Castelo Branco, escreveu ao rei de Portugal, dom João V, pedindo ajuda para enfrentar a seca que havia provocado uma onda de saques. O monarca respondeu afirmando que a ajuda seria inútil. "A causa da indigência e da miséria desses povos é a ociosidade ou a preguiça dos moradores", escreveu. A maneira de ver o problema mudou, mas poucas vezes os governantes chegaram a enfrentá-lo. Em 1877, durante uma das piores estiagens da história, metade da população de Fortaleza, na época em torno de 120.000 pessoas, morreu em conseqüência da fome e das doenças trazidas pelos retirantes. O imperador dom Pedro II, comovido, chorou com a notícia e prometeu vender "até a última jóia da coroa" para resolver o problema. Nomeou uma comissão para tratar do assunto. Das recomendações dos peritos, que incluíam da distribuição de terras à construção de ferrovias, a única que saiu do papel foi um açude.
No século XX, os governos militares foram os que mais se preocuparam com a seca. O presidente Emílio Medici fez uma visita de três dias ao sertão, em 1970, e voltou prometendo um pacote de medidas. Mas, segundo os especialistas, o que mais contribuiu para reduzir a catástrofe foi simplesmente a migração. Nos últimos vinte anos, a população na área mais atingida pelas secas caiu pela metade, diminuindo o número de flagelados em potencial. Até por isso, a seca nordestina não se equipara a outras grandes catástrofes da fome. Na Irlanda, no século passado, uma praga nas plantações de batata provocou uma grande fome que matou 1 milhão de pessoas e forçou outro milhão a emigrar. Na Etiópia, 7 milhões de pessoas morreram em 1984 por causa da fome provocada pela seca e alimentada pela guerra civil. O que esses fenômenos têm em comum é que todos são iniciados por uma catástrofe da natureza e agravados pela omissão humana.

(Revista veja de 05/05/1998)





A SECA DE 1970: IMPRESSÕES PESSOAIS.


Muito se comenta sobre a seca de 1970, coincidentemente foi o ano em que nasci(será que por isso sou tão magro?).Nesse ano aconteceu uma das maiores migrações de nordestinos rumo ao sudeste, principalmente para são paulo. Em algumas comunidades de nossa região, pessoas chegaram a comer "palmatória"(um parente próximo do cacto.).
Enquanto muita gente agonizava, na minha casa a situação era inversa: Foi o ano em que meu pai mais ganhou dinheiro. Como ele era o único fotógrafo da região com laboratório próprio, teve de se desdobrar para atender à enorme demanda de "Cassacos"(pessoas alistadas nas frentes de trabalho/emergência) que seriam fotografados para preencher a ficha cadastral. Em alguns dias foram fotografadas mais de 600 pessoas, inclusive em cidade do estado vizinho do ceará, como Ererê e Iracema. Com uma máquina na mão e vários rolos de filme preto e branco, papai comprou um fusca do ano e uma grande propriedade rural.

QUE IRONIA!!!!


Por Israel Vianney

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