CAUSOS

• Os fatos a seguir foram tirados de uma sinopse sobre Pau dos Ferros escrita no ano de 1956 pelo Sr.: Alberto Mendes de Freitas. Vale a pena relembrar.

• O nosso matuto prima pela maneira respeitosa de falar. Sempre que de modo pouco elogioso, tem de referi-se a um falecido, o faz deprecando religiosamente: "Deus tape-lhe as ouças, mas..." - então propala o que é desagradavél poderia parecer ao finado.

•  Outra característica do homem do sítio, a esse respeito, é a vênia solicitada ao interlocutor, quando não julga decente uma palavra a proferir. "Com licença da palavra" é a expressão habitual. A propósito conversávamos com um amigo e lhe interrogámos o número de filhos: "Tenho dez, e com licença da palavra, Dr., a mulher lá em casa tem outro para nascer". - Para alguns, falar sôbre gravidez não é muito decente.

•   José Carlos, alcunhado de Zé Troncha, também já falecido, foi sacristão dos mais compenetrados. Após os casamentos realizados na Matriz , saia de braço com a noiva até o patamar, onde se despedia invariávelmente com seu "Viva os noivos!", segredando-lhes em seguiida: "No ano vindouro tragam o menino para batizar". - Era inteligente profissional.

•  Em 1936, fundou-se uma sociedade destinada à compra do primeiro rádio instalado na cidade, cujas sessões de escutas motivaram inúmeros comentários, como o do Sr. João de Aquino, Coletor Federal, hoje aposentado; "O danado começa a falar na "sala da frente", mas vai fastando de costas, que com pouco está falando lá no "terreiro da cozinha"..." - Tratava-se de um rádio a pilha sêca, de onda muito instável.