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sexta-feira, 21 de junho de 2013

"É O BAIBAAAAA!"


Aliatá Chaves de Queiroz, Dr. Aliatá, o "Baiba"... Este era um ser humano daqueles de primeira remessa, daqueles originais, que Deus fez primeiro para que depois pudesse ser feito os outros. Um homem contrário aos clichês sociais, um doutor de chinela japonesa e camisa desabotoada, um médico sem a imponência do branco, uma pessoa do povo, desprovida de vaidades. Sem carro, sem mansão, sem palavreado culto e sofisticado, mas com amigos.

Aliatá formou-se em medicina em Manaus e por ter tido um convívio com os índios, pareceu desenvolver mais ainda sua pureza de alma, sua natividade humana. Enquanto médico, fazia com que o povo se sentisse à vontade à frente de seu birô, não havia distância, parecia ali ser uma conversa de "dois amigos", um querendo ajudar o outro, sem hierarquia. Atendia de graça na sua casa e lembro-me de algumas consultas que fiz com ele levado pelo meu pai, quando no fim delas sempre havia a pergunta: -Quanto é, Aliatá? E ele respondia com um sorriso brando: -Alguma vez eu já lhe cobrei alguma coisa? E assim era com todo mundo. Existem muitas respostas emblemáticas do velho "Baiba". Aliás, este apelido de tão popular corre o mundo; está registrado no livro "Dicionário do Papa-Jerimum - Apelidos e pseudônimos do Século XVII ao XXI", do pesquisador Gutemberg Costa, no qual explica sua origem. Ainda reza a lenda que nos anos de suas campanhas políticas, em São Paulo havia ruas inteiras em que morava pauferrenses, com bandeiras e cartazes com sua foto e nome. Ele era um fenômeno. Longe de qualquer partido, longe de qualquer mandato, era acima de tudo simples, humilde e humano. Vale até à pena dizer que no meio de tanta falcatrua, no meio de tanta coisa "atravessada" na política, ele não nasceu para ela. Ele nasceu para o povo.

O povo pauferrense perde um exemplo de humildade, perde um exemplar de caridade, perde um revolucionário, perde quem poderia ter aproveitado melhor. Adeus, BAIBA. Seu nome ainda há de ser gritado por um trabalhador simples, por um pobre na periferia, seu nome é uma prece pelos mais necessitados!

Por Manoel Cavalcante

5 comentários:

  1. Muito digna essas palavras,quem as escreveu falou com sabedoria e veracidade.Ele era exatamente assim um Gentleman sem paletó.

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  2. Excelente texto poeta, que por sua naturalidade e veracidade das afirmativas é de muita gratificação para o povo pau-ferrense em especial aos familiares de Dr. Aliatá e, parabéns ao poeta por ter feito em poucas palavras tamanha homenagem a esse homem que já tendo ido para outras dimensões será digno de sempre ser lembrado como "O FENÔMENO" de sandálias japonesas. Tive o privilégio de conhecê-lo pessoalmente e afirmo que é tudo isso que foi dito sem o mínimo de exagero e hoje assim como os pau-ferrenses também digo: ADEUS BAIBA!

    Rarisvaldo

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  3. Parabéns ao Manoel Cavalcante pela pertinência do texto, pois retrata fielmente a pessoa do ilustre profissional, o Dr. Aliatá, que de agora em diante ficamos privados de seus préstimos, dos quais não havia distinção para quem o procurava.
    Fim da lida nesse plano terreno, de uma vez que precisamos compreender os desígnios de Deus e aceitar que tudo e todos tem princípio, meio e fim ou então acontecerá uma metamorfose. O certo é que nada e nem alguém é para sempre.
    Compartilhando da lacuna que ora Pau dos Ferros passa a ter.
    Meu abraço de solidariedade aos familiares.

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  4. Sábias palavras a respeito do médico amigo do povo. Com certeza ele será sempre lembrado pelo bem que fez. Longe da nata da sociedade assim falando..mas querido e muito amado pela população pau-ferrense e também por todos que, mesmo distante ouviu alguma de suas histórias..Domiciana

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  5. Dr. Aliatá está agora n'outro oriente e todo o bem que ele fez aqui será contabilizado, era um homem de aparência dura mas seu coração era bom. Pau dos Ferros perdeu muito mais que um médico!!!

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