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terça-feira, 22 de junho de 2010

A ELEIÇÃO DAS PEDRAS

             Faltando pouco tempo para as eleições estaduais, trouxe para vocês um fato marcante na história do nosso município e que andava um pouco adormecido. Esse fato aconteceu no ano de 1872, em  razão da política aldeã, que fez do homem pauferrense um dos mais dedicados à política partidária. Corriam as primeiras décadas da emancipação municipal. Dois grupos políticos disputavam a chefia do município: Rêgos e Fernandes, ou conservadores e liberais. A eleição para juízes de Paz e Vereadores havia sido determinada para o 1º Domingo de Outubro de 1872. Instalou-se na Igreja Matriz a junta Paroquial, presidida pelo 3º Juiz de Paz Galdino Procópio do Rêgo. Durante 15 dias, os eleitores iam e vinham sem que deles se notificasse os votos. O motivo do empecilho não conseguimos descobrir, por se tratar de uma data muito remota. Mereceu a junta o protesto dos Fernandes, liderados pelo 1º Juiz de Paz Childerico José Fernandes.
A discussão degenerou-se em violenta pancadaria no recinto da matriz. No lado de fora os grupos eleitorais travaram duradoura luta. Na refrega armaram-se de pedras, único material bélico ao alcance das mãos. Muitos foram os feridos e grandes foram os prejuízos causados à Matriz. Cessado o combate, a junta paroquial fez cercar a Igreja por um grupo armado de clavinotes, prevenindo a repetição do ataque. Os Rêgos foram encerrar a eleição no sítio Logradouro, quando à meia noite recolheram os últimos votos de seus eleitores num chapeú improvisado em urna. A referenda da instância superior foi favorável aos Rêgos, ou porque o governo da província lhes fosse simpático ou porque suas razões tenham sido obscuras propositalmente silenciadas pela Câmara ao apreciar o pleito. Selava-se assim o definitivo resultado do pleito, independente de vícios e mazelas a ele atribuídos, mas indefeso à malícia da crítica profunda que o incorporou ao arquivo da história oral, tombado pitorescamente de "A Eleição das Pedras".
                       
 Israel Vianey.               

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