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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A GELADEIRA E O 24 DE AGOSTO DE 1954!





Por Licurgo Nunes Quarto

O dia 24 de agosto de 1954 – é para nós, brasileiros, um dia que ficou para a história. É que essa data registra a morte – suicídio – do gaúcho de São Borja e Presidente da República Getúlio Dornelles Vargas. Há, portanto, 60 anos!
Esse fato - que tomou repercussão mundial sem precedente, e que levou o nosso País a uma crise institucional - culminou com a posse do norte-rio-grandense - o então vice-Presidente - João Café Filho na Presidência da República! 
Nesse mesmo ano de 1954 - e na mesma data, 25 de agosto - ocorreu um outro fato que nos marcou, a nós familiares, e serviu de divisor, não somente pelo ineditismo, mas, e sobretudo, pela visão futurista do meu pai, o Desembargador Licurgo Nunes.
Vivíamos em uma Pau dos Ferros ainda pequena, embora já se destacando na região como uma cidade polo.
Os serviços básicos e essenciais inerentes a qualquer urbe – como água encanada, saneamento, rede pública de saúde - ainda não existiam, onde a energia elétrica era oferecida de maneira embrionária e deficiente, haja vista que era gerida através de um motor à explosão, movido a óleo diesel, e cuja oferta limitava-se ao horário das 18 às 22:00 h. A partir daí, o referido gerador era desligado, levando a cidade e seus concidadãos ao blecaute. Antes de desligar o motor gerador de energia – e até mesmo para prevenir a população no sentido de preparar “lamparinas” para suprir a escuridão, bem como avisar aos notívagos, rapazes, moçoilas e boêmios de que a energia ia ser desligada - o eletricista encarregado de efetuar tal operação avisava da iminência desse ato. Realizava rápidos cortes de energia – a que se convencionou chamar de “sinais” - em número de três e com intervalo de dez minutos entre um e outro. Ao cabo do terceiro “sinal” a energia era desligada. 
Como não existia energia elétrica durante o dia – não tendo, por conseguinte, como manter conservados em refrigeração adequada - carnes, peixes e aves frescas eram adquiridas diariamente em açougues, em pequenas porções, ou teriam que ser salgadas para que se mantivessem preservadas as suas condições de consumo. 
Foi então que o Desembargador Licurgo Nunes, em viagem a Natal, encontrou, para venda, na firma “Severino Alves Bila”, uma geladeira movida a querosene, de marca “Gelomatic”, apropriada para ser utilizada em localidades (cidades, distritos, fazendas, casas de campo ou de praia) onde inexistisse o fornecimento de energia elétrica de forma contínua, as vinte e quatro horas do dia. Havia um tangue na parte inferir do refrigerador onde se acondicionava o citado combustível. O querosene – de marca “Jacaré” - vendido em latas de 18 litros - passou a ser um item obrigatório na nossa residência.
Com a chegada da citada geladeira, passamos a consumir uma água geladinha, bem assim começamos a desfrutar de todos os benefícios que ela proporcionava, tais como picolés e sorvetes e tantas outras iguarias advindas da utilização de um refrigerador. Carnes, aves e peixes passaram a ser conservados sem a necessidade de salga-los.
Foi a primeira casa – em Pau dos Ferros - a contar com uma geladeira; e isso causou grande admiração e curiosidade. 
Daí eu ter dito, no início, que a data de 24 de agosto marcava o aniversário de dois fatos marcantes: a morte de Getúlio Vargas e a chegada da primeira geladeira em Pau dos Ferros!

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