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segunda-feira, 11 de junho de 2012

HECATOMBE DE DEZENOVE



Caros leitores, atentem,
Para o que eu vou relatar
Sobre Joaquim Correia
Conforme eu posso afirmar,
Por ter lido nos jornais
E em livros de outros locais
Um fato bem singular.

No ano de Dezenove,
Pau dos Ferros, na história,
Teve um acontecimento
Cheio de sangue e sem glória
Algo no tempo marcado
Para sempre registrado
Nos arquivos da memória.

Se reuniram um dia
Num encontro, em brevidade,
Na casa de José Ayres,
Homens de rivalidade
Como falsa propaganda
Para tratarem da banda
De música da cidade.

Houve esse primeiro encontro,
Porém foi só no segundo
Que aconteceu o desfecho
Num crime muito profundo
Parecendo, em esparrelas,
Na maldade com aquelas
Grandes batalhas do mundo.

A pauta era os instrumentos
Da banda municipal,
Mas por trás dessa temática
Havia um alvo central
Que foi a maldade feia
De matar Joaquim Correia
Seguindo os mandos do mal.

Começou a discussão
Se aguçando os sentimentos
E Joaquim Correia disse
Quem pagou os instrumentos
Por ter os nomes na lista
E propôs muito otimista
A solução dos intentos.

 Propôs que quem deu dinheiro
Ficasse com os instrumentos
Ou quem quisesse ficar
Desse ali os mesmos tentos,
Porém não houve harmonia
No que ali se decidia
Só piorando os momentos.

Mandaram que os instrumentos
Fossem todos divididos,
Por haver ali pessoas
De diferentes partidos
Os ânimos se acirraram
E à matança se entregaram
Como maldosos bandidos.

Seu Martiniano Rêgo
Cumprindo um feio papel,
Com uma faca na mão
Quis matar o Coronel,
Mas matou neste momento
Cecílio do Nascimento
Que fez defesa fiel.

O senhor Francisco Dantas
Envolto na mesma teia
Quis dar uma punhalada
Também em Joaquim Correia,
No entanto, Manoel Justino
Também foi defensor fino
Morrendo pela alma alheia.

Manoel Justino era
Genro do bom coronel
E foi tentar defender
De mais um golpe infiel;
Por má sorte, infelizmente,
Caiu morto em sua frente
Num golpe muito cruel.

No palco daquela guerra
Existiu grande alarido,
Joaquim Correia viu
Seu genro muito ferido
Quis ainda lhe acudir
Querendo dali fugir
Porém ficou aturdido.

 Quando ele, de seu genro,
Viu ali o ferimento
Chegou nessa mesma hora,
O juiz em bom momento;
Doutor Régulo Tinoco
Pra lhe tirar do sufoco
E lhe livrar do tormento.

Quando os dois iam saindo,
Por pura infelicidade,
Ao cruzarem o batente
Viram rifles à vontade
Todos ali apontados
Justamente preparados
Pra matarem por maldade.

Gritaram: “Este é o homem,
Atirem que ele é o ruim!!”
Visando Joaquim Correia,
Mas o doutor disse assim:
“Sou juiz dessa cidade
E esse homem, na verdade,
Vai garantido por mim”.

Já na casa do juiz
Soube notícia indiscreta
Que a polícia ali tinha
Baleado sua neta
E que Pascoal Ayres tinha
Morrido naquela rinha
Pela polícia incorreta.

Pascoal Ayres quando viu
O seu pai apunhalado
Por Martiniano que
Proferiu um golpe errado,
Ali não quis nem demora
E naquela mesma hora
Lhe fez logo assassinado.

Nesse momento foi quando
Houve ali grande mazela,
A polícia atirou tanto
Que ele pulou a janela,
Porém teve o desconforto
Porque logo caiu morto
Com um tiro depois dela.

 Morreu assim Pascoal Ayres
Por traição do destino,
Assim como seu Cecílio
E seu Manoel Justino
Nessa batalha maldita
Que na história está escrita
Como episódio ferino.

Ficou claro para todos
Que viviam na aldeia,
Que isso foi armação,
Uma malograda teia,
Com a intenção infiel
E a sede louca e cruel
de matar Joaquim Correia.

Este é episódio que
Da história não se remove,
Que aos parentes silencia,
E que os críticos comove
Feio e ruim como uma Kombi,
Tendo por nome: Hecatombe
Do ano de dezenove.

Com este fato Joaquim
Correia achou ideal
Sair de nossa cidade
Por ter clima desigual,
Assim temendo os complôs,
Com poucos dias depois
Foi “simbora” pra Natal.

Por Manoel Cavalcante

Um comentário:

  1. Magnífico, Manoel!!!
    Aprecio demais o cordel. E principalmente os que retratam os acontecimentos históricos! Vocês, cordelistas têm o dom maravilhoso de retratá-los em versos...
    Parabéns.

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