Francisco Monteiro de Oliveira, Chico Monteiro, poeta nato, repentista tarimbado de sua geração. Nasceu em Catolé do Rocha-PB, no dia 06 de agosto de 1906 e faleceu no dia 21 de agosto de 1981, aos 75 anos, vítima de problemas cardíacos. Foi radicado em Pilões-RN, onde teve a maioria de seus filhos e por último, em Pau dos Ferros. Foi pai de 10 filhos, fruto do matrimônio com Maria das Neves Fontes, a querida Dona Nevinha.
Cantador repentista, Chico Monteiro mesmo depois de muitos anos de sua morte, ainda é aclamado pelos poetas Brasil a fora. Sua casa, em Pau dos Ferros, era pousada certa de vários gênios da profissão como os Irmãos Batistas - Dimas, Otacílio e Lourival - Chico Pedra, Moacir Laurentino, Inocêncio Gato etc. Conta-se que ele chegou a hospedar de 30 a 40 cantadores em sua casa na esquina da rua 13 de Maio com a Joaquim Torquato e em mais outras casas que ele possuía na rua 13 de maio. Os poetas vinham em lombo de animais e depois passaram a vir de misto, meio de transporte usado naquela época. Abaixo, foto ilustrativa do misto:
Na boca do povo e no imaginário popular, ainda correm seus versos... Um deles é a famosa estrofe da lagartixa, mas que é bastante atribuída, segundo a bibliografia, ao antológico cantador natural de Luís Gomes-RN, Ercílio Pinheiro. No entanto, segundo muitos apologistas de nossa cidade, a estrofe pertence ao velho Chico Monteiro e é justamente esse um dos problemas de nossa literatura, o registro, a comprovação, os cordéis de antigamente sofriam bastante com isso, até o Pavão Misterioso foi atribuído a mais de um autor, hoje ainda existe esse tipo de querela, porém em menor escala, uma vez que há muitos meios de registro de autoria. Todavia, deixemos o blablabla de lado e vamos a estrofe... No calor do improviso e da genialidade, em uma certa cantoria numa residência, supostamente aqui em nossa cidade, caiu uma lagartixa do teto da casa e Chico lapidou a seguinte joia:
Caiu um bicho da telha
Por certo é uma lagartixa,
O senhor dono da casa
Pegue o pau e mate a bicha
Que é carne que não se come
E couro que não se espicha.
Existem variações nos primeiros versos difundidos no meio oral, mas a essência do improviso é o que não se pode passar batido. Outra estrofe famosa, essa não se tem dúvida de sua autoria, é a que fala da cidade de São Francisco do Oeste-RN. Numa viagem, uma excursão de cantadores, vinham em debate poético, dizendo seus versos e Chico Monteiro foi insultado e desafiado em versos por um cantador de lá quando chegou na referida cidade dando sua ácida resposta:
O nome dessa cidade
É São Francisco do Oeste
Faz 45 anos
Que eu conheço essa peste
Tem nome de São Francisco,
Mas num tem nada que preste.
Lembrando que o poeta não tinha nem construía nenhum sentimento de ojeriza contra a pequena e hospitaleira cidade do Alto Oeste Potiguar, tudo era feito no calor do improviso, para arrancar aplausos dos presentes, e as ofensas disparadas nesse embate a ferro e fogo, munidas de palavra e genialidade, findavam no parar do toque das cordas da viola.
Chico Monteiro, como quase todos os outros, é mais um gênio esquecido, e muito mais por não ter deixado nada escrito nem registrado, todos os seus versos pulam de boca em boca na tradição oral. Foi pescador, foi poeta, conseguiu capturar com as mais variadas iscas, peixes e estrofes que lhe garantiram o pão e o colocaram na mente do povo. Um salve para os que o festejam. Viva ao mestre Chico Monteiro.
Por Manoel Cavalcante
Meu avô querido poeta nato Saudades deste homem lindo
ResponderExcluirEste era meu avô querido alegre e acima de tudo muito amada Saudades
ResponderExcluirMeu querido avô, infelizmente nasci em 1984 e ele desencarnou em 1981. Conversando com meu Pai Antônio França a história da Lagartixa aconteceu em uma residência na cidade de Encanto ontem ele estava fazendo uma cantoria.
ResponderExcluirObrigado aos familiares do poeta, a cultura e o blog agradece, inclusive, ao neto Antônio Rodrigues, que desvendou caminhos do verso da Lagartixa. Conversando com Badinho, ele me garantiu que a estrofe era de Chico Monteiro, pois os homens de antigamente, "que não mentiam" como ele destacou, Tinô Estevão, Luiz Estevão, todos diziam que a estrofe da Lagartixa era de Chico Monteiro, embora em alguns livros atribuam a Ercílio Pinheiro, prefiro acreditar na tradição oral, mas no fim de tudo o que vale é preservação de nossa cultura. Viva! Um abraço em todos!
ResponderExcluirQue orgulho do meu bisavô. ..avô do meu pai. Não o conheci pessoalmente mas sei que era muito especial!!
ResponderExcluirAo meu querido avô. Que se faça jus a sua memória e talento!
ResponderExcluirOrgulhoso d sua história.
meu querido e amado avô,lembro de quando me chamava mas feiras de pai dos ferros (jamais irei esquecer) saudades
ResponderExcluirQue linda a história do meu bisavô, pena que não cheguei a conhece ló.
ResponderExcluirMeu avô lembro muito dele fazendo tarrafa e tomando cerveja
ResponderExcluirSinto muita saudade de meu pai era viuvo qdo casou com minha mãe trazia 04 filhos com minha mãe teve 13 filhos criou 11.
ResponderExcluirSinto muita saudade de meu pai era viuvo qdo casou com minha mãe trazia 04 filhos com minha mãe teve 13 filhos criou 11.
ResponderExcluirMeu tio avô era um poeta que legal.
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