Entre outras pérolas, livro póstumo de Deífilo Gurgel reúne mais de
300 romances cantados e declamados por vários mestres, como Dona
Militana. Foto Alex Régis – Tuna do Norte
A Coleção Cultura Potiguar, que reúne os mais diversos temas da
literatura norte-rio-grandense, da Secretaria Extraordinária de Cultura
do RN e Fundação José Augusto (Secultrn/FJA) terá mais uma obra entre
seus títulos. Dessa vez, uma das mais ilustres: O Romanceiro Potiguar,
que será lançado na próxima quarta-feira (18), no Palácio Potengi –
Pinacoteca do Estado, a partir das 19h. O livro será adquirido ao preço
de R$ 40. O Romanceiro Potiguar é uma obra inédita do folclorista e
pesquisador Deífilo Gurgel – falecido em fevereiro deste ano – fruto de
uma pesquisa realizada entre as décadas de 1980 e 1990 e que reúne um
dos mais ricos apanhados da oralidade dos romanceiros, tanto de origem
Ibérica quanto brasileira. O livro conta com ilustrações do presidente
do Conselho Estadual de Cultura, Iaperi Araújo.
De acordo com Alexandre Gurgel, que em algumas viagens ao longo dos
dez anos de pesquisa acompanhou o pai, Deífilo Gurgel conversou com
muitas pessoas para a elaboração d´O Romanceiro Potiguar, como por
exemplo, seu Atanásio, detentor deste saber popular e pai de outra
conhecida romanceira, Dona Militana, que também figura na pesquisa,
dentre muitos outros. Com esse feito, andando de norte a sul pelo
Estado, Deífilo Gurgel conseguiu compilar romances que fazem parte do
cancioneiro popular, desde as origens Ibéricas (da Espanha e Portugal),
passando pelos romances Religiosos, do Cangaço, da Caatinga e da
Pecuária. “Ele viajou o Estado inteiro e conseguiu reunir uma obra que
preserva pelo menos cinco origens de Romances. E o mais importante desse
trabalho é que ele conseguiu colher versões inéditas de alguns
romances”, informa o filho.
Para a secretária Extraordinária de Cultura, Isaura Rosado, O
Romanceiro Potiguar dignifica o plano editorial do Governo do Estado
conduzido pela Secultrn/FJA. “Deífilo pesquisou em sítios, vilas,
povoados, nos espaços mais distantes do RN, seu trabalho é reconhecido
para além do solo potiguar. Pensando em cultura de tradição, a
assessoria de Deífilo sempre foi imprescindível. Digo isso para atestar
minha admiração enquanto gestora, ao pesquisador, amigo, estudioso da
cultura popular. Digo isso para expressar o quanto nos orgulhamos de
Deífilo e o quanto as gerações que nos sucederem serão gratas a ele pelo
registro e proteção às nossas raízes”, disse ela em apresentação da
obra.
O poeta e membro da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, Paulo de
Tarso Correia de Melo, é quem faz a abertura do Romanceiro Potiguar, a
convite do próprio Deífilo Gurgel e em determinado trecho, revela o
apuro e dedicação deste que, certamente, foi um dos maiores estudiosos
da cultura popular no RN e no Brasil: “O milagre é o mesmo de seus
outros livros de pesquisa folclórica. A documentação precisa e
conscienciosa de sempre. O relacionamento exato de fontes, lugares e
datas da situação de pesquisa. Desta vez quero realçar o registro de
saborosíssimos epílogos prosificados e por vezes prosificações completas
de romances registrados acuradamente”.
O trabalho e pesquisa de Deífilo Gurgel foi realizado de maneira
solitária, já que não conseguiu bolsistas ou outros interessados na
pequisa. E assim, aos 70 anos, Deífilo Gurgel de dispôs a “cansativas”,
porém “gratificantes” viagens pelo Rio Grande do Norte “à cata das
últimas pepitas desse fabuloso tesouro, representadas pelas quase
trezentas versões de romances, que coletamos nas mais diversas regiões
do nosso Estado, dos romanceiros peninsular e brasileiro”, escreve o
próprio pesquisador em seu livro, agora póstumo.
Deífilo Gurgel e a romanceira Dona Militana
O livro é constituído das seguintes divisões: Romances Ibéricos e
Romances Brasileiros, que se subdividem-se da seguinte forma: Romances
Palacianos, acontecidos entre a nobreza europeia; Romances Religiosos ou
Sacros, que falam da vida de Jesus e de episódios ocorridos na vida de
santos do catolicismo; Romances Plebeus, da gente do povo; Romances da
Pecuária, que contam a vida de bois legendários: Boi Espácio, Boi
Misterioso, Boi Surubim; Romances do Cangaço, relatos da vida e da morte
de valentões sertanejos, desde épocas remotas: “Zé do Vale”, “O
Cabeleira” e vários outros; Romances Burlescos, encenados outrora em
teatrinhos mambembes e circos de cavalinhos. Ao todo são 330 versões de
romances ibéricos e brasileiros.
Assessoria de Imprensa Secult-RN/FJA
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